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E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE RESÍDUOS DE SERRARIA PARA O USO DOMÉSTICO
Patrícia Gomes Ribeiro 1
Ailton Teixeira do Vale 2
(1. Graduanda do Depto. de Engenharia Florestal, Universidade de Brasília - UnB; 2. Professor Dr. do Depto. de Engenharia Florestal, UnB)
INTRODUÇÃO:
Segundo Ben (2004), a lenha é o quarto energético primário consumido no Brasil, com um valor médio, nos últimos 34 anos, de 7,48 x 107 toneladas/ano. O Brasil produz cerca de 20 mil m3 de carvão vegetal por ano, sendo quase toda produção obtida em fornos de alvenaria, nos quais o controle do processo de carbonização é difícil (Coutinho & Ferraz, 1988). Em 2000, o setor siderúrgico consumiu 88,2% do total demandado de carvão vegetal. O carvão vegetal é utilizado para inúmeros fins, destacando-se o seu uso na siderurgia e secundariamente na cocção de alimentos, em churrasqueiras, dentre outros. Quanto às exportações, verifica-se um baixo percentual em relação à produção, em 2001 a exportação foi de 9.338 toneladas, ou seja, 0,45% da produção (ABRACAVE, 2000, 2001, 2002, 2003; INFOTEC/PRÓ-CARVÃO, 2000). A insuficiência de carvão vegetal oriundo de plantios florestais tem sido suprida temporariamente pelo aproveitamento de resíduos lenhosos resultante da expansão da fronteira agrícola. Este carvão vegetal está cada vez mais distante dos centros de consumo, o que poderá, em futuro breve, inviabilizar o seu transporte. Este aproveitamento de resíduos tende a se esgotar nos próximos três a cinco anos (AMS, 2005). Reconhecendo a importância e as potencialidades relativas ao carvão vegetal, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o carvão de resíduo de serraria para o uso doméstico.
METODOLOGIA:

Foram adquiridas três embalagens de 3 kg de carvão de resíduo de serraria oriundo de Goianésia do Pará - PA. Cada embalagem de 3 kg representou uma repetição (R). As amostras foram identificadas como TxRy, onde “x” é o número do tratamento e “y” é o número da repetição. Cada amostra foi dividida em duas: uma de 1,5 kg de carvão classificado acima de 19 mm para determinação da densidade aparente. E outra amostra de 1,5 kg foi moída e classificada em peneiras de 40 mesh e 60 mesh, no Laboratório de Produtos Florestais (LPF) do IBAMA, para a análise imediata. Para determinar o teor de material volátil (MV), o teor de cinzas (Cz) e o teor de carbono fixo (CF) foi utilizada a norma ABNT NBR 8112. O poder calorífico superior (PCS) foi estimado em função dos teores de carbono fixo e materiais voláteis, segundo as equações de regressão propostas por Vale et al. (2002). A norma ASTM D-2395-69 foi utilizada para determinação da densidade aparente do carvão vegetal. O teor de umidade do carvão foi determinado, pela norma da ABNT NBR 8293.

RESULTADOS:

Para o consumo doméstico que constitui o foco desta pesquisa, o carvão vegetal de qualidade deve possuir maior densidade aparente, menor teor de umidade, menor teor de materiais voláteis, menor teor de cinzas, maior teor de carbono fixo e maior poder calorífico. O carvão de resíduos possui densidade aparente de 0,65 g/cm3, apresentou o menor teor de umidade (3,99%), o menor teor de cinzas (0,78%), e baixo teor de material volátil (21,70%) em comparação àqueles comercializados no Distrito Federal. Isto pode indicar que a temperatura de carbonização do carvão foi maior que os demais, e deve estar na faixa de 500º C. O carvão apresentou maior poder calorífico (7524,53 cal/g) e o terceiro melhor teor de carbono fixo (77,52%).

CONCLUSÕES:

Sendo o interesse desta pesquisa avaliar a qualidade do carvão de resíduo de serraria para o consumo doméstico, churrasco, conclui-se que o carvão demonstrou ser de ótima qualidade para este fim, uma vez que apresentou os melhores índices ao ser comparado com outros carvões comercializados no Distrito Federal.

 
Palavras-chave: carvão; resíduos; caracterização.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006