IMPRIMIR VOLTAR
E. Ciências Agrárias - 1. Agronomia - 4. Fitotecnia

TECNOLOGIA ALTERNATIVA PARA A QUEBRA DE DORMÊNCIA DAS SEMENTES DE ALFAVACA (Ocimum selloi Benth).

Douglas de Almeida Pereira 1, 2
Ana Carla Brito 1
Anderson Barbosa Silva 1
Marcela Fonseca Souza 1
Cláudio Lúcio Fernandes Amaral 1
(1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia/UESB; 2. Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia /FAPESB)
INTRODUÇÃO:

Na agricultura, são concentrados grandes esforços na busca pela produtividade, resistência a doenças e pragas e tolerância a fatores ambientais, via melhoramento de plantas, culminando com o desenvolvimento varietal. Este ganho é, geralmente, repassado aos produtores e consumidores por meio de sementes, insumo básico e necessário para a manipulação genética de grande parte das espécies de interesse econômico. Assim, só estarão aptas para utilização aquelas que apresentarem elevada qualidade fisiológica. O método rotineiro para determinar este parâmetro e, às vezes, o único, é o teste de germinação; sendo fundamental para o monitoramento da viabilidade das sementes ao longo de seu armazenamento em bancos de germoplasma.

A dormência de sementes constitui-se em um dos mecanismos de sobrevivência das espécies vegetais, significando adaptação às condições ambientais adversas, assegurando sua viabilidade até que as condições sejam adequadas para o estabelecimento das plântulas.

A temperatura pode atuar tanto como fator de quebra de dormência, como no controle da germinação de sementes. Dentro da faixa de temperatura em que as sementes de uma espécie germinam, há geralmente uma temperatura ótima, acima e abaixo da qual a germinabilidade é diminuída mas não completamente interrompida. Dados sobre a germinação de O. selloi não foram encontrados na literatura consultada. O objetivo deste trabalho foi selecionar tratamentos para quebra de dormência de sementes de alfavaca.

METODOLOGIA:

O experimento foi realizado no Laboratório de Genética Experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). As sementes de O. selloi foram obtidas de plantas-matrizes do Banco de Germoplasma de Plantas Medicinais, situado na cidade de Jequié-BA, Brasil (Lat. 13° 51’ 27’’S, Long. 40° 05’ 01’’W, Altitude de 216m).

As sementes previamente selecionadas com base em seu aspecto visual foram higienizadas por meio da lavagem em água corrente, acondicionadas em uma peneira para escorrer a água e diminuir o excesso de umidade. Posteriormente, foram imersas por 30s em água destilada com temperatura de 25, 30 (controle), 50, 75 e 100oC.

As sementes foram colocadas para germinar em placas de Petri, previamente forradas com papel filtro e acondicionadas em câmaras de germinação do tipo B.O.D regulada para proporcionar temperatura de 25 ± 1,0oC e fotoperíodo de 12 horas. Estas condições são semelhantes àquelas encontradas no centro de origem da espécie sob estudo.

O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, constando de 5 tratamentos com 5 repetições, totalizando 25 parcelas. Cada unidade experimental foi constituída de uma placa de Petri, contendo 10 sementes, perfazendo um total de 250 sementes. Os dados obtidos da germinação, expressos em porcentagens, foram transformados em arc sen (x / 100) 0,5 para normalização de sua distribuição. Na análise estatística foi utilizado o teste de Scott - Knott, a 5 % de probabilidade.

RESULTADOS:

Foi constatado que as sementes de O. selloi germinaram na faixa de temperatura estudada. A porcentagem de germinação das sementes foi estatisticamente igual pelo teste de Scott - Knott para os tratamentos a 25, 30, 50 e 75ºC, sendo superior àquela obtida à 100ºC. Nesta temperatura houve redução drástica do potencial germinativo .

O tratamento com a imersão das sementes em água fervendo à 100°C, apresentou a menor taxa de germinação, devido ao efeito negativo de altas temperaturas que, provavelmente, diminui o suprimento de aminoácidos livres, a síntese de RNA e, conseqüentemente, de proteínas. A diminuição da produção de enzimas ou mesmo, sua ausência conduz ao decréscimo ou inexistência de reações metabólicas que podem retardar ou suprimir a germinação. Alterações na membrana celular das sementes de várias espécies, ocasionadas por diferentes temperaturas, foram relatadas por HENDRICKS; TAYLORSON (1976) e foram provenientes de altas temperaturas, com o aumento no efluxo de aminoácidos durante a germinação e decréscimo da capacidade germinativa das sementes.

A germinação é uma cadeia ramificada de processos, iniciados por sinais ambientais. A 25ºC e nas temperaturas superiores, os polígonos de freqüências relativas são polimodais, exceto a 100ºC, em que é monomodal. A sincronização da germinação em cada temperatura indica que a temperatura é um dos prováveis sinais entre a semente e o ambiente.

CONCLUSÕES:

As sementes de Alfavaca germinaram em todas as temperaturas estudadas. Dos tratamentos analisados, o de 100ºC não é recomendado para a quebra da dormência, pois afeta a capacidade germinativa das sementes. Como não houve diferenças significativas na porcentagem de germinação a 25, 30, 50 e 75ºC, qualquer um destes tratamentos poderia ser utilizado para estimular a germinação nesta espécie.

Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado da Bahia
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Conservação; Germoplasma; Lamiaceae.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006