As amostras foram preparadas fundindo a vácuo o vidro LSCAS, com diferentes concentrações de TiO₂, a uma temperatura de aproximadamente 1600 ⁰C. A composição em peso das amostras foram de 41,5% Al₂O₃, 47,4% CaO, 7,0% SiO₂, 4,1-X % MgO, onde X=0,25; 0,5; 1,0; 1,5; 2,6 e 4,1% de TiO₂. As medidas de absorção óptica foram realizadas a temperatura ambiente no espectrofotômetro Cary 17 Varian, de feixe duplo, na região espectral de 250nm à 1700nm. A luminescência foi realizada excitando as amostras com um laser de Kr⁺ Coherent Innova 200 com comprimento de onda de 337,5-356,4nm, este experimento teve como objetivo identificar as bandas de emissão, assim como o perfil da seção de choque e largura da linha de emissão óptica.Também foram medidos os tempos de vida das amostras, sendo estas medidas de grande importância, pois nos fornece informações sobre o tempo de decaimento radioativo de um determinado estado, informando o tempo de permanência do elétron no estado eletrônico metaestável. As medidas de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) foram obtidas com uma freqüência de 9,3 GHz, modulação de 100KHz e uma potência de microondas de 2mW, estas medidas foram usadas para verificar a existência dos íons de titânio nos vidros LSCAS.

Os espectros de absorção óptica das amostras apresentam bandas de absorção na região do UV próxima ao azul, o que de acordo com a literatura está relacionado aos íons de Ti³⁺. Os espectros de luminescência das amostras dopadas com 0,25% e 0,5% TiO₂ com excitação de 356,4nm apresentam uma banda larga de emissão próxima de 450nm e tempo de vida <10ms à temperatura ambiente e 77 K, enquanto as amostras dopadas com concentração de TiO₂ maior que 1,0%, apresenta uma banda larga de emissão próxima de 650nm. Os valores dos tempos de vida destas amostras a temperatura ambiente e 77 K são aproximadamente 180ms e 2ms, respectivamente. De acordo com estes resultados, a valência dos íons de titânio depende da concentração de TiO₂ no vidro LSCAS, de forma que os íons de Ti³⁺ podem ser obtidos usando uma concentração de TiO₂ maior que 1.0% . Alem disso, os altos valores dos tempos de vida das amostras dopadas com Ti³⁺ podem estar relacionados a defeitos na estrutura dos vidros LSCAS. As medidas de EPR foram obtidas para amostras dopadas com 1,0% e 1,5% de TiO₂, sendo que para estas amostras uma única linha de simetria aparece ligeiramente centrada em g=1,95. As linhas EPR com ~1,93 estão associadas ao íon do Ti³⁺ e tem sido reportado para muitos vidros óxidos e fluoretos dopados com titânio. Estes resultados confirmam a existência de íons de Ti³⁺ nas amostras.

As propriedades espectroscópicas dos vidros alumínio silicato dopados com TiO₂ foram estudadas. Os resultados de EPR, absorção e luminescência mostram que há a formação de íons de Ti³⁺. A luminescência do Ti⁴⁺ (centrada em 450nm) e os íons Ti³⁺ (centrada em 650nm) mostram que a valência do titânio depende da concentração de TiO₂. Com o aumento da concentração de TiO₂, nota-se a o aumento da concentração de íons de Ti³⁺ e a diminuição da concentração de íons de Ti⁴⁺. O tempo de vida tem um comportamento não-exponencial e os valores obtidos (180ms na temperatura ambiente e 2ms na temperatura de 77K) são muito maiores que do Ti³⁺:Safira, cujo tempo de vida é de 4ms. Estes altos valores do tempo de vida podem estar relacionados com defeitos estruturais nas amostras.