Trata-se de uma pesquisa em História Antiga que aborda quatro discursos político-deliberativos do orador ateniense que viveu no século IV a. C. O objetivo central é mostrar como a política, uma atividade racional, não prescinde do mito, ou seja, no contexto histórico em questão, mito e política são duas esferas interligadas.

Buscando a presença de alusões míticas nos discursos demostênicos, segue-se a identificação de tais mitos, como o orador os evoca e qual a função que os mesmos ocupam na obra. Além da leitura bibliográfica acompanhada de análise, o trabalho se fundou no estudo dos quatro discursos, sendo que as referências míticas foram buscadas por meio dos tópois, isto é, os lugares comuns do discurso, técnica retórica usada pelos oradores, repetida com certo intervalo de tempo durante o pronunciamento, a fim de aumentar o poder de persuasão; exemplos de tópois são: guerra, paz, situação do exército, cidadania, proteção do território.

As referências mitológicas encontradas nos discursos estão diretamente ligadas com os mitos da bela morte e da autoctonia ateniense, o que denota a preocupação do orador em reeducar seus ouvintes-concidadãos ao tentar recuperar os ideais do soldado-cidadão, da atuação cívico-política, das glórias do passado ateniense, da morte em combate e da eternidade na memória cívica.

Os fatores acima mostram como, na Grécia antiga, mito, política e religião constituem uma tríade indissociável. Demóstenes fracassou em sua empreitada porque a pólis e o perfil do cidadão por ele defendidos não mais se adaptavam às transformações ocorridas na Grécia após a Guerra do Peloponeso, mesmo assim, suas idéias políticas são filhas do momento histórico em questão, uma vez que buscam remediar os problemas da época, algo que confere a Demóstenes um importante lugar na história do pensamento político.

Instituição de fomento: PIBIC-CEPE

Trabalho de Iniciação Científica