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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia
Chloromyxum sp. (Filo Myxozoa) PARASITA DE PEIXE EM SANTA CATARINA
Patrícia Garcia 1
Aimê Rachel Magenta Magalhães 1
Edilson Matos 2
Patrícia Matos 3
Jessica Tajdari  4, 5
Carlos Azevedo 4, 5
(1. Laboratório de Diagnóstico e Patologia em Aqüicultura/UFSC - SC, Brasil; 2. Laboratório de Pesquisa Carlos Azevedo/UFRA, Belém - PA, Brasil; 3. Laboratório de Animais Aquáticos, UFPa, Belém - PA, Brasil; 4. Laboratório de Protoparasitologia/CIIMAR-UP, Porto, Portugal; 5. Departamento de Biologia Celular/ICBAS-UP, Porto, Portugal)
INTRODUÇÃO:
Os Mixosporídios (Filo Myxozoa) formam um vasto grupo de microorganismos heterotróficos com intrincados esporos multicelulares, possuindo estruturas semelhantes aos nematocistos dos cnidários, denominadas cápsulas polares. Tais estruturas são características de cada espécie e fundamentais em sua identificação. Estes organismos são parasitas freqüentes de invertebrados e vertebrados (peixes, anfíbios e répteis) das mais variadas regiões geográficas. A maioria dos mixosporídios é inócua aos seus hospedeiros. Embora algumas espécies sejam muito letais aos seus hospedeiros, nada é referido na literatura no que diz respeito à sua ação no homem. Os mixosporídios podem ser encontrados em peixes marinhos e de água doce. Sua presença em um hospedeiro em particular está relacionada a interações entre fatores fisiológicos e ecológicos. Os peixes bentônicos são geralmente mais infectados do que os pelágicos. Estes parasitas representam um importante grupo que interfere principalmente na produção aquática de interesse econômico, onde tem causado grande mortalidade. No Brasil, onde há a maior e mais representativa fauna ictiológica, este grupo de parasitas não tem sido profundamente estudado. O objetivo deste trabalho foi averiguar a presença cistos de parasitas em teleósteos de água doce e marinhos, da região de Florianópolis.
METODOLOGIA:
Vários espécimens de teleósteos de água doce foram coletados em um pesque-pague no Município de Santo Amaro da Imperatriz (27° 42’ 02” S / 48° 47’ 01” W), e os marinhos, foram coletados na Praia da Barra da Lagoa (27° 34’ 04” S / 48° 25’ 03” W), Florianópolis. Os peixes foram transportados em baldes para o laboratório de Anatomia e Fisiologia do Departamento de Aqüicultura – UFSC, onde foram dissecados. Com auxílio de microscópio estereoscópico foi averiguada a presença de cistos de parasitas nos órgãos internos dos animais. Tais cistos foram localizados no teleósteo marinho Menticirrhus americanus Gill, 1861 (Família Sciaenidae), conhecido popularmente como papa-terra. Parte desses cistos foram removidos e o seu conteúdo colocado entre lâmina e lamínula para serem examinados ao microscópio óptico, com o intuito de confirmar a parasitose. A outra parte foi fixada em glutaraldeído a 5% em tampão cacodilato de sódio 0,2 M (pH 7,4) a 4 ºC durante 20h. O material foi pós-fixado em tetróxido de ósmio tamponado a 2%, desidratados em etanol e óxido de propileno e incluídos em Epon, de acordo com as técnicas padronizadas no laboratório de Animais Aquáticos - UFPa. Os cortes ultrafinos, obtidos com faca de diamante, foram contrastados com acetato de uranila e citrato de chumbo e observados ao Microscópio Eletrônico de Transmissão JEOL 100CXII (TEM) operando a 60 KVoltes.
RESULTADOS:
Do estudo parasitário que estamos realizando na fauna ictiológica de água doce e água salgada da região de Florianópolis, encontramos na bexiga urinária de papa-terra, um parasita pertencente aos mixosporídios (Filo Myxozoa). Durante a análise do material em microscopia eletrônica de transmissão (TEM), verificamos tratar-se de um parasita, cuja morfologia do esporo se assemelha aos do gênero Chloromyxum Mingazzini, 1890. Este parasita, representado por cerca de 100 espécies, algumas das quais de forte incidência em peixes de água doce e marinhos são, em muitos casos, letais para os seus hospedeiros. Os esporos foram encontrados em plasmódios rodeados por um vacúolo onde se encontra material hialino. Os esporos eram esféricos, constituídos por 2 valvas com cristas e sem prolongamentos caudais. As valvas possuíam cerca de 36 cristas longitudinais, facilmente observáveis em TEM. Cada esporo possuía 2 pares de cápsulas polares, cada uma possuindo um filamento polar com 7-8 enrolamentos. As células esporogênicas são binucleadas e contêm, entre outras organelas, numerosos esporoplasmossomas. Este parasita do gênero Chloromyxum é pela primeira vez referenciado no Brasil.
CONCLUSÕES:
O presente estudo revelou a presença de um parasita, cujo gênero é referido na literatura como um potencial agente patogênico para a quase totalidade dos seus hospedeiros. Embora a espécie não tenha ainda sido identificada, este parasita encontrado na região de Santa Catarina, sugere ser patogênico para o seu hospedeiro e poderá representar um possível agente de dispersão da parasitose para outros peixes de interesse econômico que co-habitam a região.
 
Palavras-chave: Ictioparasitologia; Chloromyxum sp.; ultraestrutura.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006