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D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia

PERFIL DOS ACIDENTES DE TRABALHO COM MATERIAL DE RISCO BIOLÓGICO ENVOLVENDO TRABALHADORES DA ÁREA DE SAÚDE QUE ATUAM NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO PROFESSOR ALBERTO ANTUNES/UFAL.

Bianca Valéria Gonçalves Nobre dos Santos 1
Analice Dantas Santos 2
(1. Aluna de Medicina Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNCISAL; 2. Dep. Saúde Comunitária Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas-UNC)
INTRODUÇÃO:

As doenças profissionais e os acidentes de trabalho constituem um importante problema de saúde pública mundial. Os trabalhadores da área de saúde estão susceptíveis, uma vez que o ambiente hospitalar oferece múltiplos e variados riscos, sendo os riscos biológicos os maiores geradores de periculosidade e insalubridade principalmente devido à utilização de equipamentos perfuro-cortantes, à manipulação constante de fluidos orgânicos potencialmente contaminados e à manutenção de práticas de risco por parte de profissionais, muitas vezes, descapacitados e negligentes em seguir as normas de segurança propostas, tais como a utilização de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva (EPI e EPC). Os ferimentos com material perfuro-cortante em geral são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de transmitir mais de 20 tipos de patógenos, dentre eles destacam-se as hepatites e o Vírus da Imunodeficiência Humana - HIV, fazendo com que essa população tenha um risco aumentado em adquiri-las em relação à população em geral. A subnotificação dos acidentes é um desafio para a identificação e estabelecimento de mudanças nas práticas de trabalho que envolve o desenvolvimento de uma política específica de revisão de procedimentos de forma a reduzir a probabilidade de exposição a materiais biológicos. Diante deste panorama o objetivo deste trabalho é avaliar o perfil dos acidentes com material de risco biológico entre a população de trabalhadores da área de saúde.

METODOLOGIA:

Foi realizado um estudo descritivo quantitativo, baseado na aplicação de questionário individual estruturado em uma amostra representativa de trabalhadores da área de saúde, como médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, prestadores de serviços das áreas de limpeza e estudantes que atuam no Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas (H.U. /UFAL), localizado na cidade de Maceió-AL. O tamanho da amostra foi calculado levando-se em conta o nível de significância de 5% e o poder de teste de 95% e o entrevistado concordou em participar mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido. As variáveis analisadas dizem respeito à quantificação do número de acidentes com materiais potencialmente contaminados e caracterização das ocorrências, identificando a categoria mais acometida, modalidades de acidente que mais ocorreram, material responsável pela contaminação, conhecimento e uso dos Equipamentos de Proteção no momento do acidente, medidas de prevenção, notificação do mesmo ao setor responsável da Instituição e medidas tomadas após o acidente. Concluída a coleta, os dados foram revisados através de análises utilizando os softwares Epi Info e Excel e utilizou-se o teste t de Student para as variáveis de idade e tempo de serviço dos entrevistados.

RESULTADOS:
Foram aplicados 150 questionários totalizando 115 mulheres (76,7%) e 35 homens (23,3%) que foram divididos em dois grupos: Grupo I (n=80), profissionais não acidentados com uma média de idade de 29,4 + 8,3 anos e um tempo médio de serviço de 10,28 + 6,2 anos; e Grupo II (n=70), profissionais acidentados com uma média de idade de 35 + 9,8 anos e um tempo médio de serviço de 10,31 + 8,7 anos, havendo diferença fignificativa entre estas variáveis nos grupos (p<0,05). Dos componentes do Grupo II, 50 (71,4%) eram do sexo feminino e 20 (28,5%), do sexo masculino, perfazendo 132 acidentes com média de 1,9 + 1,2 por pessoa, destes, em 109 (82,6%) prevaleceu contato com sangue e 91 (69%) foram causados por materiais perfuro-cortantes. A categoria profissional mais acometida foi a de Auxiliar de Enfermagem, representando 81% (n= 34) dos entrevistados desta função. Em 46,2% dos acidentes, os profissionais não usavam EPI e EPC durante a realização de procedimentos. Quanto ao treinamento para a utilização de EPI e EPC, 52,7% dos entrevistados não possuíam treinamento teórico e prático para manejo dos mesmos. Outro fato apurado foi que 48,6% (n=34) dos profissionais vitimados não tomaram medidas pós-acidente, como comunicação ao setor responsável, realização de exames ou uso de medicação profilática.
CONCLUSÕES:
Concluímos que a amostra analisada apresentou elevado número de acidentes com materiais de risco biológico, principalmente sangue, em grande maioria provocada por manipulação de perfuro-cortantes. Dos profissionais vitimados, destacam-se a grande percentagem do sexo feminino e a predominância da classe de Auxiliares de Enfermagem. Relevância deve ser dada aos valores encontrados pelo não uso de EPI e EPC no momento do acidente e não conhecimento de medidas profiláticas, assim como a negligência ao exercer suas funções sem a prevenção necessária. A subnotificação foi constatada além da ausência de medidas pós-acidentes. Os dados encontrados na literatura mundial a respeito dos acidentes biológicos envolvendo os profissionais da área da saúde são semelhantes aos dessa casuística no que diz respeito à atividade profissional mais envolvida nos acidentes, assim como às causas e aos tipos de acidentes.
Instituição de fomento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas-FAPEAL
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Acidentes de Trabalho; Risco Ocupacional; Contaminação Biológica.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006