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C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 2. Botânica Aplicada

RELAÇÃO PÓLEN/ÓVULO DO MANJERICÃO-DOCE (Ocimum canum Sims): UM INDICATIVO DO SISTEMA REPRODUTIVO

Anderson Barbosa Silva 1
Marcela Fonseca Souza 2
Ana Carla Brito 2
Douglas de Almeida Pereira 3
Cláudio Lúcio Fernandes Amaral 4
(1. Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Bolsista do CNPq ; 2. Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Acadêmico do Curso de Biologia; 3. Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Bosista da FAPESB; 4. Departamento de Ciências Biológicas, UESB, Professor Adjunto)
INTRODUÇÃO:

Entre as plantas medicinais de grande importância encontra-se o Manjericão-Doce (Ocimum canum Sims), planta da família Lamiaceae que destaca-se por produzir óleos essenciais destinados às indústrias para produção de fármacos, perfumes e cosméticos, sendo que, por apresentar folhas de sabor suave e picante pode ser utilizada ainda como condimento.

O sucesso do melhoramento depende do conhecimento do processo reprodutivo. As técnicas de manipulação devem ser escolhidas de acordo com as formas de reprodução, ou seja, se é sexual ou assexual ou a combinação das duas, a natureza das estruturas florais, a proporção de transferência de pólen, o grau e o tipo de auto-incompatibilidade e o efeito da segregação sobre o vigor.

A determinação do sistema reprodutivo com base na razão pólen/óvulo (P/O) prescrita por Cruden permite inferir cinco classes, quais sejam: (a) (Cleistogamia 2,7-5,4, (b) Autogamia obrigatória 18,1-39,0, (c) Autogamia facultativa 31,9-396,0, (d) Xenogamia facultativa 244,7- 2588,0 e (e) Xenogamia obrigatória 2108,0-195.525,0). Estes valores refletem a eficiência da polinização, sendo que quanto mais eficiente a transferência de pólen, menor seria a razão P/O. Assim, plantas auto-incompatíveis produziriam mais pólen do que as plantas autógamas. O objetivo deste trabalho foi determinar, por meio da razão pólen/óvulo, o provável sistema reprodutivo do O. canum, fornecendo assim subsídios para programas de fitomelhoramento.

METODOLOGIA:

As investigações foram conduzidas no Laboratório de Genética Experimental da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), localizada no Campus Jequié - BA (Lat. 13°52'23,3"S;  Long. 40°07'39,4"W e Alt. 216m), no período de março a maio de 2005.

As plantas foram obtidas dos acessos da Coleção Ativa do Banco de Germoplasma de Plantas Medicinais da UESB/Campus Jequié - BA. Estas foram cultivadas ao ar livre em canteiros de 5 m (comprimento) x 1 m (largura) x 0,3 m (profundidade).

A quantificação do número de grãos de pólen foi determinada seguindo-se a metodologia proposta por Kearns & Inouye (1993) e o número de óvulos foi determinado em 40 frutos, sob microscópio estereoscópio (16X). A razão pólen/óvulo (P/O) foi determinada pela fórmula proposta por Cruden (1977), em que a razão pólen/óvulo (P/O) é obtida por meio da divisão da média do número de grãos de pólen em uma flor masculina pelo número médio de óvulos em uma flor feminina.
RESULTADOS:

Pela classificação utilizada, determinou-se que O. canum é uma planta que apresenta uma razão pólen/óvulo baixa (135:1), sendo considerada uma espécie autógama facultativa, ou seja, pode utilizar tanto a auto-fecundação quanto a polinização cruzada para obter seu sucesso reprodutivo. Algumas espécies do gênero Ocimum são auto-compatíveis e compatíveis entre si, pois cruzamentos interespecíficos resultam em híbridos férteis a exemplo de O. kilimandscharicum x O. americanum.

A razão pólen/óvulo está diretamente relacionada ao modo de polinização e ao sistema reprodutivo das espécies e, tratando-se de uma espécie com sistema misto de reprodução, os benefícios da autógamia e da alogamia podem ser compartilhados por esta planta.

A autogamia permite a formação de sementes sem que haja necessidade de polinizadores. Esta forma de reprodução é utilizada em programas de melhoramento, com vistas a obtenção de linhagens homozigóticas, para obtenção de híbridos, a partir de seus intercruzamentos.

A alogamia possibilita a manutenção ou aumento do vigor híbrido das espécies pela ocorrência de novas combinações de genes codificadores de caracteres de interesse agronômico, como por exemplo, a produção de óleos essenciais que, por serem amplamente utilizados pelas indústrias farmacêuticas, têm alto valor no mercado nacional e internacional.

CONCLUSÕES:
A espécie O. canum foi considerada como autógama facultativa. O fato desta planta reproduzir-se tanto por auto-fecundação quanto por fecundação cruzada evidencia sua ampla flexibilidade reprodutiva.
Instituição de fomento: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Planta Medicinal; Reprodução; Melhoramento Genético.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006