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E. Ciências Agrárias - 6. Zootecnia - 5. Zootecnia

O USO DO BENZOATO DE ESTRADIOL EM PROTOCOLO DE INDUÇÃO DE ESTRO EM CABRAS LEITEIRAS DURANTE ANESTRO ESTACIONAL

Jurandir Ferreira da Cruz 1
Pedro Queiroz Júnior 1
Paulo Bonomo 1
Rita de Cássia Nunes Ferraz 1
Dalmar Dutra Santos  1
Milton Rezende Teixeira Neto 1
(1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA-UESB)
INTRODUÇÃO:
No Brasil, em especial, para a espécie caprina, a inseminação artificial poderá contribuir de maneira significativa para a elevação dos índices produtivos e reprodutivos atualmente alcançados. A indução e ou sincronização de estro é uma ferramenta auxiliar no manejo reprodutivo dos rebanhos, uma vez que possibilita o planejamento do momento do acasalamento, viabilizando a utilização da IA em rebanhos comerciais e permitindo que a produção do leite seja distribuída ao longo do ano. Ao longo das últimas décadas, diversos protocolos de sincronização de estro têm sido utilizados em programas de reprodução com resultados positivos, entretanto, apresentando diferentes taxas de fertilidade. Estudos recentes têm demonstrado que os protocolos de longa duração podem interferir na viabilidade dos folículos pré-ovulatórios. Os protocolos de longa duração resultam em concentrações subluteais de progesterona, que por sua vez, podem promover excessivo crescimento e persistência de grandes folículos dominantes, resultando em ovulação de má qualidade, em decorrência da redução da viabilidade do oócito [2]. A redução da viabilidade do óocito pode levar a não fertilização, ou em caso de fertilização, levar à morte embrionária prematura em função de inadequado desenvolvimento do embrião [3]. Neste sentido, os protocolos de sincronização de curta duração podem minimizar os danos causados à dinâmica ovariana pela longa exposição dos folículos pré-ovulatórios a progestágenos exógenos. Este trabalho teve o objetivo de avaliar a eficácia do benzoato de estradiol, associado ao progestágeno, em protocolo de sincronização de estro de curta duração na espécie caprina.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (14°51’57’’ S). Foram utilizadas 30 cabras pluríparas Saanen, acíclicas, não lactantes, com idade média de 36 meses, escore corporal 3,0 e peso vivo médio 51,3 Kg, e dois reprodutores da raça Anglo-nubiana de fertilidade comprovada. A condição de anestro estacional foi comprovada pela ausência de estro durante um período superior a um ciclo estral, bem como pela não visualização de corpo lúteo, através de ultra-sonografia. As cabras foram separadas em dois grupos. No grupo eCG, no dia zero do experimento foi aplicada em cada cabra ½ implante de silicone (1,5 mg de norgestomet), mantido por cinco dias. No quinto dia, no momento da retirada do implante, foi administrado 250 UI de gonadotrofina coriônica eqüina. No grupo BE, o protocolo foi idêntico ao eCG até o D5. No D6, 24 horas após a retirada do implante, foi aplicado 0,5 mg de benzoato de estradiol. A detecção do estro foi realizada a cada quatro horas, com auxílio de rufiões, no intervalo entre 12 e 96 horas após o final do tratamento progestágeno. A resposta ovariana foi avaliada mediante dosagem de progesterona, pelo método de quimioluminescência. A ocorrência de ovulação foi admitida naquelas cabras, cuja concentração sérica de progesterona apresentou-se superior a 1,0 ng.mL-1 no quinto dia após o inicio do estro. As médias dos dois tratamentos, referentes às variáveis: intervalo final de tratamento-início do estro e duração do estro foram comparadas por meio do teste “t. Para comparação das variáveis número de fêmeas em estro e número de fêmeas ovuladas entre os dois tratamentos, utilizou-se o teste Qui-quadrado. As diferenças estatísticas foram consideradas significativas a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
O benzoato de estradiol associado ao tratametnto progestágeno de curta duração mostrou-se ligeiramente superior ao eCG, embora a diferença não tenha sido significativa (80,0% vs 93,3%). Os resultados de indução de estro verificados com o benzoato de estradiol neste estudo foram significativamente superiores aos cipionato e benzoato de estradiol [4], em doses intervaladas de 24 horas (66,7 e 75%, respectivamente). No entanto, deve-se considerar que os inferiores resultados verificados por estes autores pode ser devido ao fato de que as fêmeas utilizadas no trabalho eram subférteis. Ademais, o uso do estradiol no referido trabalho não foi associado a tratamento progestágeno. Quanto ao intervalo entre o final do tratamento e o início do estro (FT-IE), o protocolo BE apresentou-se maior FT-IE (P=0,002) que o protocolo eCG, sendo 24,3 ± 1,7 vs. 31,4 ± 1,2 h, respectivamente. Os resultados verificados com o protocolo BE foram similares aos observados em relatos anteriores [5], os quais verificaram uma possível relação inversa entre a dosagem deste hormônio e a resposta ao tratamento, sendo que a menor dose de BE resultou em maior intervalo FT-IE, ou seja, 32 ± 5,7 contra 24,6 ± 5,7 horas para 0,5 e 2,0 mg, respectivamente. Neste estudo, o protocolo BE não diferiu do eCG quanto à capacidade de sincronização de estro, muito embora os picos tenham ocorrido em momentos diferentes. Enquanto o protocolo eCG, no intervalo de 24 a 32 h, sincronizou o estro de 66,7% das fêmeas, o protocolo BE, em um intervalo equivalente, ou seja, de 28 a 36 h, sincronizou o estro de 92,9% das fêmeas. As cabras tratadas com eCG apresentaram a duração média (±E.P.) do comportamento de estro, inferior (P = 0,0008) àquelas do grupo tratado com benzoato de estradiol, ou seja, 37,3 ± 2,2 vs. 50,3 ± 2,5 horas. A utilização de duas aplicações de estradiol a intervalo de 24 horas, mostrou 87,0 ± 38,35 e 68,0 ± 51,29 horas de duração de estro para cipionato e benzoato de estradiol, respectivamente. Esses resultados são superiores aos encontrados no presente estudo [5]. Por outro lado, a utilização do valerato de estradiol [6] associado ao cloprostenol mostrou valores inferiores, ou seja, 24 horas. A diferença na duração do estro encontrada nos diferentes trabalhos pode estar relacionada às dosagens utilizadas, bem como, ao tempo de ação dos referidos hormônios, haja vista que o cipionato de estradiol apresenta uma vida média mais longa que o valerato e o benzoato de estradiol. Com relação à resposta ovulatória, o protocolo utilizando benzoato de estradiol induziu a ovulação em 80% das cabras tratadas, sendo que este número foi mais elevado (85,7%), quando foram consideradas apenas as cabras que manifestaram comportamento de estro. No entanto, independentemente do grupo de cabras consideradas, os protocolos BE e eCG não apresentaram diferenças significativas.
CONCLUSÕES:
O benzoato de estradiol, associado a tratamento progestágeno de curta duração, mostrou-se eficaz para indução do estro e da ovulação, podendo ser recomendado para programas de reprodução programada em cabras leiteiras durante anestro estacional.
Instituição de fomento: CAPES
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: caprinos; eCG; sincronização de estro.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006