A presença de diferentes mídias em nosso cotidiano informacional impõe à escola - em sua tarefa de formar receptores críticos - a necessidade de trabalhar com a compreensão de diversas linguagens. Este trabalho visa a ser uma contribuição ao estudo da linguagem cinematográfica na escola e,  conseqüentemente, à formação de receptores críticos. 

A atualidade e a necessidade de estudos sobre o cinema na escola é revelada pela existência de pesquisas que já vêm sendo desenvolvidas pela Escola de Comunicações e Artes (ECA), na USP; por publicações sobre o tema, feitas pela FDE (Coleção Apontamentos); pela abordagem que a TV Escola, criada pelo Ministério da Educação, faz do tema.

O interesse por tal pesquisa justifica-se pelo fato de que o cinema é pouco utilizado na escola e, quando o é, dificilmente dele é feita uma abordagem reflexiva e, sim, apenas recreativa. Acredito que se os docentes forem orientados num trabalho sobre a linguagem cinematográfica, os filmes poderão ser explorados em diferentes disciplinas sob diversas óticas.

Para o desenvolvimento de minha pesquisa realizei uma pesquisa sobre projetos existentes extintos que abordavam a questão do áudio-visual na escola. Durante o período de pesquisa em questão, realizei constantes visitas à biblioteca da PUC-SP bem como à da ECA-USP, e foi indispensável também o uso da Internet como fonte de consulta, tendo em vista a existência de vários sites relacionados ao assunto investigado.

De todos os projetos pesquisados, a Coleção Apontamentos foi escolhida para servir de modelo para o guia que desenvolvi.

A extinta Coleção Apontamentos da Fundação para o Desenvolvimento do Ensino tratava-se de um guia para professores com o objetivo de incorporar o vídeo na escola, levando em conta a possibilidade interdisciplinar na aplicação desse em sala de aula. Tinha o intuito de minimizar a falta de subsídios das escolas ao tentarem introduzir o vídeo, pois a aquisição de títulos pelas diversas instituições representava um grande gasto. Desta maneira, todos os professores teriam disponíveis vários filmes e guias para a utilização em sala de aula.

Para confecção do meu próprio guia escolhi o filme A alma do negócio, dirigido por José Roberto Torero, em 1996, pelo fato de o filme: ser de curta metragem, o que facilita sua exibição e exploração no tempo previsto de uma aula; ser uma produção nacional; desenvolver uma temática que possibilita discussões interdisciplinares e permitir aproximações com a linguagem da publicidade, o que propicia realizar o estabelecimento de interfaces entre linguagens.

Entrevistei o diretor do filme para contextualizar a produção do filme e obter o diálogo do mesmo.

Como resultado desta pesquisa, elaborei um guia com apontamentos  sobre o filme A alma do negócio dirigido por José Roberto Torero, em 1996, para ser utilizado por professores em sala de aula.

Esse guia visa potencializar a função do vídeo na escola, pois o apresenta como ferramenta pedagógica e não apenas como elemento de recreação.

A presente pesquisa buscou, num primeiro momento, refletir sobre as potencialidades do uso do vídeo na escola e, posteriormente, desenvolver um guia a ser utilizado por professores.

Foi possível observar que o curta-metragem se apresenta como o formato ideal para promover a discussão em sala de aula. Porém, para que a utilização do curta seja de fato eficiente, verifiquei que os professores devem receber instruções específicas. Sobre essa questão, tomei conhecimento de diversos materiais que visam à capacitação dos educadores.

Entre os materiais estudados, encontrei a Coleção Apontamentos, da FDE, e, a partir dela, foi elaborado o guia do filme A alma do negócio . O guia, resultado prático de minha pesquisa teórica, é uma ferramenta a serviço do professor, que poderá se valer de outros materiais para ilustrar/aprofundar o conteúdo de suas aulas.

Uma outra questão que é interessante observar é que com a exibição dos filmes em sala de aula, será possível ampliar o número de espectadores do cinema nacional.

Percebe-se que as discussões acerca da utilização do vídeo na escola não são recentes e que, por sua importância, ainda há um vasto campo a ser explorado.