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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
Estudos de interações intermoleculares em membranas lipídicas: co-reconstituição, atividades antioxidante e antitumoral

Melina Fernandes Figueiredo 1
Rober Rosso 1
Vânia Rodrigues de Lima 1, 2
Paulo César Leal 2
Rosendo Augusto Yunes 2
Tânia Beatriz Creczynski-Pasa 1
(1. Depto. de Ciências Farmacêuticas/UFSC; 2. Depto de Química/UFSC)
INTRODUÇÃO:

O estudo das interações entre compostos sintéticos e biomembranas tem importante aplicação no desenvolvimento de biossensores, bem como nos sistemas de liberação prolongada de fármacos. Estruturas lipídicas tornam-se interessantes, pois viabilizam a passagem de fármacos antitumorais através da barreira hematoencefálica. Lipossomo é um modelo importante para este tipo de estudo, pois apresenta estrutura similar as membranas celulares. O estresse oxidativo, que tem como conseqüência a geração de espécies reativas de oxigênio (EROS), está relacionado a causa ou agravamento de várias doenças humanas. As EROS podem danificar importantes macromoléculas biológicas podendo causar a morte celular. As membranas lipídicas são importantes alvos de EROS. Os lipossomos podem sofrer ação de EROS, alterando suas propriedades físico-químicas, tal como a fluidez. Em trabalho anterior demonstramos a atividade antioxidante e antileucêmica de derivados do ácido gálico. A atividade antileucêmica destes compostos parece estar associada a lipofilicidade das moléculas. Justificando-se assim o estudo das interações entre lipídeos e tais compostos. Neste trabalho i) foi analisado o percentual de incorporação de um derivado do ácido gálico, o galato de octila, em lipossomos de fosfatidilcolina de soja; ii) foi monitorada a estabilidade dos lipossomos frente a peroxidação lipídica induzida por peroxinitrito e ascorbil.

                       

METODOLOGIA:

Os lipossomos de fosfatidilcolina de soja foram obtidos pelo método de extrusão. O galato de octila foi incorporado durante a formação da camada bilipídica. A detecção da concentração incorporada foi obtida através da cinética de liberação do composto dos lipossomos, após tratamento da membrana com Triton X-100, e monitoramento espectrofotométrico a 277hm. O radical ascorbil foi produzido através da reação entre 0,025 mM de FeSO4 e 0,50mM de ácido ascórbico no meio de reação. O peroxinitrito foi sintetizado pelo método “quenched-flow”. Nesse sistema são misturadas soluções de peróxido de hidrogênio em ácido clorídrico, nitrito de sódio e hidróxido de sódio. A peroxidação lipídica foi induzida pelas espécies reativas já citadas, em um meio contedo ainda lipossomos e 10mM de tampão Tris-HCl, pH 7.4. A extensão do dano oxidativo nas membranas foi avaliada através da detecção de substâncias que reagem com o ácido tiobarbitúrico (TBARS). O potencial antioxidante do galato de octila foi avaliado em sua forma incorporada aos lipossomos (co-reconstituído), bem como quando adicionado em concentrações crescentes no meio de reação.

 

RESULTADOS:

 O rendimento de galato de octila a partir da concentração inicial de 0.2 mM, foi de 14 % (28 ± 1 µM). A forma incorporada de galato de octila apresentou um potencial antioxidante 14,5 % maior do que na forma não incorporada, contra a ação do radical ascorbil (p< 0,001). Em relação ao peroxinitrito, o índice de proteção obtido pelo derivado de ácido gálico quando na forma incorporada, foi aproximadamente 2 % maior do que quando na forma adicionada ao meio reacional (p< 0,001). A concentração de galato de octila adicionado ao meio que inibe em 50% os índices de peroxidação lipídica induzida por ascorbil foi de 25±2μM. Para experimentos com peroxinitrito, tal concentração aumentou para 132±6μM. Isto indica um maior potencial antioxidante do galato de octila contra a peroxidação lipídica induzida por radical ascorbil, quando comparado ao dano causado por peroxinitrito nas membranas.

 

CONCLUSÕES:

A concentração de galato de octila incorporada nos lipossomos foi de 14%, da concentração inicial adicionada no preparo das vesículas. A eficiência do derivado de ácido gálico como antioxidante, contra a peroxidação lipídica induzida por radical ascorbil e peroxinitrito, aumentou quando apresentada na forma incorporada aos lipossomos. Quando adicionado em concentrações crescentes ao meio de reação, o galato de octila apresentou ação antioxidante mais eficiente contra o dano causado por radical ascorbil nas membranas. Os resultados sugerem uma relação entre o grau de interação do galato de octila com a membrana e seu potencial antioxidante. A proteção do galato de octila contra o efeito de espécies reativas pode estar associada ao seu mecanismo antitumoral. 

 

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave:  lipossomos; antioxidantes; antitumorais.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006