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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 2. Economia Doméstica

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA: MAPEAMENTO E DIAGNÓSTICO DAS EMPRESAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Mariana Morais Pompermayer 1
Karla Maria Damiano Teixeira 1
Maria das Dores Saraiva de Loreto 1
Angelita Alves de Carvalho 1
(1. Universidade Federal de Viçosa / UFV)
INTRODUÇÃO:

Apesar de já existir desde 1920 o chamado “senso de responsabilidade”, foi a partir de 1980 que cresceu a preocupação com questões sociais e ambientais, onde empresas ativas no mercado se viram responsáveis por prover às comunidades nas quais estão inseridas, melhores condições e qualidades de vida, firmando a então chamada Responsabilidade Social (R.S.) ou Boa Cidadania Corporativa. Essa temática abarca um problema de extrema importância para a realidade sócio-econômica brasileira, principalmente pela crescente concentração econômica e aumento da desigualdade social e do desequilíbrio ambiental. O bem estar do indivíduo e de seus membros familiares depende, cada vez mais, de uma ação cooperativa e integrada de todos os setores da economia, num processo de desenvolvimento que coloque como uma de suas metas a promoção dos direitos humanos. Uma vez que o Estado por si só não tem conseguido suprir as necessidades básicas da população com eficiência, se tem nas empresas privadas, grande capacidade de criação e geração de recursos. Assim, a união do governo com estas organizações propiciará um fortalecimento das então chamadas entidades do terceiro setor e juntamente com estes seguimentos difunde-se, no mundo, a importância da Responsabilidade Social Corporativa, crescendo o interesse do setor privado em investir nos programas sociais.

METODOLOGIA:

O presente trabalho apresenta os dados finais da pesquisa realizada no período de julho de 2004 a julho de 2005. Tal pesquisa foi desenvolvida junto a organizações do estado de Minas Gerais que possuíam Programas de Responsabilidade Social e seus líderes empresariais, tendo como principais objetivos realizar um mapeamento das empresas do estado de Minas Gerais que possuíam e/ou implementavam programas sociais; diagnosticar esses programas; e, analisar a percepção dos líderes empresariais dessas organizações sobre os custos e retornos trazidos pelos programas sociais desenvolvidos. Para a realização do mapeamento das empresas e diagnóstico dos programas, os dados foram obtidos por meio do uso de registros documentais e aplicação de questionário semi-estruturado às lideranças empresariais, que foram posteriormente analisados por meio do uso de métodos estatísticos descritivos onde se fez uso do software Sistema para Análises Estatísticas (SAEG). Para realizar o estudo qualitativo, referente à percepção dos líderes empresariais, foram utilizados questionários semi-estruturados e as respostas foram transcritas, categorizadas e analisadas tematicamente.

RESULTADOS:

Dos resultados obtidos, tem-se que, das empresas inicialmente pesquisadas, 97% disseram investir em programas de responsabilidade social. Destas, a grande maioria localiza-se na região metropolitana de Belo Horizonte, possuem entre 100 e 500 funcionários e 43,28%, contam com parcerias para o desenvolvimento dos projetos. Grande parte das organizações atua em mais de uma área da R.S., sendo que 28,07% delas atuam principalmente na área cultural, tendo como principal público-alvo à comunidade em que estão inseridas. De um total de 673 programas encontrados e analisados, 32,83% são tidos como assistencialistas e estes desenvolvidos em sua grande maioria por empresas de médio porte. Em relação ao discurso das lideranças empresariais, cada vez mais as organizações se atentam para o fato de o Estado por si só não conseguir suprir eficientemente as demandas da população e com isso adotam novas práticas e ética empresarial; reforçam a Boa cidadania investindo em melhores projetos e, garantem, além da melhor assistência aos “stakeholders”, a sustentabilidade a longo prazo da organização perante um mercado consumidor cada vez mais exigente. Essa reciprocidade de reações foi descrita por uma das lideranças como um sistema ganha/ganha onde empresa e seus públicos estão cada vez mais próximos e a responsabilidade social passou a fazer parte da gestão empresarial das instituições.

CONCLUSÕES:

Tem-se então que o fato de ser uma grande ou pequena empresa não tira a possibilidade de uma organização investir em Responsabilidade Social uma vez que os programas têm diferentes públicos alvos e podem ser extensos ou não. O que pode diferenciar é a quantia de recursos disponíveis para a realização dos programas, a capacidade de envolver os “stakeholders” e a área para a qual se direcionará as ações. Embora prevaleça a idéia da Responsabilidade Social Corporativa enquanto promotora da cidadania e dos direitos humanos existe ainda o conhecido “marketing” empresarial em cima do qual, muitas instituições usam de filantropia para ganhar fama de serem socialmente responsáveis. Apesar da percepção do uso desse “marketing” social pode-se notar, através do relato dos líderes, a crescente participação e conscientização por parte dos mesmos em prover maiores e melhores programas. Por fim vemos que, para a maioria dos líderes, parece se tornar extremamente vantajoso ter gastos com bons projetos, estrutura física para o desenvolvimento das ações e divulgações e balanços sociais uma vez que, com estas preocupações, ganham não só empresa, mas também a sociedade como um todo.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Responsabilidade Social Corporativa ; Mapeamento de empresas; Ações Sociais Empresariais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006