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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 1. Ciência do Solo

PRODUÇÃO DE MATÉRIA SECA, ASPECTOS FISIOLÓGICOS E ANATÔMICOS DE PLANTAS DE EUCALIPTO EM RESPOSTA À BORO

Patrícia de Carvalho Guerra  1
Edson Marcio Mattiello  1
Murilo M Pucci  1
Vinícius Molica Andrade  1
Jaci Fonseca Vieira  1
Hugo Alberto Huiz  1
(1. Departamento de Solos-Universidade Federal de Viçosa - UFV)
INTRODUÇÃO:

O boro é, entre os micronutrientes, o que mais freqüentemente apresenta deficiência no solo. A deficiência de boro é uma das mais limitantes ao crescimento do eucalipto na fase jovem. As diferenças no requerimento de boro por espécies ou clones de eucalipto, possivelmente, estão associadas à eficiência nutricional específica para o elemento. Essa eficiência pode responder à habilidade na aquisição e utilização do elemento. O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta de oito clones de eucalipto em diferentes concentrações de boro em solução nutritiva e avaliar, qualitativamente, características morfo-anatômicas de ápices radiculares de dois clones de eucalipto crescidos em solução nutritiva na presença  e ausência de boro  e, posterior reposição do nutriente por via foliar.

METODOLOGIA:

No primeiro ensaio, oito clones de eucalipto ( CENIBRA 68 e 129 e PLANTAR 1270, 2486, 3281, 3334, 3336 e 3487) cresceram em soluções nutritivas com concentrações de 0, 10, 20, 50 e 100 µmol/L de B, por 70 dias. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados, esquema de parcelas subdivididas. Previamente à coleta, quantificaram-se a fotossíntese, a condutância estomática e a transpiração, com um analisador de gases no infravermelho. As plantas foram coletadas, separando-se as folhas maduras e jovens, o caule e as raízes para obtenção da produção de matéria seca. Para avaliação anatômica, mudas dos clones 68 e 129 foram cultivadas em solução nutritiva na presença e ausência de boro. Decorridos 45 dias, destacaram-se os ápices radiculares de plantas crescidas em cada tratamento. Em seguida, foi feito aplicação foliar com solução de 1,64 g/L de B, por um minuto, em uma folha madura de cada planta, na metade das plantas crescidas na ausência de boro e nas plantas crescidas na presença do nutriente. O restante de plantas crescido na ausência de boro permaneceu como testemunha. Doze dias depois, destacaram-se ápices radiculares de cada tratamento. O material foi fixado em FAA50, incluído em historresina, emblocado e cortado transversal e longitudinalmente. As lâminas foram tratadas com azul-de-toluidina e montadas em resina sintética, para obtenção de imagens digitalizadas com auxílio microscópio de transmissão acoplado a uma filmadora e um microcomputador.

RESULTADOS:

No primeiro ensaio verificou-se que o clone 3487 apresentou a maior produção de matéria seca, mas foi o clone de menor produção na ausência de boro. No extremo oposto, o clone 68 apresentou pouca resposta às doses de boro. As plantas não apresentaram sintomas visuais de toxidez de boro nas concentrações mais elevadas. As máximas produções de matéria encontraram-se, em geral, na faixa de 40 a 50 µmol/L de B. As equações de melhor ajuste foram as do modelo raiz quadrático. Em geral, a taxa fotossintética alterou-se mais acentuadamente com as concentrações de boro que a transpiração e a condutância estomática. Os clones 68 e 129 foram os que apresentaram maiores valores de fotossíntese, transpiração e condutância estomática, com destaque para o 68. Nas análises anatômicas foram observadas diferenças morfológicas dos ápices radiculares na presença e na ausência de boro em solução nutritiva. A anormalidade dos tecidos nos tratamentos sob omissão de boro manifestou-se por diferenças na integridade da protoderme, cilindro vascular e alterações no número de células corticais. O clone 68 apresentou-se mais sensível à deficiência de boro do que o clone 129, evidenciado pela menor integridade dos tecidos e pela emissão precoce de raízes laterais próximas à região da coifa, característica comum em plantas submetidas ao estresse nutricional. A avaliação qualitativa dos cortes anatômicos de ápices radiculares dos clones 68 e 129 não permitiu verificar resposta à aplicação de boro via foliar.

CONCLUSÕES:
Observaram-se diferenças, em resposta ao material genético e as concentrações de boro em solução nutritiva. A deficiência de boro afetou a integridade de membranas dos ápices radiculares, levando a má formação de células, precocidade de diferenciação e morte de tecidos meristemáticos. O clone 129 apresentou-se menos sensível a deficiência de boro quando comparado ao clone 68 e não foi verificado, por meio da avaliação qualitativa dos ápices radiculares, resposta ao suprimento de boro via foliar.
Instituição de fomento: FAPEMIG
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: micronutrientes; deficiência; solução nutritiva..
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006