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F. Ciências Sociais Aplicadas - 5. Arquitetura e Urbanismo - 2. Paisagismo e Projetos de Espaços Livres Urbanos
DIRETRIZES PARA PROJETOS PAISAGÍSTICOS ACESSÍVEIS
Osnildo Adão Wan-Dall Junior 1
Mirelle Papaleo Koelzer 1
Vera Helena Moro Bins Ely 1
Juliana Castro Souza 1
Vanessa Goulart Dorneles 1
(1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA / UFSC)
INTRODUÇÃO:

Os espaços públicos livres exercem importantes funções nas cidades, já que atuam como elementos organizadores do espaço, agentes socializadores, elevam a qualidade de vida da população, entre outros. Devido ao seu suposto caráter democrático, nesses espaços toda e qualquer pessoa deveria ter seu acesso garantido.

Porém, barreiras físicas, informativas e atitudinais dificultam ou até mesmo impedem o uso de algumas parcelas da população, descaracterizando o conceito de espaço público. Frente a essa realidade, é responsabilidade dos arquitetos a elaboração de espaços acessíveis, que permitam a participação de todos, garantindo assim uma das condições fundamentais para a inclusão social: a acessibilidade espacial.

Nesse contexto, o Desenho Universal se apresenta como uma ferramenta de projeto, pois considera a diversidade humana na elaboração dos espaços e seus componentes. Portanto, para a correta elaboração de um espaço público livre acessível, é necessário o conhecimento das deficiências e restrições apresentadas pelos diversos usuários, bem como as suas necessidades espaciais e a busca de soluções projetuais que as contemplem.

A escolha adequada das espécies vegetais e dos materiais de revestimento, de piso, entre outros, é muito importante, pois, à medida que exploram o uso dos sentidos humanos, promovem estímulos sensoriais aos usuários.
METODOLOGIA:

Para a sistematização do conhecimento teórico necessário, foram desenvolvidos três tipos de tabelas: Tabelas de Restrição, Fichas de Levantamento de Vegetação e Fichas de Levantamento de Materiais.

As primeiras classificam as restrições (físico-motora, psico-cognitiva e sensorial) apresentadas pelos usuários, identificando suas necessidades espaciais conforme os componentes de acessibilidade (uso, deslocamento, orientação/informação e comunicação). Para cada necessidade espacial, foram elaboradas sugestões projetuais que contemplam as exigências da NBR 9050 (Norma Brasileira de Acessibilidade 9050) e se fundamentam na filosofia do Desenho Universal.

As Fichas de Levantamento de Vegetação classificam as espécies vegetais, que foram divididas em cinco categorias (árvores, arbustos, trepadeiras, herbáceas e forrações), de acordo com sua aplicação arquitetônica. Nelas, foram identificados os atributos sensoriais (formais, funcionais e temporais) presentes nos vegetais.

As Fichas de Levantamento de Materiais reconhecem as características sensoriais dos materiais utilizados na composição de projetos, classificando-os de acordo com seus atributos sensoriais (formais e funcionais) e de execução. Fazem parte das fichas, ainda, sugestões de onde usar e quando evitar os referidos materiais.

RESULTADOS:

Ao término do trabalho foram desenvolvidas Tabelas de Restrição, que classificam onze tipos de restrições apresentadas pelos usuários, que são: 1) membros inferiores - cadeirante e muletante; 2) membros superiores - ausência, força e coordenação; 3) sensorial - visual total, visual parcial, auditiva total, auditiva parcial e equilíbrio; 4) cognitiva - fala e compreensão. As soluções projetuais acessíveis foram ilustradas na forma de croquis.

Nas Fichas de Levantamento de Vegetação foram catalogadas cento e cinqüenta espécies vegetais, previamente escolhidas, que se adequam ao clima da região de Florianópolis e têm fácil disponibilidade no mercado.

A classificação dos materiais foi totalizada em cinqüenta Fichas de Levantamento de Materiais, em que foram catalogados diversos materiais naturais e artificiais de revestimento de piso, paredes, mobiliário, entre outros.

Tanto as Fichas de Levantamento de Vegetação como as Fichas de Levantamento de Materiais foram compiladas em forma de CD-room. O material resultante será disponibilizado aos estudantes e profissionais interessados na elaboração de projetos paisagísticos acessíveis, sendo, portanto, importante instrumento de pesquisa para a comunidade acadêmica e a sociedade em geral.

CONCLUSÕES:

Os espaços públicos são categorias fundamentais na configuração da cidade, principalmente porque promovem a socialização dos indivíduos.

O projeto de um espaço público deve considerar a diversidade de seus usuários, oferecendo-lhes condições de igualdade, e sendo acessível a todos, permitindo o deslocamento de seus usuários e sua participação com segurança, conforto e autonomia nas diversas atividades realizadas.

A acessibilidade espacial é condição fundamental para a inclusão social. Mesmo assegurada por leis e decretos, muitas vezes é prejudicada pela falta de conhecimento por parte dos arquitetos das necessidades específicas dos usuários com diferentes capacidades e habilidades. As Tabelas de Restrição surgem no sentido de preencher essa lacuna.

Em busca da inclusão social, o Paisagismo pode colaborar na integração dos usuários com o espaço, já que esses terão igual participação, podendo brincar com a água, sentir o aroma das flores, entre outros.

Assim, o conhecimento das deficiências e restrições apresentadas pelos usuários e a identificação dos atributos sensoriais presentes na vegetação e nos materiais são fundamentais na elaboração de projetos de espaços públicos acessíveis.
Instituição de fomento: Secretaria de Educação Superior (SESu)
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Espaço Público; Desenho Universal; Paisagismo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006