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C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 6. Morfologia
ULTRAESTRUTURA DA GLÂNDULA MANDIBULAR NAS DIFERENTES CASTAS DE Melipona quadrifasciata anthidioides (HYMENOPTERA, APIDAE).
Max Pereira Gonçaves 1, 2
Fabrício Ávila Rodrigues 2
Adílson Ariza Zacaro 2
(1. Universidade Vale do Rio Doce / UNIVALE; 2. Universidade Federal de Viçosa / UFV)
INTRODUÇÃO:

A glândula mandibular tem várias funções, dentre elas a produção de feromônio. Em rainhas de Melipona sp., esta glândula produz vários feromônios que atuam com função de alarme, defesa, atração de zangões e oerárias, estabilização do agrupamento do enxame, estímulo da operária para forrageamento e marcação de áreas de congregação.

Colônias expostas á extratos da glândula mandibular comportam-se como se a rainha estivesse presente, ocorrendo inibição do desenvolvimento ovariano nas operárias e nas outras rainhas. O zangão é atraído pelas rainhas virgens para o acasalamento quando expostos ao extrato da glândula mandibular em distância de 60m, em distâncias menores, a glândula funciona ainda como afrodisíaca, estimulando o zangão.

A quantidade de feromônio produzida pelas rainhas e, consequentemente, os efeitos dessas secreções, dependem da idade da rainha, se foi fecundada ou não, da hora do dia e da estação do ano.

O papel da glândula mandibular nas interações entre rainhas e operárias de Apis mellifera é bem estudado, porém em abelhas sem ferrão sua função é pouco documentada. Como a glândula mandibular tem papel importante na cópula, uma vez que atrai zangões e estimula a cópula entre rainha e zangão, este trabalho tem por objetivo comparar aspectos morfológicos da glândula mandibular de rainhas virgens, operárias e machos de M. quadrifasciata anthidioides.

 

METODOLOGIA:

Foram coletados 6 espécimes recém emergidos de cada casta de M. quadrifasciata anthidioides, obtidos de colônias do Apiário Central da Universidade Federal de Viçosa (Minas Gerais, Brasil). Os espécimes foram coletados de favos de cria removidos das colônias e mantidos em B.O.D. a 28ºC e observados diariamente para detecção de rainhas, operárias e zangões recém-emergidos.

Os espécimes foram coletados logo após emergir, foram dissecados em tampão Cacodilato (0,1M, pH 7,2) e fixados em glutaraldeído (2,5%). Posteriormente à fixação, lavou-se o material em tampão Cacodilato por 2 horas. O material foi desidratado em série alcoólica crescente, 50%, 60%, 70%, 80%, 90%, 95% e 97% (15 minutos cada um) e 2 banhos de 15 minutos em álcool 100%. Posteriormente o material foi colocado no CPD (Critical Point Drier, marca/modelo) Balzers Union CPD020, para desidratação total. Após atingir o ponto crítico o material foi colocado em Stub e pulverizado no metalizador (marca/modelo) FDU010 acoplado ao SCA010 para análise no microscópio eletrônico de varredura (marca/modelo) LEO 1430VP, sendo feita 50 medições superficial da área das células secretoras usando o programa image-pro plus 4.5, obtendo-se posteriormente as médias das mesmas.

A fase do CPD, a pulverização em ouro e a análise no microscópio eletrônico de varredura foram realizadas no Núcleo de Microscopia e Microanálise da Universidade Federal de Viçosa.

RESULTADOS:

A morfologia superficial da glândula mandibular de M. quadrifasciata anthidioides é semelhante nas diferentes castas. É constituída por um grupo de células secretoras compactas, com forma que varia de arredondada a oval, sendo conectadas por ductos a um reservatório. As células secretoras com seus respectivos ductos formam uma unidade secretora.

A área média das células secretoras em rainhas foi de 315,8µm2, nos machos 669,7µm2; enquanto nas operárias encontrou-se 504,7 µm2. Nos machos recém-emergidos foi observado uma área maior que nas outras castas, 20% maior que as operárias e o dobro das rainhas.

CONCLUSÕES:

Existe uma variação na área das células secretoras que formam as glândulas mandibulares, nos machos recém emergidos estas células possuem uma área maior, enquanto nas rainhas é menor. As células secretoras são esféricas a ovais, possuem um ducto individual que se conectam entre si formando ductos maiores, até alcançarem o reservatório.

Nos machos a glândula mandibular está relacionada com a produção de feromônio e após o acasalamento o macho morre. Com isso, provavelmente a produção da secreção da glândula em machos seja maior e ocorre principalmente no recém-emergido, diminuindo a sua produção com a maturidade. Provavelmente ocorre acúmulo das secreções no reservatório, e como existe competição entre machos por acasalamento, aquele que acumular maior quantidade pode ter maior sucesso na cópula. Este fato justifica as células secretoras serem mais desenvolvidas em glândulas mandibulares de machos.

As operárias têm, dentre outras, a função de alimentar as larvas, o que corrobora sua glândula mandibular ser mais desenvolvida do que em rainhas. Nas rainhas a função dessa glândula é atrair o macho, pelo qual ela não precisa competir com outras rainhas.

 
Palavras-chave: Glândula Mandibular; Melípona; morfologia.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006