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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

AVALIAÇÃO DA MARCHA COM DIFERENTES VELOCIDADES E ENCAIXES PROTÉTICOS NA AMPUTAÇÃO TRANSTIBIAL

Soraia Cristina Tonon  1
Gesilani Júlia da Silva Honório  1
Beatriz C. S. A. Rodrigues  1
Aluisio Otavio Vargas Ávila  1
Agenor Teixeira de Souza  2
(1. Universidade do Estado de Santa Catarina-UDESC/Laboratório de Biomecânica; 2. Ortopédica Catarinense/Blumenau/SC)
INTRODUÇÃO:

O contexto da amputação, de um modo geral, se constitui em um processo traumático para o amputado que precisa buscar reencontrar-se psicologicamente e socialmente. Várias são as dificuldades encontradas após uma amputação sendo que o processo de reabilitação pode transcorrer de forma rápida e eficaz, obtendo o indivíduo grande funcionalidade e independência, ou, do contrário, pode-se observar falhas na reabilitação que por sua vez comprometem-no em grau variável. É essencial que se saiba avaliar o paciente amputado, para que seu processo de reabilitação seja concluído de forma mais ampla possível, desenvolvendo principalmente independência e eficiência na marcha para a realização de suas atividades de vida diária. As amputações traumáticas acometem principalmente adolescentes e adultos jovens, os quais estão mais expostos a acidentes de trabalho e automobilísticos. As amputações transtibiais são aquelas realizadas entre a desarticulação tibiotársica e o joelho. O encaixe KBM (Kondylen Bettung Münster) foi desenvolvido em 1968 e ainda se constitui como a opção para o nível de amputação transtibial, uma vez que, proporciona uma boa estabilidade do joelho. Entretanto, novas tecnologias de materiais têm surgido no intuito de proporcionar maior conforto, segurança e adaptação na interface coto-prótese viabilizando maior estabilidade na marcha. O objetivo geral deste estudo foi de analisar a marcha na amputação transtibial acompanhando a troca de encaixe protético.

METODOLOGIA:

Participou da pesquisa um indivíduo do sexo feminino, com idade 24 anos, amputação transtibial unilateral á esquerda com tempo de ocorrência da amputação de 4 anos e uso de prótese de 3,6 anos. Utilizou-se uma ficha de avaliação para obtenção de dados relacionados à etiologia da amputação e processo de reabilitação. Para análise da marcha, utilizou-se uma plataforma de força AMTI (Advanced Mechanical Technology, Newton, MA, USA), modelo OR6-5-2000 com sensores baseados em células de carga do tipo strain gauge, e freqüência de aquisição de 600 Hz. O indivíduo caminhava sobre as plataformas de força com sua velocidade habitual sendo despendido um tempo para a sua adaptação. O indivíduo fora orientado sobre o estudo, assinando um termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo foi realizado no Laboratório de Biomecânica do CEFID-UDESC. A primeira avaliação aconteceu em abril de 2004, com prótese KBM e fixação distal em silicone. A segunda avaliação foi realizada em maio de 2004, com prótese de encaixe KBM com poliuretano e válvula de expulsão de ar. A terceira avaliação em outubro de 2004, fora realizada com a mesma prótese da segunda avaliação. Os dados foram analisados de forma descritiva através de gráficos e tabelas.

RESULTADOS:

Pode-se observar que o Primeiro Pico de Força (PPF) é influenciado pelo fator velocidade, sendo assim, o membro intacto na 2ª avaliação apresentou maior sobrecarga. A fase ativa da marcha ou Segundo Pico de Força (SPF) destacou um implemento na 2ª tentativa onde a participante havia trocado o encaixe protético para o tipo poliuretano e válvula de expulsão de ar. A Taxa de Aceitação do Peso (TAP) ou Gradiente de Crescimento foi maior para a 3ª avaliação no membro com prótese diferenciando das duas outras situações. Este fato ocorrido na 3ª avaliação pode estar relacionado há uma maior propriocepção da interface coto-encaixe aceitando assim maior carga no membro com prótese durante a marcha. Ressalta-se que o encaixe com válvula de expulsão de ar, condiciona o coto a ocupar os espaços dentro do poliuretano, pois o vácuo é proporcionado implementando esta interação. A maior cadência na terceira avaliação no membro com prótese está relacionada ao aumento da velocidade de caminhada. A cadência é considerada dentro da normalidade quando os valores estão entre 80 a 100 passos/minuto. No caso do membro com prótese, para a terceira avaliação, o valor foi superior a este intervalo. Quanto ao tempo do passo pode-se observar maior valor para o membro intacto tanto para a primeira como na terceira avaliação, isso pode ser um indicativo que revele uma disfunção no equilíbrio do individuo aumentando a permanência do membro intacto com o solo.

CONCLUSÕES:

Os dados sugerem que houve um incremento na velocidade da marcha considerando as três avaliações e a adaptação da paciente. Este fato pode estar relacionado a uma maior propriocepção na interface coto-encaixe pois na 3ª avaliação a mesma encontrava-se mais adaptada com o encaixe (expulsão de ar). Reações de defesa foram observadas na marcha através do menor tempo de contato no membro com prótese além de maior cadência.

Instituição de fomento: Universidade do Estado de Santa Catarina
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Marcha; Encaixe Protético; Amputação Transtibial.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006