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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana

HABITAÇÃO DE RISCO: A REPRESENTAÇÃO DAS CAMADAS POPULARES ACERCA DO SEU ESPAÇO CIRCUNDANTE E DAS SUAS CONDIÇÕES DE MORADIA. UM ESTUDO DAS FAMÍLIAS RESIDENTES NO BAIRRO “NOVA VIÇOSA” EM VIÇOSA, MG.

Adriana de Souza Lima Coutinho 1
Neide Maria de Almeida Pinto 1
Mônica Aparecida Mendonça 1
(1. Universidade Federal de Viçosa)
INTRODUÇÃO:

A habitação de risco é um fenômeno comum em muitas cidades, resultado, antes de tudo, da lógica excludente em que se estruturou a nossa sociedade, negando o acesso a terra e à moradia a um segmento da população com baixo poder aquisitivo. É dentro dessa problemática que se insere este estudo, que tem como objetivo analisar condições de habitabilidade de moradores de áreas de risco na cidade de Viçosa, MG, bem como verificar as percepções destes em relação à sua moradia, identificando seus mecanismos e/ou estratégias de intervenção política no espaço vivido; a avaliação que fazem acerca do local que está disponível a ele, conforme suas necessidades de reprodução social.

METODOLOGIA:

Inicialmente, tencionávamos realizar a pesquisa no bairro Nova Viçosa, baseando nossa escolha no estudo de Vieira (2000) que caracterizou aquele bairro como uma das áreas de risco mais críticas da cidade. No entanto, o desenvolvimento da pesquisa de campo revelou uma realidade mais complexa e aguda em outros bairros. Assim, o nosso recorte empírico foi ampliado tomando como área de estudo, os bairros de Nova Viçosa, Bom Jesus, Sagrada Família, São Sebastião, Bela Vista e Centro. A amostra se constitui de uma parcela representativa de moradores que vivenciam a realidade do risco em relação às suas moradias.

RESULTADOS:

As situações analisadas revelaram que as construções de risco têm como principal fator agravante, as condições materiais da família, as condições construtivas (dentre elas, a ausência de mão-de-obra especializada, a falta de conhecimento das normas construtivas, a ausência de obras de contenção), as políticas públicas caracterizadas pela falta de apoio dos órgãos públicos e a própria percepção das famílias em relação ao risco. As análises iniciais revelaram que 73% dos entrevistados alegaram sentir segurança em relação à edificação. Apesar disso, 63,6% acham perigoso morar no local onde foi construída a casa; 54,5% acham perigoso morar na casa em períodos de chuva, devido ao risco de deslizamento de terra, desmoronamento da construção e outros problemas relacionados à chuva. Como contraponto, a grande maioria 73% alegou sentir-se bem morando na casa.

CONCLUSÕES:

O trabalho de campo tem mostrado evidências de uma realidade urbana que precisa ser tomada como uma questão social. Nesse sentido, a melhoria das condições de vida é um dos principais desafios ao Estado e à Sociedade Civil. Portanto, a efetivação de políticas urbanas que visem reduzir o déficit habitacional; a melhoria do acesso aos bens públicos e privados e o aumento da renda com eqüidade são emergenciais para a construção de cidades mais justas e mais acessíveis aos cidadãos.

 

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Habitação de risco; representação popular; condições de moradia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006