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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
HISTOLOGIA E BIOQUÍMICA DA INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA EM TOMATEIRO CONTRA Alternaria solani PELO TRATAMENTO COM EXTRATO DE Curcuma longa E SOLUÇÃO DE CURCUMINA
Bárbara Eckstein 1
Luciana Iurkiv 1
José Renato Stangarlin 1
Maria Isabel Balibi-Peña 2
Mário César Lopez 1
Kátia R. F. Schwan- Estrada 2
(1. Dep. Fitopatologia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Unioeste.; 2. Dep. Fitopatologia, Universidade Estadual de Maringá, UEM.)
INTRODUÇÃO:
O tomateiro (Lycopersicon esculentum Mill.) é a segunda solanácea mais cultivada no mundo e o Brasil é o maior produtor desta hortaliça na América Latina. A pinta preta causada pelo fungo Alternaria solani caracteriza-se por ser uma das mais importantes e freqüentes doenças desta cultura, apresentando alto potencial destrutivo e ocasionando elevados prejuízos econômicos. Sua maior incidência é constatada em condições de alta umidade relativa do ar e temperatura entre 25 e 30ºC. O emprego de fungicidas é a forma de controle mais utilizada, pois o controle genético ainda é inviável. Entretanto, a utilização indiscriminada desses produtos pode acarretar desequilíbrio ambiental, intoxicação humana e aumento no custo de produção. Portanto, tem-se buscado desenvolver alternativas de controle, que possam ser utilizadas na produção orgânica de alimentos, sendo o controle biológico e a indução de resistência exemplos potenciais. Trabalhos desenvolvidos com extrato bruto ou óleo essencial obtidos a partir de plantas medicinais têm indicado o potencial das mesmas no controle de fitopatógenos. O uso de Curcuma longa (açafrão) no controle de fitopatógenos tem sido estudado. O objetivo do trabalho foi avaliar em nível estrutural e bioquímico uma possível indução de resistência em tomateiro contra A. solani pelo tratamento com extrato bruto de cúrcuma e solução de curcumina.
METODOLOGIA:
Plantas de tomate da cultivar Bônus F1 foram semeadas em bandejas de isopor e após 28 dias foram transplantadas para vasos de 4 L, sendo mantidas em casa de vegetação até o término do experimento. Aos 75 dias após a semeadura foram realizados seis tratamentos: extrato aquoso de rizomas frescos de C. longa (1 e 10%), solução de curcumina (50 e 100 mg L-1), acibenzolar-S-metil (ASM) (1,25 g i.a. 100 L-1) e água. A 7a folha das plantas recebeu os tratamentos e a 8a folha não foi tratada. Após 78 h dos tratamentos, a 7ª folha tratada e a 8ª folha não tratada foram inoculadas com A. solani (1x104 conídios mL-1). Foram coletados discos foliares com 1,5 cm de diâmetro das 7a e 8a folhas às 18, 36 e 48 h após inoculação com o patógeno, e armazenadas em FAA (formol:ácido acético:etanol 50%, 5:5:90, v/v/v) para avaliação histológica (observação em microscópio ótico de estruturas de resistência pós formadas na epiderme foliar, como halos, papilas e lignificação de células). Também foram coletados discos foliares de 1,5 cm de diâmetro às 24 h, 48h, 96 h e 8 dias após inoculação para os testes bioquímicos (determinação da atividade total e da atividade específica de peroxidases em espectrofotômetro), sendo estas armazenadas a –20 oC.
RESULTADOS:
Houve tendência da cúrcuma 1% e curcumina 50 mg L-1 em reduzir, em média, a atividade de peroxidase em 34% na 7ª folha e 26% na 8ª folha. Os tratamentos que mais induziram atividade de peroxidase foram cúrcuma 10% na folha 7 e ASM na folha 8. Para a atividade específica na folha 7, verificou-se que todos os tratamentos proporcionaram valores em média 58% maiores em relação à testemunha. Para a folha 8 apenas ASM e curcumina 100 mg L-1 proporcionaram incremento de 21% e 36%, respectivamente, em relação à testemunha. Houve incremento para o tratamento C. longa 10% e curcumina 100 mg L-1 por volta do 2º dia após inoculação, para atividade e atividade específica de peroxidase, respectivamente, na folha 7. Na folha 8, a atividade e atividade específica foram superiores para os tratamentos ASM e C. longa 1% respectivamente, por volta do 2º dia após inoculação. Na avaliação histológica observou-se que a formação de halos, papilas e lignificação de células não conferiram resistência em tomate contra o patógeno. Para as 7ª e 8ª folhas o tratamento com ASM resultou em maior formação de papilas, mas apresentando diferença estatística somente para a folha 8. A maior formação de halos para a 7ª folha foi encontrada na testemunha e no tratamento com ASM; para a 8ª folha não houve diferença estatística. Observou-se maior número de células lignificadas para a testemunha na 7ª folha, enquanto que na 8ª folha não houve diferença estatística entre os tratamentos.
CONCLUSÕES:
Extrato aquoso de rizoma de C. longa e solução de curcumina não induzem a formação de papilas, halos e lignificação de células epidérmicas em folhas de tomateiro inoculadas com A. solani, assim como tais barreiras não são efetivas no controle da doença neste patossistema. A maior quantidade de barreiras estruturais como halos e papilas para a testemunha podem ser decorrentes da maior quantidade de esporos germinados e elevada taxa de tubos germinativos formados na água, logo houve maior tentativa de infecção e resposta por parte da planta. Os tratamentos com C. longa e soluções de curcumina são capazes de induzir a atividade de peroxidases, de forma local e sistêmica, em folhas de tomateiro inoculadas com A. solani.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Indução de Resistência; Controle Alternativo; Planta Medicinal.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006