O percurso metodológico seguido ao longo da execução do projeto comportou alguns passos essenciais, como leitura de várias obras teóricas sobre literatura popular e literatura de cordel, e de folhetos para garantir uma familiaridade com o objeto de estudo. Foi feito um levantamento dos autores de cordel de Campina Grande e região e a partir desta listagem de autores e obras selecionamos os poetas a serem estudados, procurando ter acesso às suas obras e fazer os primeiro contatos como cada cordelista. Em seguida, após as  leituras dos cordéis e o preenchimento de fichas catalográficas, elaboramos um roteiro  visando o levantamento preciso de informações durante a entrevista. Por fim redigimos um texto sobre o poeta e a sua obra, enfocando as principais características de cada autor, visando a construção da primeira versão do verbete sobre cada poeta.

O projeto tem cumprido o objetivo de documentar e estudar os folhetos de cordel.Fizemos o levantamento de 254 folhetos, grande parte deles escritos por autores que não constam em dicionários e antologias de poetas populares. Buscamos, em meio à diversidade de temas que cada poeta revela, ressaltar  aspectos que possam identificar cada poeta, como explicitamos abaixo.

O cordelista e cantador de coco Antônio Patrício de Souza

Antônio Patrício ou Toinho da Mulatinha, como ficou conhecido por morar numa região denominada Mulatinha, atualmente tem 79 anos e reside no bairro do São José, em Campina Grande, estado da Paraíba.Ele é o único cordelista que ainda pode ser encontrado na feira central da cidade, às quartas, sextas e sábados, onde vende raízes e cordéis. Para ele, a cantoria veio antes do cordel, pois começou a embolar coco antes de escrever influenciado pelo seu irmão, Dedé da Mulatinha.Em sua obra há uma marca formal peculiar que é a influência do coco de embolada; isto significa a presença de uma diversidade de estrofes e o não apego à sextilha ou setilha, modelos predominantes no cordel. Deste autor conseguimos catalogar 21 obras.  dentre as quais nos detivemos em Coco em um mote: nunca vi queria ver e em Viagem à Lua.

O cordelista e xilogravurista Antônio Lucena

Antonio Araújo de Lucena é um poeta popular residente na cidade de Campina Grande, Paraíba. Nascido em 6 de novembro em 1931 em Cajazeiras, morreu pouco depois da nossa entrevista, em novembro de 2005. Dentre os poetas paraibanos em atividade, destacava-se por acumular a função de escritor e de xilogravurista. Mestre nas duas artes, Lucena é o que se pode considerar como um legítimo poeta popular pelos temas, pelo modo de abordagem e pela visão de mundo que veicula em seus folhetos.Destaca-se em sua obra o tom bem humorado, o modo fantasioso e brincalhão de tratar seus temas e, em muitos folhetos, um tom mais picante no trato das questões ligadas a sexualidade, mas sem jamais fazer uso de apelações.  De suas obras publicadas até o presente momento, tivemos acesso a 16 obras e O Sabiá da Palmeira e As proezas de João Grilo Neto foram os folhetos em que mais nos detivemos.