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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 1. Análise de Controle de Medicamentos

ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA E ANTIEDEMATOGÊNICA DE UMA FRAÇÃO ISOLADA DE RAÍZES DE Pfaffia glomerata (Spreng.) Pedersen

Keila Atanazio Fortunato 1
Jamile Ciszewski da Luz 1
Philipe Costa 1
Luciano Soares 1
José Eduardo da Silva Santos 2
(1. Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE; 2. Universidade Federal do Paraná - UFPR)
INTRODUÇÃO:

A Pfaffia glomerata, pertencente à família Amaranthaceae, é uma planta amplamente utilizada para o tratamento de dores e processos inflamatórios, sendo conhecida popularmente como “para-tudo” e “ginseng brasileiro”. Entretanto, os estudos referentes às atividades farmacológicas desta planta ainda são restritos e, embora diversos compostos já tenham sido caracterizadas para espécies de Pffafia, poucos foram os estudos científicos direcionados para a avaliação dos efeitos biológicos dos mesmos, ao menos até o momento.

Neste contexto, o presente trabalho teve como principal objetivo a avaliação dos efeitos de uma fração n-butanólica (FNB), obtida a partir de uma solução extrativa hidroalcoólica de raízes de P. glomerata (SEHPG), sobre a nocicepção e inflamação induzidas em camundongos, visando o direcionamento da análise fitoquímica da P. glomerata para a identificação da(s) substância(s) ativa(s) responsável(is) por suas atividades.

METODOLOGIA:

            Camundongos (20 a 35 g) foram tratados 60 minutos antes dos testes com a FNB (0,1-30 mg/kg, v.o.), indometacina (5 mg/kg, v.o.), ou água (0,1 mL/10g, v.o.). Para avaliação da atividade antinociceptiva, os animais receberam uma injeção intraplantar de formalina (2,5%, 50 µl) na pata esquerda, e foram colocados sob funis de vidro, tendo seus comportamentos nociceptivos (lamber a pata que recebeu a formalina ou movimentar a mesma no ar ou contra a própria bancada avaliados) durante 45 minutos. Os resultados foram expressos como o tempo (s) de manifestação de nocicepção em dois períodos distintos: i) fase I, que foi avaliada nos primeiros cinco minutos (dor neurogênica) e; ii) fase II, que foi avaliada do 20º ao 45º minuto após a injeção da formalina (dor inflamatória).

    No modelo de contorções abdominais induzidas por ácido acético, a resposta nociceptiva foi induzida pela injeção intraperitoneal deste ácido a 0,9% (0,1 ml/10g, i.p.) e os animais foram colocados sob funis de vidro, sendo observados durante 20 minutos, para avaliação do aparecimento do número de contorções abdominais.

           Para avaliar a atividade antiedematogênica da FNB, os animais foram imobilizados e receberam uma injeção intraplantar de carragenina na pata posterior esquerda (300 µg/pata; volume de 100 µl). O desenvolvimento do edema de pata foi mensurado plestimograficamente em intervalos de 60 minutos, até a 4a hora após a indução do estímulo, e subseqüentemente, na 24a e 48a horas.

RESULTADOS:

          Na primeira fase da nocicepção induzida pela injeção intraplantar de formalina (0-5 minutos) não foi possível evidenciar nenhuma redução significativa no comportamento nociceptivo dos animais pré-tratados com a FNB, quando comparados aos animais do grupo controle. Porém, na segunda fase (20-45 minutos) a administração da FNB nas doses de 0,1, 1, 10 e 30 mg/kg reduziu em 25,54, 32,42, 50,29 e 67,03 %, respectivamente, a nocicepção induzida pela formalina.

           No modelo de contorções abdominais induzidas pelo ácido acético, não houve diferença estatística no número de contorções dos grupos tratados com a FNB e indometacina em relação ao grupo controle no tempo de 0-5 minutos. Por outro lado, no tempo de 5-20 minutos após a indução da nocicepção, a FNB nas doses de 10 e 30 mg/kg, assim como a indometacina, reduziram de forma significativa o número de contorções em 63,18, 61,36 e 81,25 %, respectivamente.

           No modelo de edema de pata induzido pela carragenina, o tratamento dos animais com a FNB nas doses de 10 e 30 mg/kg (v.o.) reduziu o edema em todos os intervalos avaliados. Embora esse efeito antiedematogênico não tenha apresentado um padrão nitidamente dependente da dose, e o tratamento dos animais com a FNB na dose de 10 mg/kg não tenha gerado uma redução estatisticamente significativa, os animais tratados com a FNB na dose de 30 mg/kg apresentaram edema cerca de 50 % menor que os animais pertencentes ao grupo controle.

CONCLUSÕES:

           Os resultados apresentados neste trabalho revelam a potente atividade da planta P. glomerata sobre o processo inflamatório induzido pela carragenina e sobre a dor de origem inflamatória induzida pela formalina e ácido acético, apesar de a mesma não exercer influência sobre a dor de origem neurogênica.

           Considerando que os efeitos antinociceptivos e antiinflamatórios demonstrados foram gerados por doses relativamente baixas (0,1 a 30 mg/kg) em comparação com as doses utilizadas anteriormente com o extrato bruto hidroalcoólico (cerca de 100 a 300 mg/kg), estes resultados indicam que a FNB é cerca de 10 vezes mais potente que o extrato bruto. Sendo assim, pode-se concluir que a(s) substância(s) ativa(s) responsável(is) pelas atividades antinociceptiva e antiinflamatória da P. glomerata está(ão) mais concentrada(s) nesta fração.

            Estes estudos serviram como base para o biomonitoramento da análise fitoquímica, e novos estudos já estão sendo realizados com subfrações isoladas da FNB, afim de direcionar o isolamento do(s) composto(s) responsável(is) pela atividade da P. glomerata sobre a nocicepção e a inflamação. 

Instituição de fomento: FAP/UNIVILLE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Pfaffia glomerata; nocicepção; inflamação.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006