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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 4. Farmacologia

Estudo da atividade biológica de neem (Azadirachta indica) no combate ao mosquito Aedes aegypti: Resultados Preliminares

Andréia Vieira Pereira 1
Onaldo Guedes Rodrigues 1
Laura Ney M. P. de Silans 2
Ana Célia R. Athayde 1
Gilmar Trindade de Araújo 1
Wilson Wolflan Silva 1
(1. Universidade Federal de Campina Grande; 2. Núcleo de Entomologia e Pesquisa Operacional da Paraíba - PB/FUNASA)
INTRODUÇÃO:

O extrato botânico de neem (Azadirachta indica – Resp. Coutinho, L.V.), tem sido utilizado para o controle biológico de insetos, ácaros, bactérias e fungos agrícolas e parasitas hematófagos. Este estudo teve como objetivo avaliar o efeito do extrato bruto de neem contra o mosquito Aedes aegipty, nas formas de ovo, larva e adulto. Para isso, foram coletadas folhas do neem em árvores originadas em fazendas do município de Patos-PB e, em seguida, preparado o extrato alcoólico utilizado-se 100 g de folhas de neem para cada 1 Litro de álcool etílico (g/v), previamente desidratadas sob centrifugação forçada a temperatura de aproximadamente 45° C. O extrato alcoólico foi filtrado e colocado em um evaporador rotativo para obtenção do extrato vegetal concentrado (v/v), que em seguida, foi acondicionado sobre refrigeração (4° C) até seu uso, armazenado em frascos de cor âmbar. Para avaliar a ação inseticida sobre o mosquito Aedes aegypti, foram utilizadas amostras do mosquito em vários estágios de sua vida biológica a saber: 1000 ovos, 1000 larvas e 40 mosquitos adultos proveniente de população de mosquitos coletados em regiões focos do município de João Pessoa-PB e desenvolvidos no Núcleo de Entomologia da Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES). Já as concentrações do extrato utilizadas variaram entre 40:10 a 2,25:47,5: Foi observado efeito ovicida e larvicida do extrato sobre os insetos avaliados.

METODOLOGIA:

O experimento foi conduzido nos laboratórios de Ciências Químicas e Biológicas e Laboratório de Parasitologia Veterinária da Universidade Federal de Campina Grande –UFCG do Centro de Saúde e Tecnologia Rural-CSTR, junto ao laboratório de Ciências Químicas e Biológicas da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG e no Núcleo de Entomologia e Pesquisa Operacional (NEPO), da Secretaria de Estado da Saúde (SES) da Paraíba –  João Pessoa – PB.

As folhas de neem foram adquiridas de plantio comercial em fazendas comerciais do município de São José de Espinharas sob a supervisão do engenheiro florestal professor Lúcio Valério Coutinho (DEF/CSTR/UFCG). Após a colheita foram postas para secagem em estufa de ventilação forçada a ± 40° C e em seguida maceradas e acondicionadas em reservatórios de vidro até seu uso.

As amostras de folhas de neem, foram trituradas manualmente, maceradas e homogeneizadas.Em seguida,foi obtida a matéria seca segundo o método descrito por Silva (1990). Uma fração de 100 g do material fresco e macerado foi colocado em um cartucho de papel de filtro, previamente tarado, costurado e submetida a uma extração com álcool etílico puro e com acetona num sistema Soxhlet. O extrato obtido foi concentrado por evaporação, a uma temperatura de 60º (± 5) C, através de um Evaporador Rotativo MA 120. Ovos de Aedes aegypti  foram obtidos em focos naturais da cidade de João Pessoa-PB, por técnicos do Núcleo de Entomologia, utilizando armadilhas de ovoposição( ovitranpas).

Os testes in vivo para avalia a ação do extrato bruto de neen sobre lavas do mosquito, foi performado após identificação da eclosão de ovos do mosquito nas bandejas e, a contagem da população das larvas para cada 100 mL de água coletada. Estas larvas foram separadas com o auxilio de uma pipeta, em seguida foram selecionadas apenas aquelas que se encontravam no 3º ou no início do 4º estágio, sendo separadas em copos descartáveis em grupos de vinte larvas cada. Alíquotas do extrato de neen, foram devidamente homogeneizadas a água nos copos, em doses diferentes, em seguida foram observadas durante todo o ciclo larval do mosquito. Ao encerrar o ciclo biológico do mosquito, contou-se a população viva e também a população morta.

RESULTADOS:

Os testes in vivo com ovos foram performados após a identificação da sua integridade, principalmente a sua aderência a palhetas. Considerando a fase biológica total do ciclo do mosquito, ocorreu a pulpação após um período de 240 horas, o que corresponde a 10° dia após o início da exposição. No 12º dia após o início da exposição já observou-se a presença de adultos com baixo desenvolvimento em relação ao grupo controle, onde no 5º dia após a exposição, todos já haviam se tornado adultos, ocorrendo este retardo também na pulverização. Em todo o experimento, o extrato alcoólico de neem, apresentou ação inseticida efetiva contra as fases de ovo, vistos com auxílio das armadilhas, e na fase larvar do Aedes aegypti. Os resultados dos testes com as larvas do mosquito Aedes aegyte expostos ao extrato bruto de neem numa diluição 40:10; 20:30; 10:40; 5:45; 2,5:47,5 e 1,25:48.75 (v/v; extrato/água destilada), a temperatura ambiente de 24°C, temperatura da água de 21° C e umidade de 82%, mostrou uma eficiência de 98 %. Após o cultivo de ovos do mosquito em cativeiro, aguardou-se a forma adulta do mosquito, cuja população foi devidamente contada e mantida em gaiolas teladas, rigidamente protegidas. Alíquotas de extrato de neem foi configurado em parafina em forma de vela, que foi efetivamente colocada nas gaiolas liberando compostos da planta no ambiente controlado; foram observados a temperatura do ambiente e umidade relativa do ar e o comportamento de 40 fêmeas adultas do mosquito Aedes aegypti, no qual a ação da fumaça da vela de neem e a sobrevida dos mosquitos submetidos a esta, foram observados durante, um período de 4 horas, apenas efeito “calmante” sobre eles.

CONCLUSÕES:

 

Os resultados obtidos neste estudo, indicam a significância da utilização de extratos naturais no controle entomológico do Aedes aegypti e na avaliação de meios alternativos economicamente viáveis. Neste contexto podemos concluir que o extrato bruto do neem apresenta ação ovicida e larvicida in vivo, sobre cepas do mosquito, quando testado a campo e no experimento performado em laboratório, sob condições controladas. Embora não seja objeto desse estudo, as armadilhas (ovitrampas) contendo água limpa de consumo local, favorecem a oviposição do Aedes aegypti, de maneira semelhante ao que é visto nos reservatórios residenciais desprotegidos.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Neem; Aedes; Fitoterapia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006