IMPRIMIR VOLTAR
B. Engenharias - 1. Engenharia - 13. Engenharia Sanitária
AVALIAÇÃO DA BIODEGRADABILIDADE DE BANDEJA TERMOFORMADA DE FÉCULA DE MANDIOCA

Fabiana Fabro 1
Jorge Luiz Dutra Ghem 1
Janete Aparecida Evarini 1
Ana Carolina Barbosa Kummer 1
Simone Damasceno 1
(1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE)
INTRODUÇÃO:

Com o crescente consumo de plásticos, aumentou também a preocupação com o seu descarte, que muitas vezes é feito de forma inadequada gerando problemas de poluição ambiental. A utilização de materiais biodegradáveis é indicada como uma das soluções mais indicadas para minimizar esses problemas, necessitando de intensa pesquisa para viabilização técnica e econômica.

Os bioplásticos presentes no bercado são oriundos principalmente de amido, com 85% a 90% desse constituiente. A fécula de mandioca, devido as suas propriedades, tem sido objeto de estudo no desenvolvimento de materiais biodegradáveis para aplicação em vários setores.

Para favorecer o desenvolvimento dos materiais biodegradáveis é necessário um logotipo internacional que seja reconhecido pelo consumidor para indicar que o material comprado é compostável. As diferentes normas para avaliação da biodegradabilidade de materias que existem (ASTM e ISO), apresentam condições de compostagem diferentes, o que muitas vezes impede a comparação dos resultados.

Testes de biodegradabilidade em meio sólido inerte têm sido considerados como adequados, pelo fato de proporcionarem resultados que se aproximam da realidade e por permitirem a realização do balanço de C.

Embora vários trabalhos têm sido realizados para o desenvolvimento e avaliação do desempenho das bandejas termoformadas em diversos usos, ainda não se têm informações da realização de teste a nível nacional, para determinar a biodegradabilidade das mesmas, o que no momento em que se tornarem utilizadas em escala real será exigido. Neste contexto o presente trabalho teve por objetivo avaliar a biodegradabilidade de bandeja termoformada de fécula de mandioca em meio sólido inerte.

 

METODOLOGIA:

O material avaliado quanto à biodegradabilidade foi bandeja termoformada de fécula de mandioca. O experimento foi realizado no Laboratório de Saneamento da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel. Utilizou-se respirômetros mantidos em câmara incubadora do tipo BOD, com temperatura média de 45ºC e injeção constante de ar à vazão de 3 Lmin -1. No reator (1L) foram introduzidos 5g de bandeja, triturada e homogenizada, 45 mL de inóculo extraído de pilha de compostagem de resíduos urbanos, 180 g de meio sólido inerte de vermiculita e 410 mL de meio mineral. O teos de carbono orgânico inicial da bandeja foi 397,39 gKg -1. Utilizou-se dois conjuntos de respirômetros idênticos.

A biodegradabilidade foi avaliada através da determinação da quantidade de CO2 liberada durante o processo de degradação aeróbia. O CO2 liberado foi retido na solução de hidróxido de bário 0,0125 M, a qual foi tiutulada com solução de ácido clorídrico 0,05 M, quantificando o CO2 liberado num dado período. De posse dos dados de C orgânico total inicial do material e da quantidade de CO2 liberada durante a degradação, foi possível calcular a taxa de biodegradação obtida para o material avaliado em meio sólido inerte de vermiculita.

RESULTADOS:

Obteve-se taxa de mineralização média de 63,45 % para bandeja termoformada de fécula de mandioca em meio sólido inerte de vermiculita, após 1080 horas de processo ou 45 dias à temperatura de 45ºC. O processo apresentou fase de latência de 13,5 horas.

As normas de avaliação de biodegradabilidade estabelecem que, para o material ser considerado como biodegradável, 60% do carbono do polímero deve se mineralizado para CO2 em 45 dias.

Os resultados do teste de biodegradabilidade da bandeja demonstraram que o material é biodegradável, ultrapassando o limite mínimo de 60% de mineralização em 45 dias. Trabalhos de determinação da biodegradabilidade de amido em meio de vermiculita com 45 mL de inóculo a 58oC, atingiram 72,9% de mineralização em 18 dias de processo.

Observou-se que a taxa de mineralização obtida no presente estudo fo inferior aos valores obtidos em demais trabalhos com amido, demonstrando que a temperatura influencia nas taxas de mineralização, já que os materiais avaliados apresentavam constituições muito semelhantes. Outro aspecto que pode ter influenciado na taxa de mineralização é o tipo de inóculo utilizado pois, mesmo que se sigam as orientações de extração de inóculo, em  função do tipo de composto que se utiliza, os tipos de microrganismos são variáveis, refletindo em maior ou menor mineralização, podendo assim caracterizar um material biodegradável como não-biodegradável, por não atingir o mínimo estabelecido em 60 dias de processo.

CONCLUSÕES:

A taxa de mineralização média obtida para bandeja termoformada de fécula de mandioca em meio sólido inerte de vermiculita foi de 63,45 %, atestando a biodegradabilidade do material. 

Testes de biodegradabilidade com controle de temperatura e do inóculo devem ser realizados, para poder padronizar as metodologias para a certificação de materiais biodegradáveis.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Biodegradação; Polímeros biodegradáveis; Mineralização .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006