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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 7. Sociologia
COMO COMPREENDER A VIOLÊNCIA NA ESCOLA
Simone Rodrigues Ruduit 1, 2
(1. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul/ UFRGS; 2. Professora nas Faculdades Porto-alegrenses/FAPA)
INTRODUÇÃO:
A violência no espaço escolar é um fenômeno importante não pelo seu ineditismo, mas pela forma que vem assumindo a partir do final da década de 1980, no Brasil e no exterior (França, Japão, Portugal, Alemanha e outros países). As práticas de violência encontradas nas escolas de tais países apontam para uma forma de relacionamento pautada na violência física, psicológica e simbólica. Tais formas de relacionamentos estão presentes nas famílias e nos amigos de alunos (dentro e fora da escola) e na própria escola. Estudos mostram a complexidade do tema que não deve ser tratado como fruto de uma variável (uma causa), ao contrário, deve ser compreendido dentro de um contexto (de algumas variáveis) que favorece as práticas de violência. As práticas de violência presentes no levantamento bibliográfico e na realidade investigada demonstram que há algumas semelhanças nas ações violentas nos diversos países. Sendo as mais comuns agressões físicas e verbais entre alunos e depredação do patrimônio escolar, salientando que tais ações afetam negativamente o clima escola, dificultando e impossibilitando o processo de ensino aprendizagem. Para tanto o foco desta análise está em compreender, por meio de um estudo de caso em Alvorada RS, quais seriam os fatores (variáveis) que estariam envolvidos na promoção das ações violentas no espaço escolar.
METODOLOGIA:
O presente estudo é fruto de uma pesquisa de mestrado já defendida no Programa de Pós-Graduação em Sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Para realização do estudo foi feito estudo de caso em uma escola municipal de Alvorada, município da Região da Grande Porto Alegre (RS). Somada à pesquisa bibliográfica especializada fez-se a coleta dos dados empíricos da seguinte forma: a)aplicação de questionários nos alunos da escola; b) realização de entrevistas com alunos, professores, bibliotecárias e direção da escola estudada e também com o Secretário (à época) de Educação de Alvorada; c) observação nas salas de aula durante as aulas, observação nos intervalos (recreios) e nas entradas e saídas das aulas, das movimentações nos corredores durante as aulas e nas reuniões quinzenais dos docentes; e por fim d) análise de documentos escolares (livros-ata, e livros de ocorrência, Projetos Políticos Pedagógico e Constituinte Escolar). A coleta empírica dos dados visava apreender as causas para a prática de violência interpessoal entre alunos no espaço escolar.
RESULTADOS:
A partir do referencial teórico e dos dados empíricos coletado pôde-se perceber que a violência presente no espaço escolar investigado está relacionada com um padrão de relacionamento que utiliza a violência como um recurso, tal padrão seria encontrado nas família e nos grupos de amizade dos alunos, e apresentadas no espaço escolar. Ou seja, os alunos que mais se envolvem em praticas violentas são oriundos de famílias que utilizam a violência no seu relacionamento interpessoal; também são esses jovens que pertencem à grupos juvenis que comercializam drogas, praticam pequenos roubos e depredam patrimônio em via pública; somado ao fato de estarem em uma instituição que não trata a violência sistematicamente (com ações de prevenção e enfrentamento).
CONCLUSÕES:
Os dados teóricos e empíricos permitem compreender o fenômeno da violência como fruto de um construto social. A violência no espaço escolar não começaria na Instituição, mas apresentar-se-ia também lá, pois sua construção se daria por meio de uma sociabilidade que aceitaria a violência como algo perene, e algumas vezes banal. O estudo aponta para a necessidade de apreender o fenômeno na realidade (considerando suas especificidades locais) para depois buscar uma intervenção.
 
Palavras-chave: Violência ; Escola; Sociabilidade.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006