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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia

PROJETO MACACOS URBANOS: OCORRÊNCIA E DISTRIBUIÇÃO DO BUGIO-RUIVO (Alouatta guariba clamitans CABRERA 1940) NA LOMBA DO PINHEIRO, PORTO ALEGRE, RS.

Fernanda Zimmermann Teixeira 1, 2
Luisa Xavier Lokschin 1, 2
Gerson Buss 1
Juliane Nunes Hallal Cabral 1
Rafael Suertegaray Rossato 1
Helena Piccoli Romanowski 1, 3
(1. Programa Macacos Urbanos / PMU; 2. Instituto de Biociências / IB UFRGS; 3. Departamento de Zoologia UFRGS)
INTRODUÇÃO:
Porto Alegre tem 1,5 milhão de habitantes sendo que cerca de 10% de sua área ainda está coberta por florestas. A região Sul é a zona que concentra a maior parte dessa cobertura, seguida pela zona Centro-Sul onde a mata permanece em pequenos fragmentos ameaçados pela urbanização. Com o intuito de auxiliar na conservação dessas áreas, o projeto “Macacos Urbanos” tem como objetivo identificar as áreas de ocorrência do bugio-ruivo, espécie ameaçada de extinção, e verificar as condições de conservação de seus habitats. No momento, os esforços de campo estão concentrados nas matas ciliares da bacia do Arroio do Salso, bairro Lomba do Pinheiro. Essas matas são consideradas um possível corredor de vida silvestre sendo, talvez, a última possibilidade de ligação entre dois núcleos de biodiversidade: os morros Santana e São Pedro.
METODOLOGIA:
A área de estudo foi dividida em quadrículas de 25 ha e todas aquelas com floresta nativa são vistoriadas. A ocorrência do bugio-ruivo é verificada pela presença de fezes ou pelo avistamento dos animais. Além disso, são registrados outros dados como a presença de corpos d'água, atividades antrópicas e estado de conservação da mata.
RESULTADOS:
Entre outubro de 2004 e março de 2006, foram verificadas 25 quadrículas na região da Lomba do Pinheiro, totalizando 625 ha percorridos. Em 7 dessas quadrículas foi evidenciada a presença dos bugios através de fezes no solo e do avistamento de um bando com 8 indivíduos. Apesar dos 7 registros serem descontínuos, acredita-se que os bugios usem toda a área estudada por essa ser constituída de matas contíguas. Esse registro soma-se ao do Morro do Osso (onde, em 2002, evidenciou-se um animal em habitat confinado pela urbanização) e são os dois únicos para a região Centro-Sul da capital. O habitat  do bugio está sendo substituído por moradias e sofrendo corte seletivo, contaminação do solo e das águas, ocasionando perdas em quantidade e qualidade. As políticas de planejamento urbano omitem aspectos estratégicos como a conservação de mananciais hídricos e a segurança habitacional em áreas de risco, condenando os remanescentes naturais.
CONCLUSÕES:

A conservação das florestas da Lomba do Pinheiro é imprescindível para manter a viabilidade das espécies nativas da região, além de ser de extrema importância para a qualidade de vida no município. Para evitar a extinção local do bugio-ruivo e a destruição dos últimos remanescentes florestais são necessárias ações de educação ambiental contínuas com as comunidades locais, um planejamento urbano que concilie a demanda por moradia com a conservação ambiental, a recuperação das matas ciliares e a manutenção dos mananciais hídricos.

Instituição de fomento: Conservation International e Pró-Reitoria de Pesquisa/UFRGS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: ocorrência do bugio-ruivo; crescente urbanização; conservação das florestas nativas.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006