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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 8. Medicina
CONTRIBUIÇÕES ANATÔMICAS PARA O ESTUDO DA ORIGEM, TRAJETO E RELAÇÕES DO NERVO ESPLÂNCNICO MAIOR
Amauri Clemente da Rocha  1, 2
Célio Fernando de Sousa Rodrigues  1, 2
Luiz Ferreira de Souza  2
Gustavo Jaime Clímaco Galvão  1
Daniel Pacheco da Costa  1
Luiz Alexandre Ribeiro da Rocha 1
(1. Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas/UNCISAL; 2. Universidade Federal de Alagoas/UFAL)
INTRODUÇÃO:

O nervo esplâncnico maior está situado no mediastino posterior dirigindo-se ao abdome para inervação das vísceras abdominais, e seu conhecimento anatômico é de suma importância na atuação em procedimentos cirúrgicos nessa região, como a esplancnicectomia para cura da dor na pancreatite crônica. Ele faz parte do sistema nervoso simpático e contribui para a formação de três importantes plexos situados no abdome: plexo celíaco, aórtico-renal  e mesentérico superior.

Há grande variabilidade quanto à origem do nervo esplâncnico maior, ocasionando motivo de muitas discussões e divergências. Pode-se encontrá-lo tendo origem a partir de diversos gânglios do tronco simpático como de T4 a T10, T5 a T9, T5 a T10, de T6 a T9, de T7 a T9 e até de origens não seqüenciadas como é o caso de T5 e T9.

Por ele transitam fibras nervosas motoras e sensitivas importantes na inervação de grandes vísceras tais como aorta, estômago, fígado, vias biliares, baço, rins, intestinos e pâncreas.

Com tal relevância na funcionalidade do organismo, um estudo detalhado do nervo esplâncnico maior com o objetivo de observar a origem, trajeto e relações do nervo esplâncnico maior,  poderia reduzir riscos de sua lesão, beneficiando os procedimentos cirúrgicos no mediastino posterior.
METODOLOGIA:

Um estudo anatômico descritivo realizado no laboratório de anatomia da UNCISAL, onde foram dissecados 44 nervos esplâncnicos maiores de 22 cadáveres adultos, de ambos os sexos, formolizados a 10% sendo excluídos da pesquisa cadáveres com lesão do nervo.

Realizou-se incisão biacromio-externo-xifo-pubiana, rebateu-se um plastrão condroesternal para, logo após, rebaterem-se as estruturas do mediastino posterior e a pleura parietal para identificar o nervo. Este foi dissecado, desde suas origens no tronco simpático até perfurar o pilar diafragmático.

Em relação à origem do nervo foram geradas variáveis quanto ao número de gânglios simpáticos, ao número de contribuições dos mesmos e quanto ao primeiro e ao último gânglio que contribuíram para sua origem; Para o trajeto, definiram-se, em função da direção do nervo, variáveis quanto à disposição descendente no sentido medial ou descendente seguindo o contorno lateral da coluna vertebral sem se voltar no sentido medial; as variáveis da relação do nervo com a coluna vertebral foram definidas como lateral, anterior ou ântero-lateral.

As variáveis quantitativas foram estudadas pelo método de estatística descritiva, com cálculo de média e desvio padrão e o método de regressão linear para a análise estatística. Nas qualitativas foi usado o método Quiquadrado. Utilizou-se o programa Epi-info Windows versão 3.2.2, lendo planilha Excel como banco de dados.

RESULTADOS:

Observou-se, em quatro casos, o nervo originado como descrito por Gray e Snell a partir dos gânglios T5 a T9. Em um caso, à semelhança de Latarjet, notou-se que as contribuições para a origem do nervo se davam a partir de três gânglios (T7, T8 e T9), em outro, verificou-se, assim como descrito Gerard, Orts-Lliorca e Rouviére, a origem do nervo de T6 a T9. Pode-se encontrar um nervo tendo sua origem a partir de contribuições do quinto ao décimo gânglios concordando com Gardner. Houve vinte e cinco nervos (56%) formados de origens não seqüenciadas. Dos nervos direitos, 14(63,8%) dos 22 casos se originaram de três ou quatro raízes do tronco simpático como é relatado por Latarjet, Gerard, Orts-Lliorca e Rouviére. Em 12(54,5%) nervos esquerdos, houve predomínio de duas ou três contribuições da cadeia do simpático conforme citações de Hamilton e Latarjet. 22 nervos (16 direitos e 6 esquerdos) seguiram o trajeto descendente no sentido medial como foi citado por Gray e Latarjet e 22 nervos(6 direitos e 16 esquerdos) dirigiram-se descendentemente seguindo o contorno lateral da coluna vertebral sem se voltar medialmente em concordância com Gerard, Lockhart, Rouviére e Woodburne.

Ainda de acordo com tais autores, encontrou-se 21 nervos (6 direitos e 15 esquerdos) com disposição lateral à coluna vertebral torácica. 16 nervos antero-laterais (9 direitos e 7 esquerdos) são concordantes com Gray e Latarjet. Sete nervos direitos apresentavam anteriores com a coluna vertebral.

CONCLUSÕES:

Concluímos que não há um padrão de origem pra o nervo esplâncnico maior devido à ampla variedade de suas origens, como pôde ser constatado a partir do momento em que apenas sete casos dissecados se encontravam tais quais as citações dos autores pesquisados.

O nervo esplâncnico maior pode também se encontrar disposto anteriormente à coluna vertebral torácica após sua formação.

Sendo assim espera-se que esse estudo possa vir a ampliar os conhecimentos a respeito do nervo esplâncnico maior e reduzir os riscos de sua lesão em procedimentos cirúrgicos no mediastino posterior.

Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa de Alagoas – FAPEAL
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Nervo; Sistema nervoso simpático; Coluna vertebral.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006