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E. Ciências Agrárias - 2. Engenharia Agrícola - 6. Processamento de Produtos Agrícolas

Polpação da casca de coco verde por Phanerochaete Chrysosporium

Mauricio Massao Yamada 1
Lígia Aíra de Medeiros 1
Luana Fernada Erlo 1
Ana de Paula de Souza Pallu 1
(1. Universidade de São Paulo)
INTRODUÇÃO:

No Brasil, a cultura de coco tem grande importância sócio-econômica e seu consumo gera uma grande quantidade de resíduos, entre os quais o fruto, cuja matéria envolvente das fibras é, na sua maioria, de natureza lignocelulósica. Neste contexto a utilização de fungos lignocelulíticos no tratamento do resíduo pode ser uma das formas de inteligentes de combater o desperdício e reutilizar a casca de coco para outros fins, como o seu uso industrial ou em artesanato. O fungo utilizado é o Phanerochaete chrysosporium conhecido pelo seu potencial na degradação de lignina, um dos principais componentes da fibra do coco constituindo 45,84% das fibras do coco (Senhoras, 2003).Em presença de ligninases ocorrem reações de liberação de fibras celulósicas. Pode-se empregar essas enzimas em processos de polpação enzimática.

METODOLOGIA:

Microrganismo: Foi utilizada a linhagem BKMF1767 de Phanerochaete chrysosporium,

 

Preparo das fibras para polpação:O mesocarpo da casca de coco foi cortado com a ajuda de um facão de forma que mantivesse seu comprimento original em relação à sua extensão.

a) Meio do inóculo direto:O fungo foi inoculado nos fragmentos da casca de coco contendo as fibras, foi testado com dois diferentes de meio: Meio Mínimo Tampão Forte – MMTF e Meio Completo por 7 e 14 dias a 28ºC e 37ºC.

b) Obtenção de filtrado de cultura: Produto obtido a partir do cultivo do microrganismos em MMTF com adição de 5g de uma fonte de lignina/100 mL de meio, em Erlenmeyers de 250mL. O meio foi autoclavado a 1 atm por 20 minutos. Após inoculção de 107 esporos/mL, os frascos foram mantidos sem agitação, a 37ºC. Após 7 dias em estufa as amostras foram filtradas. As fontes de lignina testadas foram: palhas de trigo, fibra de coco e palha de milho que foram trituradas num moinho a 2mm e misturados ao meio de cultura. As amostras, foram dispostas em recipientess de 500 mL e foram constituídas por 10g de fibras úmidas extraídas e 100 mL de filtrado de meio cultura contendo enzimas ligninolíticas, mantidas durante 7 dias a 28ºC e 37ºC.

 

c) Controle -  polpação em água: O procedimento controle  foi conduzido sem agitação por 7 e 14 dias a 28ºC e 37ºC com fragmentos de 10g de mesocarpo da casca de coco imersos em 100mL dos sistemas de biopolpação  estudados e descritos acima.

d) Extração:

Decorrido o tempo de polpação, as fibras foram extraídas mecanicamente com o auxílio de um liqüidificador.

e) Avaliação da qualidade das fibras:O brilho teve avaliação visual comparativa, o toque por meio de sensação tátil e a resiliência por observação visual do tempo e intensidade de recuperação da forma original após amassamento manual.

 

RESULTADOS:

 

Os pedaços dos fragmentos de coco verde tratados tanto com filtrado de cultura como por meio do tratamento por inóculo direto foram extraídas mais facilmente e apresentaram maior brilho e toque mais suave do que as fibras tratadas apenas em água, sendo as fibras tratadas com  filtrado superiores qualitativamente em relação àquelas obtidas a partir do tratamento com inóculo direto.

No processo com filtrado de cultura, a fibra resultante mostrou-se mais brilhante que nos demais tratamentos. Uma das causas possíveis é a contaminação por microrganismos que podem ter consumido além da lignina outros substratos como celulose. Isto pode ter ocorrido devido à não  esterilização da casca de coco. No tratamento controle, a coloração e o toque das fibras foram inferiores aos obtidos nos demais tratamentos. No processo de inóculo direto a  biopolpação em MMTF  a 39ºC por 7 dias produziu fibras mais claras e com toque mais suave em relação ao controle em água. O tempo de 14 dias produziu fibras ainda mais claras e com um melhor toque, porém com menor resistência. A utilização da palha de trigo como fonte de carbono para a obtenção de filtrado contendo enzimas lignololíticas mostrou-se como o melhor indutor de crescimento da linhagem de Phanerochaete chrysosporium em conseqüência, o filtrado obtido a partir desse indutor, levou a uma melhor qualidade de fibra neste tratamento.

 

 

 

 

 

 

 

 

CONCLUSÕES:

 

Os resultados sugerem que o uso de enzimas na deslignificação de fibras de coco verde diminui o tempo do processo em relação ao tratamento apenas em água, e melhora a qualidade das fibras, o que pode reduzir o uso posterior de substâncias químicas tóxicas e viabilizar o reaproveitamento desse material para o uso em indútrias ou para artesanato, diminuindo a quantidade de resíduos provocados pela comercialização do coco verde.

O processo com filtrado de cultura obtido a partir de meio contendo como substrato palha de trigo, mantido por 7 dias a 28ºC, mostrou-se o mais eficiente.

O processo com filtrado de cultura resultou em fibras melhores do que o do inóculo direto, porém o método é mais complexo e de maior custo. Entretanto, as características superiores das fibras, podem compensar o investimento, conforme o uso final pretendido para as mesmas.

Instituição de fomento: Cnpq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Biopolpação; Coco verde; Phanerochaete chrysosporium.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006