O Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Imaginário Social – GEPEIS/CE/UFSM vem desenvolvendo projetos de pesquisas e extensão tendo como eixo investigativo o professor e suas trajetórias de vida pessoal e profissional. Percebendo as Instituições Públicas de Educação e Ensino como locais onde é possível, o professor, acionar mecanismos de reflexão sobre as escolhas, as expectativas e as motivações que impulsionam sua trajetória profissional, bem como, reconhecer as interações e vivências cotidianas educativas como constituinte dos processos de formação continuada, firmou-se parceria deste grupo com a Escola Municipal de Ensino Fundamental Tancredo Penna de Moraes, pertencente ao município de Santa Maria/RS. O projeto de extensão/formação - universidade e escola - parte da perspectiva de valorizar as práticas e os saberes docentes, apostando no exercício de “dar voz” aos professores da referida escola, inter-relacionando suas vivências relacionais e pedagógicas. Através da ressignificacão de suas trajetórias profissionais ao mesmo tempo, apostamos na articulação do reinvestimento do grupo na (re)construção identitária dessa instituição escolar. Nesse sentido, ressaltamos a importância do entrelaçamento das trajetórias individuais de tais profissionais na história coletiva da instituição. Convém destacar que os professores – individuais e coletivamente – configuram-se “investigadores e gestores” de suas práticas e da escola.

Ao longo do ano desenvolvemos vivências pedagógicas que abordaram as representações que os professores têm da escola, interações instituídas e construídas, problematizando as práticas pedagógicas e buscando outros referenciais, maneiras diversificadas de organizar seus fazeres profissionais. Para discutir o Projeto Político Pedagógico, proporcionamos aos sujeitos da escola, através das entrevistas, espaços para expor suas significações imaginárias em relação à escola, professores, alunos, família e lazer. Para conhecer as representações que os pais possuem da escola, organizamos em conjunto, GEPEIS e Escola, o questionário para obtenção dessas informações que foi realizado pelos professores em visitas às famílias. Estes dados foram agrupados em gráficos e discutidos em encontros de estudos. Durante as vivências pedagógicas, o Gepeis propôs aos professores um questionário, no qual relataram de forma escrita o que buscavam na formação continuada e as propostas para as atividades escolares. Assim, reestruturamos as vivências pedagógicas abarcando as temáticas sugeridas nas entrevistas, com intuito de experienciar propostas pedagógicas que auxiliassem na opção por uma metodologia de trabalho que caracterizasse seu fazer pedagógico e contemplasse o desenvolvimento do PPP. Os alunos também expuseram suas opiniões em relação à escola e o trabalho em sala de aula, em entrevistas grupais semi-estruturada que contemplasse da pré-escola a oitava série, realizadas pelo Gepeis.

Na busca da qualificação profissional, o Gepeis e a Escola produziram espaços que propiciassem trocas de saberes, discussão de metodologias, vivências pedagógicas, momentos em que pais, alunos e professores puderam expor sua opinião, seus desejos e expectativas em relação ao espaço escolar. As vivências pedagógicas abordaram a temática da alfabetização e letramento  propondo diversas formas de explorar os textos em sala de aula, bem como a organização de um espaço que abordará a literatura como fio condutor de um trabalho interdisciplinar. Estas atividades buscam suprir uma necessidade expressa pelos professores e alunos nas entrevistas realizadas com propósito de diversificar as metodologias e materiais na construção do fazer pedagógico em sala de aula. A partir da coleta de dados da comunidade escolar, que propiciou um diagnóstico real da instituição, iniciamos em conjunto com a escola a reorganização do Projeto Político Pedagógico com o objetivo de aproximá-lo da realidade da comunidade escolar. As entrevistas realizadas com os pais, professores e alunos, possibilitaram conhecer quais as representações que estes sujeitos tinham de si mesmo e da escola, bem como as relações que se estabeleciam. Nestas manifestações, tinham-se materiais, baseados no dia-a-dia da comunidade escolar para a construção de um PPP com os processos identitários de quem faz parte desse cotidiano.

A formação precisa ser vista numa perspectiva solidária, que vá além dos limites individuais, que aposte em ações “trans-formativas” compartilhadas, em outras práticas, que sirvam de molas propulsoras para o entendimento de si e do outro, quer pessoa ou contexto. Para Foucault (1995, p.48), as “tecnologias do eu”, “permitem aos indivíduos efetuar, por conta própria ou com a ajuda de outros, certo número de operações sobre seu corpo, sua alma, pensamentos, conduta, ou qualquer forma de ser, obtendo assim uma transformação de si mesmos com o fim de alcançar certo estado de felicidade, pureza, sabedoria ou imortalidade”. Vislumbrando o “dispositivo pedagógico”, como espaço onde se constitui ou se transforma a experiência de si (Larrosa apud. Silva, 1994), acreditamos, também, que todo e qualquer estudo realizado com professores, deve possibilitar alguma forma de reflexão sobre as práticas cotidianas relacionadas à escola. O mapeamento, permitiu um levantamento de propostas e atividades, em que cada segmento da comunidade escolar se enxergasse como atuantes e responsáveis pelo bom andamento das atividades educacionais e da estrutura física do ambiente escolar. Essa reflexão foi oportunizada aos alunos por meio da discussão dos dados, levando-os a perceberem-se como parte integrante e responsável pelo espaço escolar. Como compromisso, os alunos elencaram atividades que irão ser desenvolvidas por eles para contribuir na superação de dificuldades apresentadas.