IMPRIMIR VOLTAR
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
INCIDÊNCIA, MORBIMORTALIDADE E A OCORRÊNCIA DO ATENDIMENTO FISIOTERAPÊUTICO EM PORTADORES DE NEUROTOXOPLASMOSE, INFECTADOS COM HIV, NO HOSPITAL NEREU RAMOS (HNR) EM FLORIANÓPOLIS/SC NO PERÍODO DE JANEIRO DE 2004 A DEZEMBRO DE 2005
Aline Guimarães Pereira 1
Juliano Tibola 1
(1. Curso de Fisioterapia, CEFID/UDESC)
INTRODUÇÃO:

Cerca de 15 anos após a infecção pelo HIV ter sido reconhecida pela primeira vez, a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA) tornou-se uma pandemia global. De 1980 a junho de 2005, foram registrados 371.827 casos de SIDA no Brasil. A infecção pelo HIV geralmente é associada ao comprometimento do SNC. As infecções oportunistas ocorrem em pacientes já com profundo comprometimento imune. A encefalite por Toxoplasma gondii tem sido, atualmente, reconhecida como uma das maiores causas de infecção oportunista do SNC. Em relação à morbidade, as manifestações clínicas afetam em muito a qualidade de vida e o potencial físico do portador. O serviço de fisioterapia hospitalar consiste em prevenir e tratar complicações motoras e funcionais no paciente gerando, por conseguinte, benefícios econômicos ao hospital, por reduzir o tempo de internação e aumentar a disponibilidade e rotatividade dos leitos. Este trabalho tem por objetivo verificar a incidência, morbimortalidade e a ocorrência do atendimento fisioterapêutico em pacientes com neurotoxoplasmose, infectados pelo vírus HIV, no Hospital Nereu Ramos (HNR) em Florianópolis/SC no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005.

METODOLOGIA:
Este estudo foi classificado como uma pesquisa descritiva de campo do tipo documental. Os dados investigados foram coletados dos prontuários localizados no Serviço de Arquivo Médico e Estatística (SAME), com a utilização de um formulário de coleta dados. Foram analisados todos os prontuários dos pacientes com neurotoxoplasmose, infectados pelo HIV, de ambos os sexos, de qualquer faixa etária, que estiveram internados nas Alas de Doenças Infecto Parasitárias I e II (DIP I e II) do HNR, em Florianópolis/SC, independente do tempo de permanência nestas unidades, no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005. Quanto aos critérios de exclusão, foi estabelecido que prontuários ilegíveis ou que estivessem danificados não participariam da pesquisa; mas nenhum prontuário precisou ser excluído. Os dados foram analisados de forma quantitativa, através da estatística descritiva (freqüências simples e percentual).  A análise dos dados foi exposta através de gráficos e tabelas.
RESULTADOS:
Dos 708 indivíduos que estiveram internados nas Alas DIP I e II durante o período de janeiro de 2004 a dezembro de 2005, 87 ou 12,3% apresentaram algum episódio de encefalite toxoplasmática. Dentre estes 69% eram do sexo masculino e 31% do sexo feminino; a faixa etária de maior ocorrência foi dos 31 aos 35 anos com 24,1%, seguida da faixa etária dos 41 aos 45 anos com 21,8% dos casos. Quanto à morbidade, esta ocorreu em 26,4% dos casos durante o período estudado. A média de dias de internação foi de 30,8 dias. As principais manifestações clínicas aferidas como queixa principal no momento da internação foram cefaléia (34 ocorrências), febre (29 ocorrências), confusão mental (28 ocorrências), diminuição do nível de consciência (27 ocorrências) e crises convulsivas (25 ocorrências). Dentre os indivíduos pesquisados, 79,2% apresentavam algum comprometimento motor sendo a hemiparesia esquerda a de maior incidência (31 ocorrências), seguida de dificuldade para caminhar (22 ocorrências) e hemiparesia direita (20 ocorrências). Quanto ao serviço de fisioterapia, este recebeu prescrição médica em 33,3% dos casos, sendo realizado em 29,9% dos casos.
CONCLUSÕES:
Este estudo cumpriu com os objetivos propostos. A alta incidência de alterações motoras correlatas; a baixa ocorrência de atendimento fisioterapêutico hospitalar; e o advento da terapia anti-retroviral (ARV) que prolongou a sobrevida das pessoas vivendo com HIV nos fez concluir que a fisioterapia ainda é pouco explorada no hospital em geral. A infecção pelo HIV e a SIDA vêm se tornando um desafio cada vez maior e um estímulo a novas abordagens para a organização de ações preventivas e terapêuticas. A partir do que foi mencionado, considerou-se prevalente e indispensável a atuação fisioterapêutica, pois sua omissão, desconhecimento ou mesmo o não aproveitamento do potencial de ação existente nesta área da saúde, reflete em um número excessivo de dias de internação e de maiores chances de complicações funcionais e motoras. A atuação do profissional fisioterapeuta no hospital diminui o tempo de permanência em leitos hospitalares, já comprovado em vários trabalhos, e disponibiliza vagas, o que aumenta a capacidade de internação e, do ponto de vista administrativo, reduz os custos com a saúde.
 
Palavras-chave: Neurotoxoplasmose; SIDA; Fisioterapia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006