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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE QUEIJO “PETIT-SUISSE” POTENCIALMENTE PROBIÓTICO ADICIONADO DE DIFERENTES GOMAS

Larissa Yukie Marayama 1
Haíssa Roberta Cardarelli 1
Flávia Carolina Alonso Buriti 1
Susana Marta Isay Saad 1
(1. USP - Faculdade de Ciências Farmacêuticas)
INTRODUÇÃO:

O volume de vendas de produtos lácteos no Brasil é bastante significativo, tendo aumentado muito nos últimos anos. Paralelamente, observa-se um perfil de consumidor cada vez mais exigente, não apenas do ponto de vista nutricional e de aceitabilidade global, como também em termos de benefícios adicionais à saúde e os alimentos funcionais suprem esta exigência ao proporcionar benefícios a quem os consome. Bactérias probióticas vêm sendo empregadas em produtos visando a promoção de efeitos benéficos no organismo. Dentre as principais cepas probióticas destacam-se Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium longum, que agem no intestino delgado e grosso, respectivamente.

A formulação de um novo produto “petit-suisse”, com adição de bactérias probióticas e não existente no mercado atual, visa aumentar a variedade de alimentos funcionais e atentar para um nicho ainda não explorado. O uso de combinações de gomas, compatível à formulação do produto, melhora suas características de textura e seu aspecto global, promovendo seu consumo, tornando-o mais estável durante o período de armazenamento e assemelhando-o aos produtos comerciais. A análise sensorial é uma ferramenta útil para verificar a preferência deste novo produto por seus consumidores rotineiros e eventuais.

O presente trabalho visou comparar sensorialmente formulações probióticas de queijo “petit-suisse”, produzidas com a adição de diferentes combinações de gomas xantana (X), carragena (C), guar (G) e pectina (P).
METODOLOGIA:

Foi fabricado do queijo quark adicionado de culturas probióticas e, a partir dele, processadas três formulações de “petit-suisse”, com variável composição de diferentes espessantes (todas somando 0,75% da massa total). Através de ensaios preliminares, as seguintes proporções foram utilizadas: 2,5X:2,5C:5G (F1); 2X:3C:5P (F2) e 5C:5G (F3). O delineamento experimental foi casualizado, utilizando-se um esquema fatorial 3 ´ 4, com 2 repetições.

Os produtos foram armazenados a 4-5oC e foram realizadas determinações de textura, de pH, de teor de umidade e também acompanhamento da população de bactérias probióticas (Lactobacillus acidophilus e Bifidobacterium spp.) viáveis após 1, 7, 14 e 21 dias de armazenamento. Diferenças significativas (p<0,05) para tais parâmetros entre os diferentes tipos e entre os diferentes dias foram determinadas através de análise de variância e as diferenças entre as médias foram detectadas usando Tukey.

A avaliação sensorial dos queijos “petit-suisse” foi realizada em duas etapas, com 35 provadores não-treinados em cada uma delas e conduzidas, respectivamente, após 7 e 14 dias de armazenamento dos queijos “petit-suisse”, utilizando-se o teste de ordenação-preferência (1 ponto: formulação preferida pelos provadores, 2 pontos: mediana, 3 pontos: menos preferida). Para tratamento estatístico foi realizado teste não paramétrico de Friedman, seguido de comparação múltipla e do coeficiente de concordância de Kendall.
RESULTADOS:
A dose mínima terapêutica de probióticos é de 108 a 109 UFC/dia, e, uma vez que a contagem se manteve acima de 6,41 e 7,46 log UFC/g, respectivamente de L. acidophilus e B. longum, classificamos o produto como potencialmente probiótico. Não houve diferença significativa entre formulações estudadas para um mesmo período de tempo (p>0,05) quanto ao pH ou quanto à umidade, indicando que a variação de textura das amostras ocorreu pela interferência das gomas. Para textura instrumental, F1 apresentou estabilidade sem diferenças significativas para a firmeza e para gomosidade (exceto ao 21o dia, em que p<0,05). A somatória dos pontos obtidos para os queijos “petit-suisse” na análise sensorial conduzida após 7 dias de armazenamento (primeira etapa) foram: F1: 56, F2: 74 e F3: 80. Assim, F1 foi a preferida pelos provadores, diferindo significativamente da F3, menos apreciada (x0= 8,914; χ2= 5,991; p<0,05). Já F2, segunda mais apreciada, não apresentou diferença significativa das demais na análise sensorial realizada após 7 dias de armazenamento (p>0,05). A somatória dos pontos obtidos para os queijos na análise sensorial aos 14 dias (segunda etapa) foram: F1: 62, F2: 70 e F3: 78. Apesar da preferência dos provadores pela F1 (menor soma de pontos), não foram encontradas diferenças significativas entre os produtos estudados na segunda etapa da análise sensorial (x0= 3,657; χ2= 5,991; p>0,05). Nessa etapa, F2 foi a segunda preferida pelos provadores, seguida por F3 (maior soma de pontos).
CONCLUSÕES:

A textura instrumental indicou estabilidade fornecida pela interação entre as gomas xantana, carragena e guar e os outros ingredientes utilizados em F1. A combinação entre tais gomas alcançou o objetivo desejado, sem ocasionar diminuição significativa da firmeza da formulação preferida (F1) e obtendo valores razoáveis para a gomosidade do produto final. Este fato permite um aumento da qualidade do produto, uma vez que ele se encontra mais estável e dificulta a observação de diferenças de textura pelos consumidores. De acordo com os resultados obtidos no presente trabalho, a melhor formulação apontada, tanto através da análise instrumental de textura quanto através da análise sensorial foi F1. O melhor desempenho de F1 na análise sensorial indicou uma relação entre preferência do queijo “petit-suisse” e maior firmeza e estabilidade da textura observadas para esta formulação. Os melhores resultados obtidos para F1 durante as duas etapas da avaliação sensorial confirmam a necessidade de estabilidade do produto ao longo do armazenamento, fundamental para a sua preferência pelos provadores.

Instituição de fomento: CNPq, FAPESP e CAPES.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: “petit suisse”; textura instrumental; gomas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006