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H. Artes, Letras e Lingüística - 1. Artes - 2. Artes Plásticas

A CONSTRUÇÃO DE TRAJETÓRIA DA ARTISTA RAQUEL STOLF NO CAMPO DA ARTE CONTEMPORÂNEA CATARINENSE

Sandra Devegili 1
(1. Universidade da Região de Joinville/UNIVILLE)
INTRODUÇÃO:
A presente pesquisa investiga a construção da trajetória da artista Raquel Stolf no campo da arte contemporânea catarinense. Iniciou no ano de 2005 com o intuito de contribuir com a investigação principal intitulada “Tendências pós-modernas na arte contemporânea catarinense”, em desenvolvimento desde 2003, e tem como objetivo analisar as origens e os fundamentos dos conceitos sobre a arte e sua relação com as produções artísticas a que estão vinculadas, a partir da reflexão conceitual e análise da produção artística visual na atualidade. Assim um estudo etnográfico da arte e dos artistas, possibilitará uma análise das concepções e práticas da arte contemporânea do ponto de vista dos artistas que atuam em Santa Catarina. A partir da história de vida da artista Raquel Stolf, objetiva-se analisar as relações e os processos de “legitimação do tornar-se artista” por meio dos espaços sociais, escolares, institucionais e consagradores do “mundo da arte”. Priorizando o ponto de vista da artista, procura-se perceber como esta concebe a arte e interage no campo da produção cultural nas suas relações locais e nacionais com poéticas que tratam do signo verbal e visual, instalações e intervenções urbanas. A artista reside na cidade de Florianópolis/SC, onde atua como artista, poeta e professora. Raquel participou de várias exposições, tendo publicado textos sobre obras e processos de criação de artistas, bem como textos literários, poemas e textos sobre seu próprio processo e obra.
METODOLOGIA:
A investigação abarca estudos conceituais da noção de trajetória social, do campo artístico e das linguagens da arte contemporânea, especialmente da produção artística de Raquel Stolf. Trata-se de uma abordagem que prioriza o “ponto de vista do artista”, uma prática que surge de um processo de relação/interação e do encontro de duas subjetividades: a do pesquisador e a do sujeito. No pensamento de Geertz (1989) fazer uma etnografia é como construir uma leitura. Permite-se assim uma possível compreensão do ator social em si, junto as suas unidades e processos sociais. Cornélia Éckert (1996-1997) aponta ainda, que a narrativa autobiográfica é uma maneira singular de repensar as situações vividas, onde se pode enfatizar a temporalidade construída na memória associada ao vivido. Na pesquisa a etnografia apóia-se em procedimentos metodológicos como: pesquisa bibliográfica e iconográfica, catálogos e artigos sobre a artista e as diversas exposições e mostras que tenha participado; o registro fotográfico e a catalogação dos trabalhos artísticos; entrevistas (semi-estruturadas e abertas) com a artista em seu atelier.
RESULTADOS:
A arte e os artistas são frutos de um contexto social e histórico dinâmicos, nos quais as relações sociais reformulam-se a luz de novos significados. São nos diversos deslocamentos sociais, nas diferentes experiências subjetivas e no conjunto das práticas artísticas, que a trajetória do agente vai se modelando nas interseções tanto de instâncias consagradoras como dos discursos legitimadores da arte num determinado contexto de relações sociais. A sensibilidade do sujeito em relação ao seu contexto, uma subjetividade que na trilha analítica de Bourdieu (1996), imprime sua marca na cultura, mas antes de tudo é marcado pelo habitus, que é um conhecimento adquirido, um haver e um capital que indica a disposição incorporada, quase postural de um agente em ação. A arte contemporânea é um campo sobre o qual ainda não há definições exatas das profundas mudanças ocorridas na sua concepção e expressão poética, apresentando várias linguagens e gestualidades que sinalizavam para uma possível ressignifição de referências modernistas. Na ótica de Faria (2002), “é um sintoma de insatisfação, cada obra de arte traz embutida uma crítica à própria noção de arte e pode mesmo modificar aquilo que entendemos por arte”. E talvez por essa insatisfação que encontramos na arte contemporânea, aspectos como desconstrução, citação, hibridação, apropriação, acumulação, repetição, seriação, ironia... expressos nas modalidades como performance, instalações, happning, vídeo arte, fotografia entre outros.
CONCLUSÕES:
Raquel Stolf é artista considerada ainda jovem no circuito da arte contemporânea, entretanto sua produção destaca-se pela consistência e grau de amadurecimento, contribuindo, para a construção de um pensamento artístico relevante no contexto catarinense e nacional. Começou sua experiência artística aos 15 anos pela via da literatura. Após cursar um ano de jornalismo encaminhou-se para a licenciatura em Artes Plásticas, o que lhe permitiu perceber melhor a relação entre o trabalho do artista e do professor, pois entende que são funções que se complementam. A universidade funcionou como um grande laboratório conceitual de experimentações construtivas. O aprofundamento da história da arte e a relação de trocas com as pessoas do meio acadêmico instigaram o desejo de ali permanecer e desenvolver sua poética, quando, então, optou em realizar o mestrado em Poéticas Visuais. A trajetória de Raquel está em processo de sedimentação, com inúmeras participações em exposições locais e nacionais, com publicações de textos sobre obras e processo de criação de artistas, textos literários, poema, e textos sobre seu próprio processo e obra. Essas participações são, como aponta Bourdieu (1996), são possíveis atribuídos pelo capital simbólico, ou seja, lucros simbólicos adquiridos pelo sujeito e que ao serem reconhecidos lhe dão o direito a novos possíveis e assim sucessivamente.
Instituição de fomento: FAP/UNIVILLE
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Trajetória; Raquel Stolf ; Arte Contemporânea..
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006