A comorbidade entre o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), caracterizado principalmente por sintomas obsessivo-compulsivos e a Síndrome de Tourette (ST), cuja principal característica é a presença de tiques, costuma gerar aos seus portadores maiores prejuízos e comprometimentos, do que quando há a manifestação de uma ou outra doença isolada.

Os comprometimentos apresentados pelos portadores vão desde alterações psicológicas e de comportamento, características de ambas as doenças, mas que são agravadas por conta da comorbidade, até prejuízos psicossociais que afetam significativamente suas vidas, impossibilitando-lhes, muitas vezes, o desenvolvimento de atividades sociais como trabalhar e/ou estudar.

Entretanto, os estudos sobre ambas as doenças limitaram-se, até hoje, às análises clínicas e farmacológicas, não havendo, pois, praticamente nenhuma literatura que tratasse dos aspectos psicossociais tão afetados dos portadores.

Frente a esta constatação, este estudo teve como objetivo analisar os portadores dentro de uma perspectiva que apontasse suas características de comportamento de natureza social, visto que, apesar de escassos, estes estudos são de primordial importância para os portadores e indispensáveis ao tratamento e à uma melhor compreensão da ST e do TOC.

A pesquisa analisou um grupo de indivíduos portadores de Transtorno Obsessivo Compulsivo e Síndrome de Tourette, isolados e co-mórbidos, dentro do contexto escolar. Com uma abordagem qualitativa, foram utilizados como métodos de realização dos estudos, observações dos portadores em ambiente escolar e entrevistas realizadas com os pais dos portadores. A análise dos dados foi feita com base em bibliografias referentes ao tema em questão.

Com relação aos resultados obtidos, constatou-se que todos os portadores estudados, sem exceção, apresentavam prejuízos educacionais e de socialização e, embora tenham seu desempenho escolar prejudicado pelas doenças, não apresentaram nenhuma dificuldade de aprendizagem diagnosticada.

Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que, a ST e o TOC, mesmo quando manifestados isoladamente, interferem de forma significativa no desempenho social e acadêmico dos portadores. Entretanto, a presença da comorbidade revelou maiores comprometimentos tanto sociais quanto educacionais, visto que, nestes casos, os portadores têm de conviver com os sintomas de ambas as doenças associadas, o que acarreta em maiores perturbações, consumo considerável de tempo e, conseqüentemente, maiores prejuízos para os mesmos.