C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 3. Fisiologia de Órgãos e Sistemas |
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TREINAMENTO AERÓBIO TRAZ BENEFÍCIOS HEMODINÂMICOS E ESTRUTURAIS PARA O SISTEMA CARDIOVASCULAR DE RATOS IDOSOS ESPONTANEAMENTE HIPERTENSOS (SHR). |
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Rene Rogieri Caffaro 1 |
Raphael Augusto Fernandes Oliveira 1 |
Sandra Lia do Amaral 2 |
Marcos Vinicius C. Baldo 1 |
Lisete Compagno Michelini 1 |
Luciana Venturini Rossoni 1 |
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(1. Fisiologia e Biofísica - ICB, Universidade de São Paulo / USP; 2. Escola de Educação Física e Saúde - UNESP, Bauru) |
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INTRODUÇÃO: |
A hipertensão arterial (HA) é uma patologia multifatorial que se caracteriza por apresentar valores elevados de pressão arterial (PA) associada a alterações estruturais e/ou funcionais de órgãos alvos como rim, coração e sistema vascular. A HA está freqüentemente associada à alta morbidade e mortalidade, e ocorre com incidência bastante elevada na população adulta (15-20%). O tratamento dessa patologia pode se fazer tanto farmacologicamente como através de medidas higiênico dietéticas. Dentre essas, grande importância tem sido dada a prática regular de exercícios físicos leves e moderados.
O principal mecanismo envolvido na gênese e/ou manutenção da HA é um aumento na resistência vascular periférica. Esse aumento pode estar associado à redução da angiogênese em arteríolas e capilares e ao remodelamento arteríolar devido a um aumento da razão parede/ luz. O TF poderia agir alterando os mecanismos de rarefação vascular, induzindo a angiogênese e modificando a razão parede/ luz das arteríolas o que levaria a uma queda dos níveis pressóricos.
Grande parte das alterações funcionais e estruturais encontradas durante o envelhecimento e a HA são bastante similares. Assim, como poucos são os trabalhos realizados com animais idosos e principalmente idosos e hipertensos, uma outra questão adicional seria qual o efeito do TF em indivíduos idosos e hipertensos. Sabendo-se que em um futuro não muito longínquo grande parte da população será classificada como idosa e a terapêutica medicamentosa para o tratamento da HA leva a muitos efeitos colaterais que deterioram a qualidade de vida dos mesmos, a busca de mecanismos que induzam uma melhor qualidade de vida destes pacientes justifica o empenho em se estudar os mecanismos pelos quais o TF agiria nesses pacientes.
Com base no exposto acima este estudo teve como objetivo avaliar se o TF aeróbio é capaz de alterar a pressão arterial (PA) em animais normotensos e hipertensos idosos, assim como, caracterizar os mecanismos vasculares periféricos pelos quais o TF é capaz de modular a PA.
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METODOLOGIA: |
Foram utilizados ratos machos espontaneamente hipertensos (SHR) e seus controles, ratos Wistar Kyoto (WKY), divididos aleatoriamente em 4 grupos: WKY sedentários (WKYs) e treinados (WKYt); SHR sedentários (SHRs) e treinados (SHRt), com 1 ano e 9 meses no início dos experimentos. O TF de longa duração foi realizado em esteira ergométrica durante 1h/dia, 5dias/semana, por 13 semanas. Utilizou-se o protocolo de treinamento aeróbio de baixa intensidade (60% da carga máxima atingida no teste de esforço). Na 6ª e na 12a semana de treinamento, fez-se novamente o teste máximo de esforço e a velocidade de treinamento foi reajustada.
A capacidade máxima (CM) dos animais foi avaliada de forma indireta através de teste máximo de esforço utilizando um protocolo escalonado, com incrementos de 0,2 km/h a cada 3 minutos, iniciando com 0,3 Km/h. A carga máxima foi considerada aquela na qual o animal não conseguiu mais correr espontaneamente.
Ao final do TF a artéria carótida direita foi canulada e 24 horas após a recuperação do estado anestésico, foram feitas medidas de pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial diastólica (PAD) e freqüência cardíaca (FC) com os animais em repouso e durante um teste de exercíco escalonado. Ao final os animais foram profundamente anestesiados e sacrificados para a coleta dos tecidos e a serem analisados. Os tecidos analisados (grácil e temporal) foram processados para as análises com microscópio óptico, com coloração de HE.
Os resultados foram apresentados como média EPM. As análises estatísticas dos dados foram feitas por variância (ANOVA), uma ou duas vias, medidas repetidas ou completamente randomizada, seguida pelo teste post-hoc de Tukey de acordo com o protocolo desenvolvido. Valores de p<0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
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RESULTADOS: |
Os valores de PA e FC nos SHR foram maiores, quando comparado aos WKY (PAS: 204±6 vs. 1375 mmHg; PAD: 1666 vs. 1066 mmHg e FC: 433±12 vs. 34332 bpm; P<0,05). O TF induziu uma diminuição da FC de repouso no grupo SHRt para níveis iguais aos WKY (3618 bpm), e da PA dos SHRt (PAS: 1797 mmHg; PAD: 1494 mmHg, P<0,05 vs. SHRs). O TF aumentou a CM nos dois grupos (WKYt: início 90±2,39 vs. final 156±7,04m e SHRt: início 127±2,93 vs. final 227±3,97m; P<0,05). Durante o exercício escalonado, a FC e a PAS aumentaram em todos os grupos, porém foram significativamente mais baixas nos SHRt, comparados aos SHRs, devido a seu início em valores menores (vide repouso). O slope da PAS foi maior nos WKYs quando comparados aos WKYt (0,016 vs. 0,003 respectivamente; P<0,05) e a FC não foi diferente nos WKY. O slope da PAD nos grupos sedentários foi positivo (WKYs: 0,022 e SHRs: 0,047), enquanto nos grupos treinados foi negativo (WKYt: -0,030 e SHRt: -0,044) P<0,05 treinados vs. sedentários.
Os SHRs idosos não apresentaram diferenças significativas no número de capilares no músculo grácil, músculo exercitado durante o TF, quando comparados aos seus respectivos controles (WKYs). Já o TF aumentou a razão capilar/fibra no músculo grácil (WKYs: 0,80±0,01 vs. WKYt: 0,98±0,04 e SHRs: 0,89±0,04 vs. SHRt: 1,24±0,02; P<0,05). A razão parede/luz das arteríolas no músculo grácil foi maior nos SHRs vs. WKYs (0,67±0,03 vs. 0,35±0,05 respectivamente; P<0,05), e o TF não modificou esta variável nos WKY e foi capaz de normalizar esse aumento nos SHR (SHRt: 0,49±0,04; P<0,05 vs. SHRs e P>0,05 vs. WKYs).
No músculo temporal, músculo não exercitado durante o TF, não se observou diferença significativa entre os grupos sedentários, treinados, hipertensos e normotensos, nem com relação à razão capilar/fibra, nem com relação à razão parede/luz das arteríolas.
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CONCLUSÕES: |
O TF por 13 semanas induziu a uma melhora da capacidade física dos grupos treinados, a qual parece estar associada a um aumento da capilarização na musculatura exercitada em ratos idosos treinados, tanto hipertensos quanto normotensos. Esses dados são semelhantes aos apresentados por Amaral et al e Melo et al em ratos jovens normotensos e hipertensos.
Por outro lado, o TF foi eficaz em reduzir os níveis de PA e de FC de repouso nos SHRt comparados aos SHRs. Pode se aferir que alguns fatores que contribuem para a diminuição da PA nos SHRt, são a diminuição da razão parede/luz das arteríolas da musculatura exercitada e a diminuição da FC de repouso. O remodelamento arteriolar gera uma diminuição significativa da resistência vascular, devido ao aumento relativo de seu raio, uma vez que a resistência é inversamente proporcional à quarta potência do raio. A queda da FC está relacionada com a diminuição da atividade simpática e/ou a queda na FC intrínseca do coração. Sabe-se que a PA = DC x RVP, assim, com o remodelamento arteriolar, pode se sugerir que exista uma diminuição na resistência vascular periférica. Além do mais, uma diminuição da FC poderia levar a uma diminuição no débito cardíaco, já que (DC = FC x VS), esses fatores associados causam a queda da pressão arterial durante o repouso. Essa maior reserva cardiovascular justifica os resultados observados durante o exercício escalonado.
A não ocorrência de alterações morfométricas do músculo temporal mostra que o TF leva a mudanças específicas, ou seja, somente nas estruturas da região diretamente correlacionada ao exercício (musculatura exercitada).
Com os resultados obtidos, foi possível concluir que o aumento da capacidade física induzida pelo TF, mesmo sendo iniciado em uma fase tardia da vida, pode estar correlacionado com um aumento da capilarização, o que possibilita uma maior nutrição dos tecidos durante o exercício. Além disso, o TF pode ser uma terapia não medicamentosa, auxiliar no tratamento de idosos que sofrem de hipertensão arterial.
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Instituição de fomento: CNPq e FAPESP
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Trabalho de Iniciação Científica
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Palavras-chave: Hipertensão; Treinamento Físico; Idosos. |
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Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
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