Uma das principais pragas da cultura do café é o bicho-mineiro do café (BMC), Leucoptera coffeella (Lepidoptera: Lyonetiidae). Esse inseto pode causar perda de até 41% na produção, quando não são tomadas medidas de controle. O controle químico tem sido o principal método empregado pelos cafeicultores para o controle do BMC. O uso contínuo desse método tem provocado a perda da eficiência de inseticidas mediante seleção de populações do BMC resistentes.

Para a amostragem de folhas minadas com BMC são propostas metodologias, que tem como unidade amostral um determinado número de folhas/planta (10-30 folhas/planta). Nos planos de amostragem convencionais são tomadas um número fixo de folhas (60-100 folhas/talhão) para cafezais em produção, requerendo um grande número de amostras para obter uma confiabilidade estatística e, portanto, disponibilidade de tempo e esforço.

O uso de armadilhas de feromônio é uma alternativa eficiente para a amostragem por poupar esforço e tempo amostral. Em geral, no monitoramento, são capturados os machos para detecção de surtos populacionais. Apesar de ser um bom método para se avaliar populações, alguns estudos têm mostrado que nem sempre é possível determinar níveis de ação a partir da contagem do número de adultos capturados. Neste trabalho, procurou-se determinar a relação entre a captura de machos nas armadilhas e a densidade populacional do BMC, avaliando-se populações em cafezais de diferentes condições agronômicas.

Os experimentos foram conduzidos em sete cafezais (Coffeea arabica) localizados na Zona da Mata e no Triângulo Mineiro, Estado de Minas Gerais. A armadilha usada foi do tipo delta, de cor branca, com base de 20 x 20 cm e altura de 11 cm, iscada com pastilha de feromônio sexual do bicho-mineiro (5,9-dimetilpentadecano). O feromônio foi utilizado na dose de 300µg/ por pastilha, trocada a cada 30 dias, juntamente com a placa de piso adesiva da armadilha. As armadilhas foram posicionadas entre 20 e 50 cm do nível do solo, em espaçamento de 20 metros entre elas.

Os machos do bicho-mineiro capturados nas armadilhas foram removidos a cada 15 (Zona da Mata) e 8 dias (Triângulo Mineiro). Para a avaliação da porcentagem de folhas de café minadas, foram amostradas ao acaso 20 plantas/ha, na área de influência da armadilha, a 10 m de distância desta (4 plantas por cada armadilha). Em cada planta foram avaliadas dez folhas de diferentes ramos do terço médio, retirando-se a quarta ou a quinta folha contando-se do ápice para a base do ramo. As folhas retiradas foram acondicionadas em saco plástico para posterior determinação da percentagem de folhas minadas ativas (com larvas vivas). Adicionalmente, nas cinco localidades da Zona da Mata foram feitas contagens quinzenais de ovos nas folhas amostradas.

Foi realizada uma regressão geral da percentagem de folhas minadas e número de machos capturados das regiões estudadas.

Os resultados obtidos no Triângulo Mineiro demonstram que a relação entre a captura de machos e a percentagem de folhas minadas foi positiva (R² =0.79), porém a mesma relação na Zona da Mata foi muito fraca (R² =0.06). Neste caso, foi também avaliada a relação entre machos capturados e ovos, que resultou em um acréscimo na relação entre captura e densidade populacional da praga (R² =0.34).

Para cada região, foi proposto limiares de ação para o controle da praga, utilizando-se armadilhas com feromônio. Os resultados deste estudo sugerem, assim, a existência de relação significativa entre captura de machos e densidade populacional de L. coffeella, e que as referidas armadilhas podem ser utilizadas para o monitoramento do bicho-mineiro do café.