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C. Ciências Biológicas - 2. Biologia - 3. Biologia Geral
AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS BIOLÓGICOS DA LAGARTA-DA-SOJA (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE)
Francine Albrecht 1, 2
Neiva Monteiro de Barros 1, 2, 3
Alexandre Specht 1, 2, 4
(1. Universidade de CaxiaS do Sul (UCS); 2. Instituto de Biotecnologia (IB); 3. Departamento de Ciências Biológicas (DCBI); 4. Departamento de Ciências Exatas e da Natureza (DCEN))
INTRODUÇÃO:

Entre os fatores limitantes das culturas de gramíneas estão os danos causados por insetos da ordem Lepidóptera, que muitas vezes caracterizam-se como praga-chaves, pela facilidade de deslocamento e alta fecundidade, apresentando atividade predominantemente noturna. Dentro desta ordem, a lagarta-da soja Hübner 1818, constitui um dos mais importantes grupos entre os insetos que atacam a cultura da soja. É considerada praga-chave da sojicultura, sendo economicamente importante em função das grandes perdas que ocasiona a esta lavoura. Apresenta desenvolvimento do tipo holometábolo e sua ocorrência varia de novembro a março, atingindo picos populacionais a partir de janeiro. Devido a sua importância existem muitos estudos relacionados com seu desenvolvimento, sendo utilizada como modelo para bioensaios e testes a campo. Com o objetivo de contribuir com subsídios a estudos laboratoriais e de campo, neste estudo detalhou-se a biologia desta espécie.

METODOLOGIA:
O estudo foi realizado em sala climatizada com temperatura de 20 + 1ºC; umidade relativa de 70 + 10% e fotofase de 14 horas, com observações diárias. Foram avaliadas 187 lagartas recém eclodidas, provenientes da criação mantida no Laboratório de Controle Biológico de Pragas da Universidade de Caxias do Sul. Os insetos foram criados individualmente em copos plásticos de 50ml com dieta artificial de Greene, acompanhados desde a postura até a emergência dos adultos. Para avaliação do crescimento, após cada ecdise, as cápsulas cefálicas foram armazenadas individualmente em placas de Petri para posterior mensuração com auxílio de ocular micrométrica, com precisão de centésimo de milímetro. Além dos estádios larvais, avaliou-se também o tempo de pré-pupa, considerando-se o período que compreende desde a fase onde a lagarta não se locomove até a fase de formação da pupa. As pupas, foram pesadas 2 dias após sua formação, sexadas comparando-se as estruturas do nono segmento abdominal e mantidas em tubos de vidro devidamente identificados até sua emergência. Os adultos de A. gemmatalis foram mantidos em gaiolas cilíndricas de PVC com diâmetro e altura de 20cm. A base foi tapada com filme plástico e a porção superior com uma tela de tecido. As mariposas foram alimentadas com solução aquosa de mel e cerveja a 10% (três quartos de mel; um quarto de cerveja) fornecida em algodão embebido, em frascos de 10ml, trocados diariamente. Estas gaiolas foram forradas, no fundo e nas laterais, com papel filtro. Diariamente o papel foi retirado das gaiolas, sendo realizada a contagem dos ovos, transferindo-os para placas de Petri com papel filtro umedecido devidamente etiquetadas. Os ovos ficaram assim até à eclosão das lagartas.
RESULTADOS:
O período médio de incubação foi de 3,38 dias observando-se uma viabilidade de 68,63%. Na fase larval verificou-se a sobrevivência de 90,91%, sendo que 13,25% dos indivíduos passaram por cinco ínstares e o restante por seis. As lagartas de seis instares apresentaram tempo de desenvolvimento e tamanho significativamente maiores que as de cindo (p<0,05): 20,72 e 19,50 dias e 2,54 e 2,11 mm, respectivamente. No entanto, a razão de crescimento foi menor nas de seis íntares (1,52) quando comparadas com as de cinco (1,59). A duração média de cada estádio das lagartas que passaram por 6 ecdises foi de 3,12 dias com crescimento médio de 1,17mm. Os indivíduos que passaram por 5 ecdises, antes de se transformarem em pupa, apresentaram duração de 3,45 dias entre cada muda e crescimento de 1,01mm. A fase de pré-pupa durou 1,13 dias observando-se uma sobrevivência de 98,24%. A fase pupal durou 16,48 dias com 94,55% de sobrevivência. Verificou-se diferenças significativas nos pesos das pupas entre sexos e entre indivíduos de cinco e seis instares larvais (p<0,05). Nas pupas provenientes de lagartas de seis ínstares o peso médio foi de 250mg para as fêmeas e 280mg para os machos; nas de cinco ínstares 230mg paras as fêmeas e 270mg para machos. Na fase adulta os machos foram significativamente mais longevos que as fêmeas com 26,76 e 17,30 dias respectivamente. Os períodos médios de pré, pós e oviposição foram 2,77; 2,10 e 12,38 dias, respectivamente. Considerando-se a longevidade das fêmeas, o ciclo total para os indivíduos cujas lagartas passaram por cinco ínstares foi de 57,68 dias e para as de seis ínstares foi de 59,03 dias. Analisando os indivíduos sem malformações, da fase de lagarta até adulto, observou-se uma sobrevivência de 57,25%, destacando-se como fases críticas a de ovo, do primeiro para o segundo instar (92,51%), na fase de lagarta e da fase de pupa para adulto.
CONCLUSÕES:
Levando-se em conta que os bioensaios, normalmente avaliam apenas mortalidade e, em alguns poucos casos, peso da pupa, os resultados apresentados neste estudo indicam a possibilidade de inclusão de diversos parâmetros biológicos nas avaliações de bioensaios. Entre eles destacam-se: duração e viabilidade de cada fase de desenvolvimento; número de ínstares, incluindo duração, viabilidade e tamanho, pois, variações de tamanho e de tempo podem decorrer tanto da variabilidade específica quanto da ação do agente a ser testado. A inclusão destes parâmetros permitirá a detecção e avaliação de efeitos provocados por microrganismos entomopatogênicos especialmente sobre a fisiologia, morfologia e fecundidade.
Instituição de fomento: FAPERGS
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: importância agrícola; soja; lagarta-da-soja.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006