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B. Engenharias - 1. Engenharia - 14. Engenharia
CARACTERIZAÇÃO DE VINHOS BRASILEIROS ATRAVÉS DA DETERMINAÇÃO DA RAZÃO ISOTÓPICA 13C/12C

Paula Bisol Balardin 1
Regina Vanderlinde 1
Laurien Adami 2
Elisangela Comerlatto 2
(1. Universidade de Caxias do Sul; 2. Laboratório de Referência Enológica)
INTRODUÇÃO:

Vinho é uma bebida obtida da fermentação alcoólica do mosto da uva sã, fresca e madura, apresentando teor alcoólico entre 8,6 e 14% em partes por volume (v/v). A adição de açúcares exógenos ao mosto durante a fermentação é uma prática enológica utilizada no Brasil quando a uva não atinge maturação necessária para a elaboração do vinho. A legislação brasileira permite corrigir o grau alcoólico do vinho em até 3°GL (Ministério da Agricultura, 2004). Desta forma, pode-se medir quantitativamente a proporção do álcool de cana-de-açúcar adicionado ao vinho, uma vez que análises químicas tradicionais não detectam o carbono do álcool existente nestas misturas (Ducati, 2000). Este trabalho faz parte de uma série de ações realizadas pelo LAREN (Laboratório de Referência Enológica do Rio Grande do Sul), relacionadas às necessidades de desenvolvimento e pesquisa do setor vitivinícola, a fim de aprimorar a qualidade dos seus produtos, tendo como objetivo buscar uma possível diferenciação entre os vinhos produzidos no Rio Grande do Sul e os vinhos elaborados por microvinificações, sem o acréscimo de açúcar de cana, através da análise isotópica do carbono.

METODOLOGIA:

 Foram analisados (em triplicata) 54 vinhos puros (sem chaptalização) e 133 vinhos comerciais das variedades Niágara Branca, Chardonnay, Merlot, Cabernet Sauvignon, Bordô e Isabel. Para análise da razão isotópica 13C/12C utilizou-se espectrômetro de massas de razão isotópica Finnigan MAT modelo Delta Plus XL, equipado com fonte de íons e analisador elementar Flash EA 1112. Os valores dos desvios da razão isotópica 13C/12C (d13C) em relação ao padrão PDB (fóssil carbonatado Pee-Dee Belemnite, Carolina do Sul, USA) foram obtidos conforme técnica descrita pelo Ministério da Agricultura (2001). Após destilar lentamente 1,5 mL da amostra sob ação criogênica a –196°C e sob vácuo (10-2mbar), 1mL do destilado foi empacotado em uma cápsula de estanho, juntamente com substância absorvente. A combustão ocorreu no interior do analisador elementar em um tubo de quartzo vertical, sob fluxo contínuo de hélio (90mL/min). Os gases gerados passaram por uma coluna de redução, contendo cobre reduzido a 680 ºC. O espectrômetro de massas contém um coletor triplo de íons com o objetivo de medir simultaneamente as relações massa/carga (m/z), correspondentes às massas 44, 45 e 46 do CO2 formado pela combustão das amostras.

RESULTADOS:

Os resultados foram avaliados com o programa SPSS 11.5 for Windows, através do teste T de Student e análise de variância por comparação de médias (ANOVA). Os valores médios de d13C dos vinhos puros de diferentes variedades da safra 2004 variaram de –29,19 a –28,23‰, enquanto que para os comerciais encontraram-se no intervalo de –28,22 a –23,72‰. As amostras de 2004 apresentaram diferenças estatísticas significativas (p<0,05) entre os vinhos puros e os vinhos comerciais, exceto para a variedade Chardonnay. Já os vinhos puros da safra 2005 apresentaram valores médios de d13C entre –28,34 a –26,77‰ e os comerciais teores de –27,62 a –23,88‰. As variedades Isabel, Bordô, Tannat,  Cabernet Sauvignon e Niágara Branca da safra 2005 apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os vinhos puros e comerciais, indicando a presença de sacarose ou álcool de cana-de-açúcar nas amostras comerciais.

CONCLUSÕES:

Na safra de 2004, todas as variedades analisadas apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre o vinho puro e o comercial indicando a presença de sacarose de cana-de-açúcar (C4), exceto para a variedade Chardonnay. Os valores isotópicos dos vinhos puros tiveram um valor mais negativo do que os vinhos comerciais da mesma variedade.  As variedades Isabel, Bordô, Tannat,  Cabernet Sauvignon e Niágara Branca da safra 2005 apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p<0,05). A determinação da razão isotópica do carbono mostrou-se um método eficiente na detecção de adulteração dos vinhos

 

Instituição de fomento: IBRAVIN, UCS.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: vinho; isótopos estáveis; fotossíntese.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006