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G. Ciências Humanas - 5. História - 8. História Regional do Brasil
A HISTÓRIA NA COMUNIDADE DE PESCADORES DO BALBINO
Patrícia Pereira Xavier  1, 2
(1. Universidade Federal do Ceará/UFC; 2. Departamento de História)
INTRODUÇÃO:
No início do século XX, em Fortaleza, a praia passa a ser encarada pelos moradores da cidade, de uma maneira diversa da que vinha sendo até então. Começam os banhos de mar (por orientação médica ou por diversão) a cidade volta-se para o oceano. Essa mudança de atitude traria conseqüências para toda a extensão litorânea cearense. Já nos anos 80, o turismo incentivado por políticas governamentais, mudaria definitivamente a rotina das pequenas comunidades costeiras. Balbino, comunidade de pescadores a 52 Km da Capital do Ceará, Município de Cascavel, faz parte desse espaço do território cearense, e é o objeto desse estudo. Inserida no contexto de ocupação e uso do território, a pesquisa é um estudo de caso, que, para além da história oficial, procura investigar de que forma os moradores dessa pequena comunidade entendem a sua história. A ocupação e o uso do território cearense, já foi o objeto de estudo de muitos historiadores, desde a geração de Capistrano de Abreu, contudo o litoral do Ceará ainda carece de um estudo mais aprofundado de seus usos e costumes. Partindo desse principio, acredito estar contribuindo para uma parte dos estudos relacionados a esse assunto. No sentido de preservação do meio-ambiente litorâneo, bem como, contribuindo para a manutenção da memória dos povos do mar e de seu território.
METODOLOGIA:

Utilizando principalmente a fonte oral (HISTORIA ORAL), a convivência com os moradores do Babino surge da oportunidade de participar de um projeto de extensão intitulado: “Formação e apoio à Associação dos Moradores de Balbino (Município de Cascavel-CE): memória, comunicação e desenvolvimento sustentável”. É a partir dessa convivência, que as questões que serão mais ou menos pertinentes para a comunidade, bem como, os meus objetivos começam a aflorar. Seguindo a pista dos pontos levantados pelos moradores, três entrevistas de moradores antigos, reportagens em jornais e documentos elaborados por Organizações Não Governamentais, são as fontes principais utilizadas durante a pesquisa.

O cruzamento das fontes, e a participação nos trabalhos com a comunidade são os caminhos percorridos, procurando sanar as necessidades do estudo em questão.

RESULTADOS:

É partindo dessas memórias que as questões de identidade, uso do espaço, o trabalho e as várias temporalidades vão surgindo. Trabalhando com os documentos acima citados, foi interessante notar como no Balbino não existe uma história, mas várias histórias. As narrativas sobre o início e ocupação do lugar se entrecruzam. Vários são os pontos levantados pelos moradores quando questionados sobre sua História. Nesse instante surgem às várias temporalidades: o tempo em que o Balbino tinha índios, tempo em que o Balbino era mato, tempo em que tinham duas famílias no Balbino: Os “Balbinos” e os “Faustinos”. Outra via de acesso a essas temporalidades são os relatórios. Quando consultamos um relatório elaborado pelo instituto TERRAMAR em parceria com o departamento de Geografia da UFC, onde está registrado que o Babino era um quilombo, e que por ter uma vegetação fechada, funcionava como um bom esconderijo, percebemos que a questão da ocupação é bem mais complexa do que imaginávamos. Quanto ao uso do espaço, as narrativas sempre apontam para o perigo de que o Balbino se transforme em um local onde exista o turismo de massa, contudo, boa parte da comunidade (principalmente os jovens) vê esse tipo de acontecimento como proveitoso já que a geração de renda trará empregos. Ainda com relação ao uso do espaço, nos jornais na década de 80, foi possível analisar uma série de reportagens envolvendo uma apropriação irregular da terra no Babino.

CONCLUSÕES:

A partir dos objetivos traçados e dos resultados acima expostos, é possível inferir que apesar de algumas migrações terem acontecido de forma esporádica, a maioria dos moradores que hoje vive no Balbino, tiveram pais e algumas vezes avós que nasceram e viveram no lugar. Foi possível perceber, como uma recorrência, tanto nas entrevistas como nas reportagens e outros documentos, a presença do índio na composição étnica da comunidade. Com relação à posse da terra, a organização de uma associação de moradores ajudou a fazer com que a História do lugar fosse diferente de outras praias próximas, onde hoje os pescadores moram distantes da praia, e os condomínios de veraneio e os hotéis de luxo tomam conta da paisagem.

Instituição de fomento: Programa de Educação Tutorial - PET - SESu/MEC
 
Palavras-chave: memória; litoral; especulação imobiliária.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006