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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional

ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM MULHERES COM NEOPLASIA INTRA EPITELIAL CERVICAL – UM ESTUDO DE CASO

Daniela Simoni Espíndola 1
Soraia Cristina Tonon 2
(1. Fisioterapeuta do Hospital de Caridade, Especialista em Saúde da Mulher / SC; 2. Prof. Ms. da Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC)
INTRODUÇÃO:

O Câncer de colo uterino é a segunda forma mais comum de câncer na mulher, sendo o primeiro, o câncer de mama. No Brasil, a neoplasia intra epitelial cervical é a quarta causa de morte por câncer em mulheres. O tratamento desta neoplasia maligna é realizado conforme o seu estadiamento, sendo este tratamento conservador ou cirúrgico. Principalmente quando o tratamento é cirúrgico, a fisioterapia exerce papel importante no auxílio à recuperação funcional da paciente no  pós-operatório. A confiança da paciente no médico e equipe de saúde envolvida é fundamental para que o sucesso terapêutico seja obtido. Neste contexto, a fisioterapia dispõe de recursos terapêuticos diversos que somam-se aos esforços dos profissionais da equipe interdisciplinar no tratamento da doença em si e sintomatologia causada por esta. As portadoras de câncer de colo uterino apresentam, de modo geral, queixas e complicações (decorrentes do próprio quadro clínico e processo cirúrgico) como: lombalgia, dor visceral, fadiga e dor muscular, edema, sensação de peso em membros inferiores, entre outros. Tais desconfortos podem ser amenizados através de técnicas e recursos fisioterapêuticos que contribuem para a melhora do bem estar geral e qualidade de vida destas mulheres. O objetivo geral deste estudo foi aplicar um plano de assistência fisioterapêutica direcionado às principais queixas e complicações de mulheres com neoplasia intra epitelial cervical.

METODOLOGIA:

O estudo teve como participante uma mulher, com idade de 45 anos, internada na unidade de oncologia da Maternidade Carmela Dutra, portadora de câncer de colo uterino, com estadiamento IIIb - IVa da doença. O estádio IIIb corresponde ao carcinoma que estende-se à parede lateral e/ou hidronefrose, já no estádio IVa ocorre invasão tumoral para os órgãos adjacentes, extra uterinos. No tratamento clínico da paciente em estudo foi utilizado radioterapia e braquiterapia associadas, além de quimioterapia. Foi realizada ainda, cirurgia paliativa de laparotomia. A paciente foi avaliada pela fisioterapia no 3o dia de pós-operatório, constatando-se que a mesma apresentava-se com: fraqueza generalizada, incluindo fraqueza de assoalho pélvico, tensão de músculos da região cervical, edema de membros inferiores e padrão ventilatório apical com discreto esforço respiratório.

A abordagem fisioterapêutica foi realizada utilizando cinesioterapia motora e respiratória, adequando o plano de assistência às necessidades da paciente. Os procedimentos contidos neste plano não tiveram contra-indicações, apenas foram modulados quanto à intensidade e duração dos mesmos. A terapêutica foi aplicada diariamente, totalizando dez sessões.

Por fim, foram reunidos todos os registros obtidos ao longo da aplicação da pesquisa,  e analisou-se os efeitos alcançados com a assistência realizada. Os dados da ficha de avaliação e da aplicação do plano de assistência foram analisados de forma qualitativa, através da classificação ordenada dos dados, na qual todas as informações foram reunidas, sendo comparadas entre si e por fim, analisadas.

RESULTADOS:

Em relação ao sistema muscular, houve melhora do quadro álgico e força de modo global, através da utilização de massoterapia, alongamento e fortalecimento dos grupos musculares de coluna cervical, cintura escapular e membros superiores e inferiores; com relato de bem-estar e tranqüilidade ao final da aplicação das técnicas fisioterapêuticas que visavam tal melhora. A condição muscular de assoalho pélvico obteve discreta melhora.

Não houve redução importante do edema de membros inferiores porém, a paciente relatava sensação de alívio e de redução de peso. Em relação à fadiga, foi relatado sensação de bem-estar e melhora da disposição para realizar atividades simples,  o que colaborou para melhora da auto-estima, visível pela paciente, familiares e terapeutas que realizaram o estudo. Os exercícios respiratórios proporcionaram alívio do desconforto causado pela dispnéia aos pequenos e médios esforços, auxiliando para a redução do esforço respiratório.

Os resultados deste estudo indicaram que os recursos fisioterapêuticos aplicados foram de grande valia para obtenção da melhora de sintomas e para prevenir complicações motoras e respiratórias; contribuindo na promoção e manutenção da melhora da qualidade de vida da paciente durante o período de internação.

                    

CONCLUSÕES:

Dentre as alterações relatadas e constatadas na paciente do presente estudo, o fisioterapeuta pode atuar, proporcionando alívio dos desconfortos decorrentes da evolução da doença. Inserido na equipe multidisciplinar e interdisciplinar que atuam no manejo curativo e paliativo destas pacientes, contribui na assistência à mulher portadora de câncer de colo uterino.

A abordagem fisioterapêutica utilizada foi, principalmente, de caráter paliativo devido ao estadiamento do câncer, e conseqüentemente ao prognóstico reservado.  O atendimento foi direcionado ao controle sintomático, objetivando a preservação da qualidade de vida da paciente, evitando a inatividade e recuperando funcionalmente de acordo com suas possibilidades físicas e emocionais.

 

 

 
Palavras-chave: câncer de colo uterino; fisioterapia; qualidade de vida.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006