IMPRIMIR VOLTAR
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 3. Geografia
CORRELAÇÃO ENTRE A DENSIDADE DEMOGRÁFICA E A DISTRIBUIÇÃO DA ENDEMIA HANSÊNICA NA ZONA URBANA DO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ/RN
Gutemberg Henrique Dias 1
Márcia Célia Freitas de Souza Dias  2
Mauricio Lisboa Nobre 3
Selma Maria Bezerra Jerônimo 3
(1. UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE; 2. PREFEITURA DE MOSSORÓ; 3. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE)
INTRODUÇÃO:
O município de Mossoró é a segunda maior cidade do Rio Grande do Norte com uma população de 213.841 habitantes. A zona urbana ocupa uma área de 101,42 Km2 e concentra 93,09% da população do município. Nos últimos 10 anos, Mossoró vem registrando o maior número de casos de hanseníase do Estado, com uma taxa de detecção de 5,16/10.000 habitantes no ano de 2004. Tendo em vista que a distribuição da doença não é uniforme na zona urbana do município, este trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a correlação entre a distribuição geográfica dos casos de hanseníase diagnosticados entre 1998 e 2002 com a densidade demográfica registrada nos 170 setores censitários do município no meio do período (2000).
METODOLOGIA:
O estudo utilizou o Sistema de Informação Geográfica (SIG) para gerar um produto cartográfico capaz de correlacionar o georreferenciamento de 281 casos novos de hanseníase detectados na zona urbana do município de Mossoró entre 1998 e 2002 com as informações de densidade demográfica por setor censitário do IBGE (base de dados do censo de 2000). Para a análise geográfica utilizou-se o software ArcView 9.0.
RESULTADOS:
O estudo revelou uma maior ocorrência de casos da doença em áreas do município onde existe uma maior concentração populacional, mostrando que 76,8% dos casos de hanseníase estavam localizados em setores censitários com densidade demográfica maior que 5.000 hab/Km2, sendo 51,5% dos casos localizados em setores com densidade acima de 10.000 hab/Km2. Tendo em vista que a hanseníase é uma doença infecto-contagiosa transmitida pelas vias aéreas superiores, diretamente de um paciente multibacilar a um indivíduo susceptível, espera-se que as chances de contágio sejam maiores onde há maior aglomerado populacional, no entanto esta associação ainda não havia sido demonstrada de forma tão clara como no presente trabalho. Um mapa temático foi gerado mostrando a área habitada da zona urbana do município, sendo possível observar a existência de áreas ocupadas onde não foram registrados casos da doença; estas áreas quando analisadas a partir do mapa temático da densidade demográfica da zona urbana do município, constata-se que o aglomerado populacional é baixo. As áreas que apresentaram maior número de casos da doença correspondem aos setores censitários com densidade demográfica muito alta, chegando a 19.390 habitantes/km2, no bairro Santo Antônio. Salienta-se que essas áreas apresentam baixo padrão sócio-econômico, coincidindo com os achados de Mercaroni, que estudando a distribuição geográfica da hanseníase no município de Fernandópolis/SP observou que o coeficiente médio de detecção era diretamente proporcional ao índice de carência social (ICS).
CONCLUSÕES:
A análise dos mapas temáticos gerados mostra claramente a maior ocorrência de casos da doença em áreas do município mais densamente povoadas. Esta observação pode ser extremamente útil como auxiliar na tomada de decisões no que diz respeito à priorização de áreas para intervenções de combate à hanseníase, neste e em outros municípios, podendo resultar em importante redução de custos para as Secretarias Municipais de Saúde.
Instituição de fomento: THE LEPROSY RELIEF ASSOCIATION
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: SIG; DENSIDADE DEMOGRÁFICA; HANSENÍASE.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006