IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 5. Farmacognosia

CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO FARMACOGNÓSTICO DO CRAJIRÚ: Arrabidaea chica (H&B) Verlot. (BIGNONIACEAE)

Mariele Caroline Marques Nogueira Puhl  1
Lara Zampar Serra  1
Maria Auxiliadora Milaneze Gutierre  1
Diógenes Aparício Garcia Cortez  1
(1. Universidade Estadual de Maringá –UEM)
INTRODUÇÃO:
A Arrabidaea chica (H&B) Verlot. é uma planta trepadeira, encontrada na região amazônica. Na medicina popular recebe designações variadas como crajirú (AM), pariri (PA), carajuru, punca-panga e chica em outras localidades. A Arrabidaea chica pertence à família Bignoniaceae composta por cerca de 120 gêneros e 650 espécies que estão distribuídas principalmente na América tropical e na África. O gênero A. chica f. cuprea ocorre no sul do Brasil, Paraguai e nordeste da Argentina. A A. chica é muito comum na região amazônica. As folhas desta planta têm sido usadas como um antiinflamatório e agente adstringente, também como um remédio para cólicas intestinais, disenterias, leucorréia e leucoanemia. Aplicadas topicamente, combatem as impigens e outras enfermidades de pele, principalmente para lavagens de feridas e úlceras. As folhas fornecem um corante vermelho escuro. Desde os tempos memoriais era usado pelos aborígines para se pintarem, assim como para tingirem seus enfeites, utensílios e vestuário, bem como tatuagens. Os bichos de seda alimentados com suas folhas produzem seda vermelha. Estudos fitoquímicos das folhas dessa espécie revelaram a presença de saponinas, quininas, flavonas, taninos, pigmentos flavónicos e indícios de alcalóides. O seu corante vermelho foi estudado por ZORN et.al. (2002) que identificou a presença de 3-desoxiantocianina onde nomeou este composto de carajurina. O objetivo deste trabalho é realizar um estudo fitoquímico preliminar e o estudo morfo anatômico das partes aéreas do Arrabidaea chica, para contribuir com o controle de qualidade da droga vegetal.
METODOLOGIA:

O material botânico foi coletado em Colorado do Oeste –RO e sua exsicata foi depositada no herbário da Universidade Estadual de Maringá (HUM) – PR. Foram  realizados cortes transversais, longitudinais e paradérmicos, a mão livre para análise anatômica da droga vegetal. Para a preparação dos extratos brutos as partes aéreas foram pulverizadas em moinhos de facas, e extraídas com solução hidroalcóolica por processo de maceração à frio, rotaevaporadas e liofilizadas estocando as alíquotas sob refrigeração. Para realização das análises físico-químicas: as partes aéreas foram submetidas aos testes de determinação por perda de dessecação onde foram pesados exatamente cerca de 2,0 g das folhas moídas de Arrabidaea chica secas. Os valores representam a média de 5 determinações e são expressos em % (p/p). Para análise do teor extrativo partimos de 1 g das folhas, onde foi submetida a decocção, e posterior avaliação do teor extrativo através de três determinações. Na obtenção do teor de resíduo seco cerca de 1,0 g das folhas foi submetida à decocção com diferentes solventes pela média de três determinações. Para determinação das cinzas totais cerca de 3,0 g das folhas secas e moídas, em cadinho foram incinerados e após os cadinhos foram pesados para calculo das cinzas totais através da média 5 determinações. Na determinação do teor de taninos totais foram transferidos uma alíquota de 0,750 g da droga  para um erlenmeyer a fim de obter uma solução-mãe; apartir desta foram determinados os polifenóis totais e os polifenóis não Adsorventes através de absorbância a 691 nm.

RESULTADOS:

As folhas e galhos secos forneceram 220,40g de material vegetal, após o processo de extração obtivemos o rendimento de 37% de extrato bruto. A análise anatômica revelou que as folhas de A. chica possuem epiderme uniestratificada. Os estômatos, presentes apenas na face abaxial, são do tipo anisocíticos. Os tricomas foliares podem ser tectores ou glandular (organizada no formato de roseta). Ocorre a presença de esclereides filiformes. Os cristais de diferentes formatos são comuns e abundantes na porção caulinar. Nos quatro pólos de tecido condutor do caule o câmbio vascular origina intercaladamente fibras e tecidos parenquimáticos assemelhando-se a forma reticulada. No pó diafanizado podemos visualizar facilmente os tipos de estruturas como os tricomas tectores e glandulares, os estômatos e os esclereídeos. Na determinação da perda por dessecação obtivemos o valor de 93,08% de umidade; do teor extrativo obtivemos 30,07% de extração; Na determinação do resíduo seco, a partir da solução extrativa hidroetanólica 50%,70% e 90%, o melhor rendimento obtido foi quando se utilizou etanol:água 50%, 8,15g em 100g de droga. As cinzas totais foram estabelecidas em 10,55 %. Através das análises fitoquímicas preliminares realizadas podemos observar que a droga vegetal possui taninos, antracênicos livres, núcleo triterpênico e açúcares. Isto nos permite direcionar o nosso trabalho, pois, uma destas substâncias pode ter teor farmacologicamente ativo.

CONCLUSÕES:

As maiorias das características anatômicas acima descritas são comuns a outras espécies de Bignoniaceae, no entanto a presença de cristais no tecido parenquimáticos e a estruturação reticulada de parênquima e esclerênquima frente aos tecidos condutores do caule torna possível a diferenciação de A. chica. Os valores encontrados nas diferentes análises é um  dado importante na verificação da pureza e qualidade da droga vegetal, uma vez que a adulteração de drogas vegetais, principalmente as pulverizadas, pode ser realizada com material de origem mineral ou vegetal.

Deste ponto de vista, este trabalho estabeleceu características marcantes para a identificação e avaliação do controle de qualidade adequado para produção do fitoterápico de A. chica.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Farmacognose; Arrabidaea chica; Bignoniaceae.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006