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F. Ciências Sociais Aplicadas - 2. Economia - 7. Economia Regional e Urbana
O MÉTODO ESTRUTURAL-DIFERENCIAL AMPLIADO: UMA APLICAÇÃO PARA CAXIAS DO SUL/RS FRENTE À ECONOMIA DO RIO GRANDE DO SUL ENTRE O PERÍODO DE 1990 A 2000
Jordana Bogo 1
Sandro Rogério dos Santos 2
Angela Margarida Diel dos Santos 3
(1. Depto. de História e Geografia - CCHC - Universidade de Caxias do Sul/UCS; 2. Departamento de Ciências Contábeis/UCS; 3. Faculdade dos Imigrantes/FAI)
INTRODUÇÃO:

O presente trabalho tem como objetivo analisar o método estrutural-diferencial ampliado, visando um estudo econômico regional através dos grandes setores para Caxias do Sul/RS frente ao Rio Grande do Sul. Com o auxílio dos efeitos proporcional e competitivo, é possível estudar o comportamento de uma economia frente à outra, buscando aferir as diferenças entre os setores presentes nas mesmas. A fim de analisar como se deu o desenvolvimento destes vários segmentos na economia caxiense na geração de emprego e mostrar seu processo de crescimento junto à economia gaúcha, propõe-se, através da utilização do método, analisar mais detalhadamente como transcorreu esse dinamismo na economia. Através de sua aplicação, é possível detectar a participação destes no crescimento econômico da região. O efeito estrutural deriva da composição setorial regional, refletindo a existência ou não de setores que são mais ou menos dinâmicos em termos de taxa de crescimento, em relação ao conjunto da economia. Quando positivo, demonstra que a região se especializou em setores dinâmicos á nível estadual. O efeito diferencial indica quais setores crescem ou decrescem mais rapidamente em uma região do que em outras, refletindo, em vantagens quanto à sua localização. Assim, a ação de forças, como variação nos custos dos transportes, estímulos fiscais, diferenças de preços de insumos entre as regiões e o Estado e fatores de produção mais abundantes, resultariam no fortalecimento do efeito final.

 

 

METODOLOGIA:

O método estrutural-diferencial empregado para analisar o comportamento dos principais gêneros econômicos dos segmentos utiliza a variável pessoal ocupado, no final de cada ano pesquisado. Os dados empregados para a implementação do modelo são os da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais - Ministério do Trabalho) de 1990, 1995 e 2000. Foram utilizados 26 setores, sendo 14 indústrias, mais a agricultura, os serviços de utilidade pública, a construção civil, a administração pública, os serviços e o comércio. No setor industrial, incluem-se a extração mineral, mineral não-metálico, metalurgia, mecânica, material elétrico e comunicação, transporte, madeira e mobiliário, papel e gráfica, borracha/fumo e couro, química, têxtil, calçados, alimentação e bebidas e setores diversos; o setor de serviços (instituição financeira, administração técnica profissional, transportes e comunicações, alojamentos comunitários, ensino, médicos/odontólogos e veterinários); o comércio atacadista e o comércio varejista. O setor agrícola compreende a agricultura. As principais contribuições ao método estrutural-diferencial podem ser creditadas a Stilwell (1969), Esteban-Marquillas (1972) e a Herzog e Olsen (1979). Todas essas contribuições foram amplamente estudadas e analisadas quanto ao seu desempenho analítico e de construção na melhoria da análise final dos resultados em Pereira (1995) e Santos (1998).

 

RESULTADOS:

Analisando os segmentos econômicos entre 1990/1995 e interpretando-os, constatou-se que: nenhuma atividade apresentou desvantagem competitiva especializada; doze apresentaram desvantagem competitiva não especializada (minerais não metálicos, mecânica, transporte, madeira, borracha, têxtil, calçados, serviço de utilidade pública, instituições financeiras, médicos e ensino); quatro apresentaram vantagem competitiva não especializada (metalurgia, gráfica, agricultura e transporte) e dez apresentaram vantagem competitiva especializada (indústria extrativa mineral, material elétrico e comunicação, química, alimentos, construção civil, administração pública, diversos, comércio varejista, administração técnico profissional e alojamentos comunitários). Já, no período de 1995/2000, constatou-se que: duas atividades apresentaram desvantagem competitiva especializada (serviços de utilidade pública, diversos); sete apresentaram desvantagem competitiva não especializada (material elétrico, madeira, borracha, têxtil, construção civil, administração pública e agricultura); quatro atividades econômicas apresentaram vantagem competitiva não especializada (indústria extração mineral, calçados, comércio varejista e comunicações); e treze apresentaram vantagem competitiva especializada (minerais não metálicos, metalurgia, mecânica, transporte, gráfica, química, alimentos, atacadista, instituições financeiras, administração técnico profissional, alojamentos comunitários, médicos e ensino).

 

CONCLUSÕES:

O estudo procurou apresentar através do auxílio do método estrutural-diferencial ampliado, qual foi o comportamento dos segmentos nos grandes setores econômicos presentes no município de Caxias do Sul, entre os anos de 1990 a 2000. No que diz respeito ao estudo regional e municipal pelo referido método, conclui-se que no período analisado, muitas atividades que até então apresentavam desvantagem competitiva não especializada, passaram ao longo do segundo período para setores com alto poder de competitividade e especialização como no caso das indústrias mecânicas, de material de transporte, comércio atacadista, instituições financeiras e ensino. Outras, como no caso das indústrias químicas, alimentação e bebidas, e alojamentos comunitários mantiveram-se com vantagem competitiva especializada. Pode-se dizer que o estudo procurou mostrar que o comportamento apresentado pelos diversos segmentos do município, não difere muito do que vem acontecendo com a conjuntura atual, no entanto, alguns não conseguem escapar do processo de reestruturação produtiva ocorrido ao longo da década de 90. No entanto, nem tudo é reflexo de crise, pois muitos também se destacam positivamente, como aqueles que possuem em suas estruturas produtivas algum diferencial competitivo, seja, pela sua posição geográfica, por ser um pólo de integração, ou por serem pólos de crescimento impulsionados por algum segmento motriz.

 

Instituição de fomento: Universidade de Caxias do Sul
 
Palavras-chave: método estrutural-diferencial; desenvolvimento econômico; economia regional.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006