Quanto mais distantes do ano de 1964, momento em que o Brasil viveu um golpe de  Estado que pós fim à democracia, mais se tem acesso a informações, documentos e depoimentos de pessoas que viveram, lutaram, desapareceram ou morreram durante a Ditadura Militar.  Diante de tal situação, este trabalho teve como objetivo principal o estudo de memórias da Ditadura Militar no Rio Grande do Norte.  A pesquisa procurou suprir, pelo menos parcialmente, a carência de conhecimentos relativos ao período estudado no estado.   Nesse sentido, este trabalho procurou dar voz às interpretações pessoais daqueles que foram calados ou que não tiveram espaços de ressonância de suas versões sobre o assunto estudado.

Para trabalhar com as fontes deste trabalho utilizou-se da história oral como ferramenta metodológica.  A história oral lida com os relatos orais, com as versões dos entrevistados sobre o assunto que se pretende estudar, ou seja: essas versões são, elas próprias, o objeto de análise. Assim, estabelece-se uma relação entre a memória de cada indivíduo e a construção da história.  Partindo-se dessas referências, desenvolveram-se o contato com os entrevistados.  Selecionaram-se indivíduos que vivenciaram a Ditadura Militar em várias cidades do Rio Grande do Norte, notadamente na região sertaneja do estado, o Seridó Potiguar.

Os depoimentos coletados nas entrevistas mencionam repressão e até espancamento de estudantes ocorridos em cidades do Sertão Potiguar; havendo casos de estudantes que tiveram que deixar o país, e outros que permanecem  desaparecidos até hoje. As versões dos entrevistados também revelam que os estudantes da região não estavam bem organizados em movimentos contestatórios, mas que tiveram suas ações e liberdades tolhidas durante a Ditadura Militar em vários momentos de suas vidas enquanto estudantes e jovens.

A Ditadura Militar no sertão potiguar não foi tão pacífica e aceita como o desconhecimento e o silêncio pode levar a crer, haja vista o Rio Grande do Norte ser um estado localizado distante dos centros de maior resistência. As entrevistas lançaram uma luz sobre a História do período, e estão disponíveis ao público no Laboratório de Documentação Histórica (LABORDOC), como também na Biblioteca Central Zila Mamede, ambos na UFRN.