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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

GONIOMETRIA DE OMBRO APÓS MAMOPLASTIA DE AUMENTO PELA INCLUSÃO DE PRÓTESE DE SILICONE VIA INFRAMAMÁRIA.

Juliana Naspolini 1
Soraia Cristina Tonon 1
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:
O aumento da mama é uma das operações estéticas mais comuns, talvez perdendo somente para a lipoaspiração (American Society Of Plastic Surgeons, 2001). A fim de otimizar os resultados desta operação, variáveis como a posição da incisão, o plano de localização do implante, o material do implante, e as características individuais do tecido devem com cuidado ser considerados. (Góes; Landecker, 2003). Devido aos implantes de mama beneficiarem muitas mulheres, suas candidatas devem ter bastante informação sobre os riscos potenciais, para decidir se os benefícios previstos do procedimento compensarão aqueles riscos (Cash et al., 2002). Com o difundido uso dos implantes de silicone para aumento de mamas, a incisão inframamária tornou-se popular pela simplicidade do método (Reynaud; Tassin, 2003). Apesar disso, não foi encontrado nenhum trabalho sobre a avaliação da amplitude de movimento (ADM) dos ombros relacionado à mamoplastia de aumento com esta incisão. E não se pode esquecer da importância que os movimentos da articulação do ombro têm para a funcionalidade dos MMSS e para as atividades de vida diária. Portanto, o problema da pesquisa abrangeu as possíveis alterações na ADM das mulheres submetidas à mamoplastia de aumento pela técnica de inclusão de prótese via inframamária.
METODOLOGIA:

O estudo foi realizado com 7 mulheres adultas (entre 18 e 31 anos) submetidas à mamoplastia de aumento com incisão inframamária. Segundo Costa Neto (2002), a amostra foi classificada como não-probabilística e intencional, onde o pesquisador deliberadamente escolhe certos elementos para pertencer à amostra, por julgar tais elementos bem representativos da população. Os critérios de exclusão foram: mulheres menores de 18 anos, mulheres submetidas à mamoplastia de aumento com outras técnicas que não utilizaram a via inframamária, mulheres com patologia limitando a ADM do ombro e mulheres que não tinham disponibilidade para os encontros necessários à pesquisa. Por esta razão, as mulheres foram avaliadas antes da cirurgia através do teste de “coçar” de Apley para verificar a integridade da articulação do ombro. Nas reavaliações de uma semana, 3 meses e 6 meses de pós-operatório (PO) foram medidos os movimentos de flexão, extensão, abdução, abdução horizontal, adução horizontal e rotação externa dos ombros com o goniômetro. Os movimentos foram executados da maneira que demonstra Kapandji (2000) em sua obra. Todas as ADMs foram avaliadas com o sujeito na posição ortostática e movimentação ativa. Os dados coletados através da goniometria nas 3 reavaliações foram expostos em forma de gráficos, montados de acordo com a estatística do tipo descritiva, e discutidos com a literatura pesquisada.

RESULTADOS:

Com as coletas, foram encontrados:

Flexão: Em média, as mulheres possuíram 121º de ADM ativa no membro superior direito (MSD) e 125º no membro superior esquerdo (MSE) após uma semana de PO. No 3º mês de PO, apresentaram, em média, 161º no MSD e 159º no MSE, enquanto que no 6º mês a média foi de 164º para ambos. Extensão: Na reavaliação de uma semana, o ombro D alcançou a média de 46º enquanto o E alcançou 49º. Já na reavaliação de 3 e 6 meses, o ombro D alcançou uma média de 58º e 59º e o ombro E alcançou 56º e 57º respectivamente. Abdução: No PO de uma semana, em média, as mulheres possuíram 111º de ADM ativa de abdução do ombro no MSD e 114º no MSE. No terceiro mês de PO, as mulheres apresentaram 174º no MSD e 172º no MSE, enquanto que no sexto mês a média foi de 178º para os MMSS. Abdução Horizontal: Na primeira semana de PO, este movimento alcançou uma média de 11º com o MSD e 14º com o MSE. Após 3 meses, a média alcançou 25º para o MSD e 27º para o MSE e no 6º mês de PO, a média estabeleceu-se com 31º para o MSD e 34º para o MSE. Adução Horizontal: Com uma semana, as mulheres possuíram, em média, 126º de ADM ativa nos ombros D e E. No 3º mês apresentaram 134º com o MSD e 136º com o MSE, enquanto que no 6º mês a média foi de 139º para o MSD e 141º para o MSE. Rotação Externa: Na primeira reavaliação, o ombro D alcançou a média de 73º enquanto o E alcançou 69º. Já na reavaliação de 3 e 6 meses, o D alcançou uma média de 79º e 80º e o E alcançou 76º e 78º respectivamente.

CONCLUSÕES:
Os movimentos ativos normais para a articulação do ombro foram alterados logo após a cirurgia. A flexão e a abdução perderam aproximadamente 40 e 65º de movimento, respectivamente. Tais movimentos foram totalmente recuperados após seis meses de PO demonstrando que não houve alteração crônica de movimentos das articulações dos ombros das mulheres estudadas.  Com os resultados apresentados neste estudo, podemos notar que os recursos fisioterapêuticos para este tipo de cirurgia poderiam ser implementados com o objetivo de acelerar o processo de recuperação destes movimentos, já que seis meses para o seu completo retorno implica em dificuldades funcionais a estas mulheres. Infelizmente, não foi encontrada nenhuma pesquisa relacionando a ADM ativa dos ombros com qualquer técnica de mamoplastia de aumento, dificultando a comparação com estes dados. Torna-se essencial este estudo, assim como outros que envolvam diferentes técnicas de mamoplastia de aumento, pois há falta de dados sobre a alteração de ADM nestes casos. Também porque não podemos comparar qual técnica é mais lesiva para a articulação do ombro. Por isso deve-se destacar que a cirurgia estética deve sempre procurar técnicas menos prejudiciais para o corpo para obter uma volta mais rápida de sua funcionalidade proporcionando, desta forma, a qualidade de vida desejada.
Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC
 
Palavras-chave: mamoplastia de aumento; incisão inframamária; goniometria.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006