O acelerado e desordenado processo de urbanização no Brasil, seja nas metrópoles, cidades médias ou pequenas tem se revelado contraditório e problemático, trazendo desdobramentos e conseqüências danosas a grande parte da população. Ao contrário do ideário incutido, de locais onde existem oportunidades para todos, as urbes estão longe de representarem espaços que ofereçam melhores condições de vida. O que se tem definido são territórios distintos e fragmentados com intensa segregação e exclusão social, nos quais se encontram áreas totalmente privilegiadas no que diz respeito à disponibilidade de equipamentos e infra-estrutura urbana, e zonas onde os serviços públicos têm baixa intensidade de ocorrência ou simplesmente não existem. A cidade de Nossa Senhora da Glória em Sergipe constitui-se um centro regional, exercendo forte atração sobre os municípios ao seu entorno o que tem levantado questionamentos sobre a (in)sustentabilidade de seu crescimento. O objetivo desse trabalho é verificar as condições socioambientais da cidade de Nossa Senhora da Glória/SE através de indicadores que revelem  a oferta e o acesso a serviços e equipamentos coletivos.

Na construção do trabalho foi feito um levantamento bibliográfico; com essa base foram selecionados alguns indicadores que melhor se enquadravam para revelar a configuração socioambiental e as desigualdades territoriais na cidade estudada, de maneira clara e precisa. Num segundo momento foram efetivadas coletas de dados secundários junto a órgãos e entidades públicas que receberam tratamento estatístico e foram integrados a outras informações para a composição dos indicadores. Foram realizadas visitas à área de estudo, quando foram feitos registros fotográficos. De acordo com o que foi levantado no trabalho de campo e nos órgãos visitados partiu-se para a elaboração de questionários. Foram aplicados junto à população, um total de 184 unidades, equivalendo a uma amostra de 5% do total de domicílios particulares permanentes. Os indicadores e variáveis trabalhados foram: resíduos sólidos(coleta, composição e área de deposição do lixo), saneamento(esgotamento sanitário), infra-estrutura e bem estar coletivo(condições de circulação e comunicação; segurança pública), saúde(água e saúde), educação(escolarização básica), cobertura vegetal(arborização urbana), habitação(condições de habitabilidade) trabalho e renda(renda familiar média). Os indicadores atenderam às dimensões ambiental, social, econômica, política e cultural.

As informações proporcionadas pelos indicadores intra-urbanos abrem perspectivas para a discussão da gestão ambiental e direcionamento de políticas públicas em busca de soluções que conciliem o crescimento econômico, qualidade de vida, e conservação dos recursos naturais. No caso de Nossa Senhora da Glória, os indicadores apontaram  que o crescimento desse centro urbano não foi acompanhado do desenvolvimento de condições necessárias à qualidade de vida da população. Aqueles que foram atraídos pela esperança de encontrar as benesses da vida urbana, como a disponibilidade de moradias dignas dotadas de infra-estrutura como água, energia, rede de esgoto, pavimentação; opções de saúde, educação e lazer; frustraram-se frente à configuração existente. Especialmente, aqueles que não encontraram trabalho. Logo, a cidade enfrenta problemas como o aumento da violência, preconceito e discriminação, principalmente entre as comunidades mais carentes. Numa urbanização desigual, os problemas sociais e ambientais seletivos afetam também desigualmente, confirmando as características de exclusão e inclusão quanto à infra-estrutura urbana, negando o direito que toda a população tem de atendimento às suas necessidades básicas para a garantia da qualidade de vida.