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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 4. Metabolismo e Bioenergética

RELAÇÃO ENTRE AUTOMONITORIZAÇÃO GLICÊMICA E RENDA MENSAL EM DIABÉTICOS DA ASSOCIAÇÃO CONQUISTENSE DE APÓIO AO DIABÉTICO (ACAD)

Danila Souza Oliveira  1
Bayki Hussein Kassab  1
(1. Depart. Ciências Naturais/DCN-Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB)
INTRODUÇÃO:

O Diabetes Mellitus (DM) é um distúrbio metabólico com alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, sendo caracterizada por níveis elevados de glicose sangüínea. É considerado um dos problemas mais graves de saúde pública, oferecendo um alto índice de mortalidade e alcançando proporções epidêmicas. Estima-se que o número de casos mundial de indivíduos com diabetes esteja em mais de 170 milhões. Alguns fatores tornam-se essenciais para o seu controle, dentre eles a automonitorização da glicose sanguinea (AMGS), que consiste em realizações momentâneas de testes de glicemia capilar pelo próprio indivíduo, permitindo identificar os níveis glicêmicos e avaliar a eficácia do seu tratamento [4].

A freqüência da AMGS depende do tipo de diabetes, no entando, é imprescindível que haja um trabalho conjunto com profissionais para o estabelecimento do nível glicêmico alvo, que por sua vez deve ser individualizado considerando as especificidades de cada um, bem como de instruções para ajuste no tratamento conforme os resultados.

É importante salientar que tais cuidados demanda um certo custo. Os preços elevados de equipamentos e tiras reagentes podem constituir limitações para grande parte dos diabéticos para realização da automonitorização glicêmica. Neste sentido, este trabalho pretende verificar a realização da AMGS pelos diabéticos da ACAD e observar se há alguma relação com aspectos financeiros.

METODOLOGIA:

A amostra, selecionada por conveniência, foi constituída por 30 diabéticos que freqüentam a ACAD, com idade média de 55,9 anos (DP=13,5), sendo 37% (n=11) homens e 63% (n=19) mulheres. A entrevista foi aplicada de forma individual (questionário impresso) com obtenção de dados pessoais e outros referentes a automonitorização glicêmica e renda mensal.

Foram realizadas duas etapas para proceder com as informações obtidas. No primeiro momento, os indivíduos foram agrupados, segundo classe de renda em salários mínimos (SM): Até 1 SM, mais de 1 a 2 SM, mais de 2 a 4 SM ou mais de 4 SM. Também foram distribuídos segundo a realização ou não da automonitorização. Sendo assim, pôde-se obter uma visão mais generalizada da população estudada. Na segunda etapa, foi feita a relação dos indivíduos quanto esses dois fatores (renda mensal e automonitorização): Identificando-se aqueles que realizam a AMGS e suas respectivas rendas mensais, fazendo o mesmo para aqueles que não realizam.

RESULTADOS:

A análise da classe de renda em salários mínimos dos diabéticos permitiu identificar que o percentual de indivíduos com renda mensal de: até 1 SM foi de 7% (n=2); mais de 1 a 2 SM 50% (n=15) , mais de 2 a 4  SM 23% (n=7) e mais de 4 SM 20% (n=6). Nota-se que mais de 50% dos indivíduos apresentam renda mensal inferior a 2 SM. Quando analisado o quesito AMGS entre os indivíduos, observou-se que apenas 6,7% (n=2) apresentam essa pratica, enquanto a grande maioria, correspondente a 93,3% (n=28), não o faz.

Após identificação e distribuição dos indivíduos que realizam a AGMS, verificou-se que para as classes de renda mensal de até 1 SM e mais de 4 SM, não houve nenhum representante, porém para aquelas com mais de 1 a 2 SM e mais de 2 a 4 SM, obteve-se um percentual de 3,3% indivíduos para ambas. Já o percentual de indivíduos que não automonitorizam a glicemia em suas respectivas classes foi de: até 1 SM 6,7% (n=2), mais de 1 a 2 SM 46,7% (n=14), mais de 2 a 4 20% (n=6) e mais de 4 SM 20% (n=6). Além de ser grande o número de indivíduos que não realizam a AMGS (mais de 90%), pôde-se notar que mais da metade apresenta renda mensal inferior a 2 SM.
CONCLUSÕES:

 Pôde-se perceber que a maioria dos diabéticos da ACAD não realiza AMGS, e verificou-se também que mais de 50% apresentam rendam mensal inferior a 2 SM, fato esse que pode refletir nas dificuldades que muitos apresentam para aquisição de equipamentos e tiras reagentes para realização da automonitorização glicêmica.

Vale salientar que os dois extremos da classe de renda mensal, ou seja, até 1 SM e mais de 4 SM houve uma representatividade menor do que as outras (1 a 2 SM e mais de 2 a4 SM ), o que pode explicar a inexistência de indivíduos que realizam a AMGS nessas classes. Neste sentido, inferi-se que a falta de AGMS pelos indivíduos da ACAD pode estar mais relacionada com a informação/conhecimento, sobre a importância dessa prática, do que necessariamente com aspectos sócio-econômicos, pois mesmo entre aqueles que apresentavam mais de 4 SM não houve quem realizasse a AMGS.

Portanto, é necessário que estudos adicionais sejam realizados para avaliar com mais detalhe as informações nessa população.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Diabetes; Glicose; Metabolismo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006