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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 5. Arquitetura e Urbanismo
CENTRO DE MACEIÓ COMO LUGAR DE MORADIA: LEMBRANÇA DE IDOSOS
Letícia Brayner Ramalho 1
Maria Emília Couto Sarmento 1
(1. FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS/FAU/UFAL)
INTRODUÇÃO:
O reconhecimento de uma área central como local de maior significado dentro das aglomerações urbanas, deve-se a vários fatores, entre eles, a posição geográfica, a condição de núcleo inicial da urbanização, a importância histórica. A perda da importância destes centros na vida das cidades tem ocorrido por inúmeros motivos, como por exemplo, o surgimento de novos centros e centralidades espaciais, a perda de funções, ou ainda, a deterioração da infra-estrutura arquitetônica e urbana destas áreas. Constata-se, por esses motivos, uma considerável diminuição no número de habitações existentes nestes centros. Contudo, a importância do centro da cidade vem ressurgindo não só devido ao resgate da identidade local e do simbólico, como também pela necessidade de recuperação e revitalização de sua estrutura urbana. Enquadrada neste caso, a cidade de Maceió apresenta um centro histórico que se distribui em vários espaços e reflete várias dominações e ciclos econômicos distintos. Abriga edificações religiosas, comerciais, administrativas e residenciais de uma classe, outrora, dominante, concentrando um acervo arquitetônico de gosto eclético. Essas edificações têm ocupação, majoritariamente, comercial.
METODOLOGIA:

Fez-se uso da História Oral enquanto metodologia, por se entender que através dela poderia se obter maior respaldo teórico, abrindo caminhos para uma nova análise das opiniões sobre o bairro em questão, e conseqüentemente, do interesse de habitá-lo.  O uso da História Oral enriquece o processo de pesquisa no momento em que preenche as lacunas deixadas pela história e pelos documentos textuais, servindo com complementadora destas outras fontes. Nesta pesquisa, fez-se uso desta metodologia através de entrevistas com atuais e antigos moradores da área central de Maceió, com faixa etária entre 60 e 90 anos, utilizando esses depoimentos para enriquecer o conhecimento adquirido sobre o Centro de outrora nos mais diversos aspectos relacionados com o “morar no Centro”, além de suas respectivas opiniões sobre o local de hoje.

RESULTADOS:

As histórias do bairro do Centro foram lembradas com muito saudosismo e principalmente com uma visão pura, inocente e até romântica, em algumas entrevistas. Não surgiram pontos negativos, mesmo quando citaram o alagamento provocado pela chuva, nem mesmo quando lembraram dos antigos ‘maloqueiros’, que somente pediam comida, bem diferentes dos maloqueiros-marginais da cidade urbana de hoje. Os passeios aos domingos na Rua do Comércio, os cinemas e o Carnaval foram lembranças recorrentes dos entrevistados, bem como as festas nas igrejas e nas praças, a convivência com a vizinhança, marcada pelas conversas nas calçadas. Para eles era um bairro maravilhoso. O sentimento de insegurança em relação ao bairro do Cento foi uma das questões que condicionou a opinião, unânime, dos entrevistados, frente a possibilidade de voltar a morar no bairro.

CONCLUSÕES:

O Centro da cidade, tornou-se também um local para a marginalização no período da noite, uma vez que suas lojas funcionam até as 18 horas, sendo este um forte e marcante motivo do desinteresse de um parcela da população, principalmente dos idosos, frente a vontade de morar no bairro. Constatou-se que o confronto desses relatos orais, provenientes dos sujeitos inquiridos trouxe experiências do lugar que focalizaram direta ou indiretamente aspectos positivos que podem subsidiar um provável processo de revalorização dessa área central tão significativa do ponto de vista histórico e cultural da cidade de Maceió.

Instituição de fomento: CNPQ
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: HISTÓRIA ORAL; IDOSOS; MORADIA.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006