Este trabalho aporta-se em um modelo didático-pedagógico fundamentado na compreensão para a comunicação.

Implica, portanto, em demonstrar a forma como a compreensão[1] para a comunicação se revelou junto a um grupo de estudantes de comunicação, a partir da estruturação de projetos de pesquisa apoiados na perspectiva do modelo teórico dos Estudos Culturais ,nas atividades desenvolvidas na disciplina Teorias da Comunicação do segundo ano de graduação do curso de Comunicação Social.

Assim sendo, presto minha contribuição ao polarizar este trabalho no aprimoramento da capacidade da compreensão para a comunicação na formação de profissionais da Comunicação Social, promovendo junto aos alunos o exercício da investigação científica, envolvendo-os em discussões relativas às próprias experiências enquanto indivíduos ativos em uma sociedade mediada pelos meios de comunicação de massa.E mais, no âmbito das teorias da comunicação, reafirmar junto aos alunos que investigar é aprimorar o conhecimento.

A realização deste trabalho, entretanto, está subordinado aos procedimentos metodológicos que mais se identificam com a proposta. Ao considerar, por exemplo, que a pessoa que internaliza um determinado conjunto de sinais, ao interagir com grupos culturais particulares, constrói um tipo de compreensão do mundo.

Para exemplificar a evolução da produção textual/redacional dos projetos elaborados, foram selecionados cinco (05), dos nove (09) projetos realizados pelos alunos do segundo ano de graduação,turma de 2004.

Para fins de avaliação e demonstração do que se propôs ao longo deste trabalho, foram extraídos trechos dos projetos elaborados e apresentados pelos alunos, considerados significativos, que expressavam em parte a essência do que se buscava nesta investigação e os elementos identificados para a composição do quadro de referências didático-pedagógicas que corroboraram na construção de um modelo teórico-metodológico voltado à formação de comunicadores. Foram amostras selecionadas, que contribuíram com os resultados alcançados durante o percurso da investigação.Optamos por destacar três (3) tópicos, dos oito (8) que compunham o modelo que adotamos a saber, introdução, justificativa e pressuposto teórico. Observou-se, ainda, os instrumentos/indicadores que os alunos desenvolveram para avaliação das práticas culturais difundidas pelos meios de comunicação e a relação dessas com suas experiências cotidianas.

Nesta proposta os alunos apreendem que a teoria é um conhecimento que serve ao processo de investigação como um sistema organizado de proposições, que orientam a obtenção de dados e a análise dos mesmos, e de conceitos que ordenam os objetos e veiculam seu sentido, que ordenam os processos e fixam melhor o recorte do que deve ou não ser examinado e construído e se classificam segundo funções, ou sejam, funções cognitivas ou de apreensão, funções pragmáticas ou operativas e funções comunicativas, compreensíveis aos interlocutores participantes da mesma área de interesse.

A essa altura os alunos já cursaram disciplinas constituídas por esquemas teóricos como é o caso de disciplinas como a Filosofia, Sociologia, que compõem a grade curricular do curso. Nota-se que a aproximação com o conteúdo dessas disciplinas provoca uma mudança não tão expressiva, porém, singular no vocabulário dos estudantes. A mudança, no nível da linguagem, ocorre, a saber, primeiro na forma oral de expressão e, somente depois, perceptível e verificável na forma textual/redacional, quando na estruturação do projeto de pesquisa. Uma mudança do estado subjetivo da compreensão para o estado objetivo .

Esta proposta de introduzir o aluno de graduação em comunicação, no universo da reflexão e da abstração como aporte didático, o incentiva, em primeira instância, à prática da produção científica, neste caso a estruturação do projeto de pesquisa no campo da Comunicação, pois ao elaborarem seus projetos de pesquisa os alunos iniciam um processo de “provocação investigativa” sob a perspectiva dos Estudos Culturais,  enquanto modelo teórico, compreendendo, a princípio, que cada corrente teórica tem seu próprio acervo de conceitos.

Desta forma, os alunos passam também a compreender que os conceitos teóricos não são simples jogos de palavras. Como qualquer linguagem, devem ser construídos recuperando as dimensões históricas e até ideológicas de sua elaboração e para entendê-los, necessitam se apropriar do contexto em que foram gerados e das posições dos outros autores que ora dialogam ou se opõem.

E mais, o conhecimento envolve busca e opção por alguma direção, com base nas experiências vividas no nosso cotidiano. Quando acreditamos ser possível alcançar determinado fim nossos passos devem ser criteriosamente registrados porque se tornarão, com certeza, referenciais teórico-metodológicos de grande valia para o ensino e para a aprendizagem.