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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina

FREQÜÊNCIA DA INFECÇÃO RÁBICA EM MORCEGOS HEMÁTOFAGOS E DE OUTROS HÁBITOS ALIMENTARES CAPTURADOS NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO.

 

 

Thiago Ferreira Costa 1
Diego Ferreira Costa 1
Elaine Cristina Bento da Silva  1
Maria Luiza Carrieri  2
Luís Eduardo Ramírez Giraldo  1
Márcia Benedita de Oliveira Silva  1
(1. Universidade Federal do Triângulo Mineiro/UFTM; 2. Instituto Pasteur SP)
INTRODUÇÃO:

A raiva é uma antropozoonose que ocorre em todos os continentes, exceto na Oceania. No Brasil, é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. No ciclo urbano da doença, cães e gatos são os principais agentes transmissores; no silvestre, canídeos, felídeos, primatas e quirópteros são os principais reservatórios e agentes transmissores, sendo os morcegos (Chiroptera) a segunda ordem responsável pela transmissão da raiva humana no Brasil.      O maior número de relatos de ocorrência de raiva em morcegos no Brasil é em hematófagos seguido de insetívoros, fitófagos e onívoros. No Brasil, 35 espécies de morcegos já foram identificadas com raiva.            O comportamento da doença em quirópteros é pouco conhecido. O morcego pode albergar o vírus rábico em sua saliva e ser infectante antes de adoecer, por períodos maiores que outras espécies.    Diante da importância da raiva no Brasil, principalmente no setor agropecuário, e o pouco conhecimento sobre a doença na região do Triângulo Mineiro buscou-se com esse trabalho: determinar o número de animais (morcegos) contaminados pelo vírus da raiva utilizando as técnicas de imunofluorescência direta, inoculação em cobaias e reação em cadeia da polimerase; determinar as espécies mais comumente contaminadas; comparar os resultados obtidos com os hábitos alimentares e sociais das espécies e traçar o perfil epidemiológico do vírus da raiva em seu ciclo silvestre na região do Triângulo Mineiro.

METODOLOGIA:

O estudo foi efetuado em áreas rurais do Triângulo Mineiro; sendo a captura de morcegos realizada nos municípios de Conceição das Alagoas, Perdizes, Sacramento e Uberaba. As capturas foram realizadas durante a noite, iniciadas aproximadamente às 18 horas e finalizadas às 24 horas. As visitas ao campo foram realizadas nas fases de lua nova e em quarto minguante. Para capturar os morcegos foram usadas quatro redes-de-espera, de 6m de comprimento, que foram armadas ao longo de suas rotas de vôo. As redes foram armadas próximas às fontes de alimento (currais, plantas em floração ou frutificação e iluminação noturna) e aos abrigos diurnos. Todos os morcegos capturados foram mantidos em sacos de pano individualizados e numerados até o final da sessão de coleta. Após a captura, esses animais foram transportados para o Laboratório de Parasitologia da FMTM. Cada morcego foi identificado e analisado para a coleta de dados. Após o sacrifício, os cérebros foram retirados, acondicionados em papel alumínio e armazenados a –20ºC até o momento de ser enviado ao Instituto Pasteur (São Paulo) para análise e pesquisa do vírus. Uma vez selecionada a amostra, o material foi enviado ao Instituto Pasteur em caixa térmica, à temperatura adequada, onde foram realizadas as técnicas de IFD e inoculação em cobaias.

RESULTADOS:

Foram capturados 237 morcegos, sendo: 61 da região de Perdizes, 101 de Uberaba, 58 de Água Comprida e 17 de Sacramento. Do total de indivíduos capturados, 21 foram hematófagos; 200 não hematófagos (69 insetívoros, 37 frugívoros, 94 nectarívoros) e 14 onívoros. Dois morcegos foram identificados até o nível de família (Vespertilionidae e Phyllostomidae). Nenhuma das 187 amostras enviadas ao Instituto Pasteur foi positiva para o vírus da raiva.

 

CONCLUSÕES:

Pouco se sabe a cerca do comportamento da doença em quirópteros. De maneira geral, morcegos em situações atípicas e com alterações de comportamento são altamente suspeitos de estarem contaminados com o vírus da raiva. Já foram relatados casos positivos para as seguintes situações atípicas: atividade alimentar durante o dia, agressividade, presença em horário e local não habituais, estado de paralisia e incapacidade de vôo. No Brasil, 35 espécies de morcegos já foram diagnosticadas com raiva, sendo os hematófagos os principais. A pesquisa em questão foi baseada na captura ativa de morcegos em áreas rurais e, portanto, a amostra se compôs de animais não suspeitos. Esse fato associado à baixa prevalência de morcegos hematófagos na amostra ajuda a compreender os resultados negativos. Assim, julga-se pertinente a realização de pesquisa fundamentada em busca passiva de quirópteros a fim de estabelecer uma comparação com o estudo já realizado. Cabe ressaltar que essa busca já está sendo desenvolvida pela equipe.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Raiva; Morcegos; Hematófagos.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006