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E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 3. Fitossanidade
IDENTIFICAÇÃO DE RAÇA DE Meloidogyne incognita NO OESTE DO PARANÁ.
Heloísa Maria Formentini 1
Charles Elton Fensterseifert 1
Edson Page 1
Vanessa Antes 1
Karine Seifert 1
Cleber Furlanetto 1
(1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ-UNIOESTE)
INTRODUÇÃO:
Nematóides do gênero Meloidogyne Goeldi estão entre os patógenos mais importantes da agricultura mundial, afetando as mais diversas culturas de importância econômica. No Brasil, diversas espécies do gênero já foram relatadas, sendo que Meloidogyne incognita (Kofoid & White) Chitwood é uma das mais disseminadas.  No estado do Paraná, as principais culturas afetadas por este nematóide são a soja e o café. Relatos anteriores indicam a ocorrência de M. incognita no norte e oeste do Paraná. Estudos com ênfase na identificação de espécies e raças de Meloidogyne são de vital importância para a adoção de sistemas de sucessão/rotação de culturas mais viáveis e para o uso de cultivares resistentes. Atualmente, 4 raças de M. incognita são identificadas com base no teste de hospedeiros diferenciais da Carolina do Norte.  Este teste é avaliado pela reação de 6 plantas diferenciadoras à infecção por M. incognita. A avaliação é qualitativa, ou seja, com base apenas na presença ou ausência de galhas no sistema radicular das plantas inoculadas. Sendo assim, a raça 1 de M. incognita não infecta o algodão e o fumo, a raça 2 infecta somente o fumo, a raça 3 só o algodão e a raça 4 ambos os hospedeiros. As demais hospedeiras apresentam padrões de resistência ou suscetibilidade semelhantes às 4 raças de M. incognita. Objetivou-se com o presente estudo identificar a raça de uma população de M. incognita do Oeste do Paraná como caráter primário à adoção de medidas de controle.
METODOLOGIA:
Coleta, identificação e multiplicação de M. incognita: A população de M. incognita foi coletada no município de Marechal Cândido Rondon, Oeste do Paraná. Fêmeas individuais de M. incognita foram inoculadas em tomate Sta Cruz KaDa para a multiplicação de populações monoespecíficas. A identificação da espécie foi realizada pela configuração da região perineal e pelo fenótipo para a isoenzima esterase; Extração de ovos e J2: Ovos e formas infestantes J2 foram extraídos de raízes trituradas em liquidificador contendo solução de hipoclorito de sódio a 0,5%. O triturado foi passado em peneira de 48 mesh sobre peneira de 400 mesh. A suspensão foi centrifugada a 2000 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi descartado e o precipitado resuspendido em solução de sacarose (densidade de 1,15 g/cm3). Após, os tubos foram centrifugados a 2000 rpm por 1 minuto. O sobrenadante foi vertido em peneira de 400 mesh e recolhido em béquer com água. Contagem e inoculação de M. incognita: A contagem de ovos e J2 foi feita em lupa, tendo-se inoculado 5000 ovos e/ou J2 por planta diferenciadora com três repetições. As plantas diferenciadoras inoculadas foram o tomate Rutgers, amendoim Florunner, pimentão Califórnia Wonder, fumo NC 95, algodão Deltapine 61 e melancia Charleston Gray; Avaliação: As plantas diferenciadoras foram avaliadas dois meses após a inoculação. A avaliação consistiu da presenca e contagem do número de galhas por raiz de planta diferenciadora.
RESULTADOS:
A melancia Charleston Gray, o pimentão Califórnia Wonder e o tomate Rutgers apresentaram galhas em seu sistema radicular. A média do número de galhas por raiz de planta diferenciadora foi de 32 para a melancia, 168 para o pimentão e 21 para o tomate. Observou-se também variação no tamanho das galhas formadas em raízes de melancia em relação às do tomate pimentão. O tomateiro, padrão de suscetibilidade, apresentou a taxa mais baixa de infecção dentre as hospedeiras suscetíveis a M. incognita. Isto ocorreu, provavelmente, devido ao fraco desenvolvimento das plantas de tomate sob condição controlada, o que pode ter interferido no processo de infecção. Diferenças nos níveis de infecção em plantas diferenciadoras enfatizam a necessidade de se ter, no mínimo, 3 repetições por tratamento para se evitar erros de interpretação dos resultados. O amendoim Florunner, como padrão de resistência a todas as raças de M. incognita, não apresentou galhas em seu sistema radicular.  As demais hospedeiras diferenciadoras como o Algodao Deltapine 61 e o Fumo NC 95, também mostraram-se resistentes a M. incognita, não permitindo a formação de galhas em seu sistema radicular.
CONCLUSÕES:
Com base nos resultados apresentados conclui-se que a população de M. incognita testada pertence à raça 1, a qual é diferenciada das demais raças principalmente pela incapacidade de infectar o algodão e o fumo, já que a capacidade infectiva para as demais hospedeiras é semelhante para todas as raças desta espécie. Desta forma, o fumo e o algodão poderiam ser utilizados em rotação com a soja em áreas infestadas com a raça 1 de M. incognita, assim como o amendoim. O conhecimento prévio da raça de M. incognita presente em uma determinada área, auxilia na recomendação de sistemas de rotação mais viáveis ao produtor.
Instituição de fomento: Unioeste/Campus de Marechal Cândido Rondon
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: nematóide de galha; raça 1; hospedeiros diferenciadores.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006