A busca por uma alimentação saudável faz aumentar o interesse do público em relação à segurança alimentar. O queijo Minas Frescal, por exemplo, é um produto que tem ampla aceitação comercial e que faz parte do hábito alimentar da população na maioria das regiões do país. No entanto, apesar de a legislação brasileira exigir a utilização de leite pasteurizado no seu preparo, é bastante freqüente a comercialização de um produto que não atende a esta especificação legal.Outro fato que merece destaque na análise deste produto é a presença de resíduos de antimicrobianos, o que tem sido alvo de preocupação constante por parte das autoridades sanitárias devido aos efeitos tóxicos destes compostos sobre a saúde humana e à possibilidade de favorecer o desenvolvimento de formas de resistência em microrganismos patogênicos. O objetivo deste trabalho é avaliar a qualidade microbiológica de queijo Minas Frescal fabricado e comercializado no município de Muriaé e região para verificar se estão dentro dos padrões de qualidade para consumo, bem como constatar se há ou não a presença de resíduos de antibióticos no referido produto.

Foram analisadas dez amostras diferentes de queijo minas frescal advindas de vários pontos comerciais do município de Muriaé e região. De cada amostra, foram coletadas 25g do produto, adicionado a 100 mL de água destilada e, após processamento por um minuto em um liquidificador, o processado foi centrifugado por 5 minutos a 3000 RPM. Posteriormente, 20 mL do sobrenadante foram acrescentados a um tubo contendo 1,8 mL de solução salina (0,9%) com 1% de peptona obtendo uma diluição de 10^-2. Tal procedimento foi repetido para obtenção de 10^-3. Após diluição, uma alíquota de 10mL foi semeada nos meios de cultura EMB, para pesquisa de enterobactérias, meio Manitol contendo 7.5% de NaCl, para pesquisa de Staphylococcus e Agar SS, para detecção de Salmonella e Shigella.Para análise da presença de antibióticos, foi utilizado o kit COPAN (ATK - Antibiotic Test Kit) conforme as recomendações do fabricante.

Após análise das amostras, foi detectada presença de resíduos de antibióticos em 60%, sendo que destas, 16.6% eram de origem industrial e 83.3% de origem domestica.Esses resultados sugerem que os produtores rurais não esperam o tempo recomendado entre a aplicação de antibióticos e a ordenha e, ainda, que o processo de pasteurização não elimina tais resíduos. Foram isolados coliformes fecais em 10% das amostras e contagens acima do padrão para coliformes totais em 70% desses. Ainda, em nenhuma delas foram encontrados números superiores aos padrões legais aceitáveis para Staphylococcus aureus, Salmonella e Shigella. A presença de E. coli em um alimento, indica contaminação microbiana de origem fecal, o que torna o produto inaceitável para o consumo. A contagem acima dos padrões de coliformes totais indica que o produto está em condições higiênico-sanitárias insatisfatórias.