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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia - 6. Sociologia Urbana

O REGGAE LUDOVICENSE E SUA TRANSFORMAÇÃO EM PRODUTO DE CONSUMO ATRAVÉS DO MARKETING 

Paula Karolinne Silva de Menezes 1
Milina dos Santos Freire 1
Manoel Silva 1
Claudio Eduardo de Castro 1
Leandro dos Santos 1
(1. DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS/UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO/UFMA)
INTRODUÇÃO:

Uma ilha cercada de atividades culturais por todos os lados é São Luís do Maranhão.

Pela mesma misturam-se ritmos e manifestações (bumba-meu-boi; tambor de crioula) dentre os quais destaca-se o reggae, ritmo jamaicano que se faz presente por mais de três décadas e vem se propagando cada vez mais e adquirindo características específicas do povo maranhense.

O reggae na cidade é um bem  cultural da população de baixa renda que encontra nos salões de festa um elo de identificação.

A intensa propaganda do reggae de São Luís projeta a imagem de que a música jamaicana  é onipresente na ilha , justamente o centro histórico da cidade que é um dos locais mais visitados (tanto pela população local, quanto pelos turistas) parece contrapor esta impressão, já que este se apresenta com uma diversidade de bares e restaurantes como o Pub, o bar Antigamente, o Bagdá Café, que se utilizam de outros gêneros musicais (mpb, rock, dance) apropriados para cada ambiente. Deste modo, buscou-se perceber a utilização do reggae como ferramenta de divulgação e a transformação que este vem sofrendo, através da mídia, com a finalidade de torná-lo produto de mercado, bem como esclarecer os locais nos quais se manifesta.

 

METODOLOGIA:

O ciclo de pesquisa deu-se primeiramente com a fase exploratória a cerca do objeto de estudo, no caso o reggae, questões e indagações preliminares, em segundo, realizou-se a investigação, através do levantamento bibliográfico de fundamental importância para a confirmação ou refutação de hipóteses, estabeleceu-se  o trabalho de campo , etapa que procedeu com observações, entrevistas com perguntas diretas (abordando questões objetivas) e abertas com assuntos a serem discutidos pelos moradores locais e visitantes, obtendo assim, diferentes opiniões e percepções a respeito de reggae e registros fotográficos de elementos relevantes à pesquisa, constituindo no recorte empírico para a construção teórica elaborada no momento.

       

RESULTADOS:

O reggae chegou a São Luís pelas ondas curtas de rádio e através de dj´s que foram à fonte jamaicana buscar o som.

Razões pelas quais o ritmo tenha se firmado em solo maranhense, seria um certo gosto comum pelos ritmos de raízes negras e semelhanças no meio social, exatamente uma forma de expressão dos menos favorecidos, até mesmo à própria pulsação dos instrumentos do reggae assemelham-se aos do bumba-boi. Notou-se que em São Luís o ritmo se executa com persistência nos bairros periféricos, através das chamadas radiolas (grandes sistemas de som eletrônico , que oferece toneladas de auto falantes e milhares de Walt de potência) para animar os salões de festa.

Na opinião da grande parcela dos entrevistados, o reggae seria um dos atrativos da cidade, justamente pela intensa propaganda que o vincula como uma manifestação universal na ilha, fato que não se efetua com clareza no centro da cidade, sendo que são as periferias que abrigam preferencialmente o reggae. Na localização dos salões encontram-se apenas dois na área central  da cidade e mais de quarenta na periferia. Sobre o termo usado como referência para São Luís de jamaicana brasileira não seria apropriado na opinião dos demais, pois não condiz com a realidade.

 

 

CONCLUSÕES:

É com a pretensão de mostrar como se comporta o ritmo jamaicano na ilha de São Luís e toda a sua organicidade em torno de uma realidade social diferentemente oposta daquela em que se propagandiza uma imagem fora dos ditames verdadeiramente conhecidos e processados,é que  se considerou a mídia transmissora de uma imagem distinta,na qual o reggae está inserido como produto de consumo,contrapondo-se à realidade observada.

É notório afirmar que o reggae em São Luís é de fato significante para a população da periferia,pois estes se identificam e criam uma atmosfera de valorização das raízes negras,adquirindo contornos particularmente maranhenses,inclusive com composições próprias (dj’s e bandas locais),apesar disso ainda é visto com preconceito e como um ritmo inferior por algumas camadas sociais locais.

Através da sustentação do termo Jamaica brasileira pelos meios de comunicação busca-se obter resultados satisfatórios e benefícios vinculados ao mercado turístico,desta maneira procurou-se desmistificar a noção centralizadora de que o reggae encontra-se atrelado somente a uma visão atrativa,onde se promove uma informação com engodo,sem transparência,disfarçando a realidade para se projetar algo fictício.

 

 
Palavras-chave: REGGAE; PERIFERIA; PRODUTO DE CONSUMO.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006