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A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física

DINÂMICA DO APORTE DE SEDIMENTOS NO RIO MOLHA – JARAGUÁ DO SUL - SC

Marcos Alexandre Polzin 1
Fabiano Antonio de Oliveira 1
(1. Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:

A ocupação da área atualmente conhecida com Rio Molha, Jaraguá do Sul – SC, remete ao início do século XX, quando os primeiros migrantes, muitos deles vindos de quilombos da região de Paraty (atual Araquari), se estabeleceram na região. A população local aumentou consideravelmente após o início da industrialização do município nas décadas de 50 e 60 do século passado. A atividade de cultivo que se observa, principalmente em áreas de maior declividade, promove a remoção da vegetação original, com práticas em que se utiliza o fogo, entre outros. A decorrente exposição do solo propicia uma intensificação do carreamento de materiais superficiais para a rede hidrográfica. O intenso processo de urbanização fez necessário, em diversas partes, o uso de aterros. A abundância de recursos hídricos na área em questão propiciou a construção de inúmeros tanques de piscicultura. O aumento da carga sedimentar nesta área pode estar relacionado ao processo de assoreamento do rio Jaraguá, do qual o rio Molha é afluente. Efetuou-se também mensurações de vazões equantificação de sedimentos de arraste e suspenção em três pontos do perfil longitudinal do referido rio, correlacionando-os aos índices de turbidez, além de análises granulométricas e mineralógicas nos três pontos de coletas e em aterros ao longo da calha fluvial. Desta forma, o presente trabalho gerou conhecimento através de dados quali-quantitativos referêntes à dinâmica da produção e deposição de sedimentos na calha do rio Molha.

METODOLOGIA:
O processo analítico de quantificação e caracterização dos sedimentos transportados pelo rio teve início com a delimitação da bacia de contribuição e a definição de três pontos de mensuração de vazão e coleta de amostras de sedimentos. As vazões e as coletas foram realizadas em caráter quinzenal.  Os valores de vazão foram obtidos  a partir do cálculo da área da seção transversal pela regra de Simpson, multiplicada pela velocidade média da corrente. A quantificação do material em suspensão deu-se de forma direta pelo método de amostragem pontual (CARVALHO, 1994). Para a quantificação do material em suspensão utilizou-se do método de filtragem proposta por Carvalho (op. cit) através de membranas de éster de celulose com eficiência de retenção de 0,62 mm e 0,02 mm.. Para se quantificar sedimentos em suspensão, multiplicou-se: Peso-sedimentos (ppm) X Q (vazão m3/s) x 0,0864 tendo como produto o valor das respectivas quantidades no período de 24 hrs. Em relação ao material de arraste, utilizou-se o método indireto determinístico de Colby (1957 apud SANTOS, 2004) para sólidos totais. Os índices de turbidez foram obtidos através do turbidímetro SOLAR SLK2. As análises granulométricas e mineralógicas foram realizadas segundo metodologias propostas por Suguio (1982). Os índices pluviométricos em caráter diário foram disponibilizados pelo CIRAN/ANA.
RESULTADOS:
Os índices pluviométricos foram, de modo geral, bem distribuídos durante o  período de pesquisa. Observou-se um esperado acréscimo do volume da vazão nos dias posteriores aos eventos chuvosos. Os índices de turbidez também foram correlacionados ao volume das vazões. Observou-se um nítido aumento no valor desse parâmetro geralmente acompanhado pelo aumento de vazões nos três pontos de análises. No entanto, o índice de turbidez teve um significativo aumento com as liberações de efluentes oriundos de lagoas de piscicultura, principalmente no ponto “intermediário”. Tais eventos eram sazonais, porém, somados ao aumento das vazões decorrentes das chuvas, pôde-se  registrar um significativo aumento de sedimentos e M.O. em suspensão. Acompanhando os níveis de turbidez, as quantificações de sedimentos em suspensão pelo método direto (filtragem) e indireto (fórmula de Colby) também apresentaram um sensível aumento nos dias de liberação dos efluentes. As análises mineralógicas e granulométricas apontaram uma participação considerável dos sedimentos oriundos dos aterros nos pontos intermediário e jusante.
CONCLUSÕES:
A pesquisa apresentou dados inéditos de vazões e do aporte de sedimentos na bacia hidrográfica do rio Molha. A produção de sedimentos pode ser considerada alta em relação à sua vazão, totalizando, segundo a fórmula de Colby, uma média de 4,68 ton/dia (somados aos dias de “pico”) no ponto  mais a jusante, na base do enxutório. Esta fato pode ser explicado pela intensa ocupação antrópica existente as margens do rio, que resultou em construções de aterros para fins de moradia e melhoramento asfáltico, além de atividades predominantemente rurais como culturas diversas e piscicultura. A análises estabelecem correlações entre materiais inconsolidados de aterros e o aumento de turbidez e de sedimentos na calha do rio. Pode-se concluir ainda que os efluentes oriundos de lagoas de piscicultura são responsáveis por grande parte do material sedimentar e matéria orgânica, principalmente no ponto Intermediário e Jusante.
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Rio Molha; Hidrossedimentologia; Vazão.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006